ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

POLÍCIA CIVIL - REMANEJO DE DELEGADOS PROVOCA PROTESTO NO INTERIOR DO RS

MUDANÇAS NA POLÍCIA. Remanejo de delegados gera protestos no Interior. Para reforçar cidades com mais crimes, 20 DPs perderam titulares menos de um ano após nomeação - JOSÉ LUÍS COSTA, ZERO HORA 11/05/2011


As localidades com maior volume de crimes precisam ter mais policiais. Com essa justificativa em mente, a Polícia Civil está remanejando delegados, inclusive os recém-empossados em pequenos municípios do Interior. A medida busca fortalecer a corporação em cidades onde há comarcas do Poder Judiciário e delegacias com plantão permanente, mas desagrada a comunidades que perderam delegados meses após eles serem nomeados.

– Somos polícia judiciária, e é muito importante estarmos mais próximo da Justiça para acelerar pedidos de busca, de prisão, apresentação de presos – justifica o chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Junior.

A reformulação deixou acéfala DPs em cerca de 20 cidades que haviam recebido delegado a partir de outubro. Os 199 delegados que integravam a nova turma foram distribuídos conforme a necessidade e critérios da época. Mas a nova administração da Polícia Civil entende que DPs que registram menos de 3 mil ocorrências por ano – ou 10 por dia – não têm necessidade de um delegado fixo, e determinou o remanejo.

Uma das cidades que se sentem prejudicadas pelas remoções é São Nicolau. No município de 5,7 mil habitantes na região das Missões, ninguém é assassinado desde 2009, e a DP registra 800 atendimentos por ano. Depois de quase duas décadas sem delegado na DP – há dúvidas se teve algum um dia – a comunidade comemorou a chegada de um novo titular, Ramiro de Ávila Peres. Mas a alegria durou pouco.

– Era um rapaz novo, trabalhador, chegou aqui e logo se integrou. Para nós, a saída foi um prejuízo muito grande. Como administrador, quero avanços para a cidade, e isso é um atraso. É o mesmo que hospital sem médico – lamenta o prefeito Benone de Oliveira Dias.

Chefia tenta reforço de pelo menos 30 candidatos

Com números de registros e de moradores semelhantes a São Nicolau, Erval Grande, na Região Norte, enfrenta o mesmo problema. O prefeito Amélio Kwiecinski resigna-se com a saída.

– A gente até entende que municípios maiores têm mais problemas, mas o delegado iria contribuir muito para nossa segurança – protesta.

Surpreendido com a transferência do delegado depois de 15 anos sem titular na DP de Nova Palma, com 7 mil habitantes na Região Central, o prefeito Elder Grendene procurou a Secretaria de Segurança Pública, sem sucesso:

– Ajudamos a delegacia com computadores, manutenção predial, corte de grama, e agora estamos lutando para trazer um delegado de volta.

Para diminuir o desconforto com os prefeitos, o delegado Mário Wagner, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), afirma que a Chefia de Polícia está empenhada em obter autorização do Estado para chamar 30 dos 87 candidatos que estão aptos a fazer o curso de formação.

As alterações

- Segundo a chefia da Polícia Civil, a prioridade da remoção é nomear delegados titulares para delegacias da Polícia Civil instaladas nas 164 cidades que são sedes de comarca da Justiça. Atualmente, apenas um município, Ivoti, no Vale do Sinos, estaria sem delegado titular, mas a questão deve ser resolvida nos próximos dias.

- Outra justificativa para a mudança é fortalecer as Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPAs), que ficam sempre de portas abertas e necessitam de quatro delegados para as escalas de plantão de 24 horas.

- Com o reforço nas DPPAs, melhora a capacidade de serviços da polícia como agilidade na lavratura de flagrantes e coleta imediata de provas para a investigação, além de incrementar as equipes que auxiliarem em operações especiais.

- O processo de remanejo tende a ajudar a uma futura integração entre a Polícia Civil e Brigada Militar, divididas territorialmente em áreas de atuação semelhantes. A ideia é antiga, mas incipiente, que depende de estudos técnicos e esbarram e questões estruturais. Enquanto a Polícia Civil está dividida em 29 regiões; a BM, em 16.

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