Mais feroz, onda de seis anos atrás atingiu também órgãos públicos - HUMBERTO TREZZI
O início do surto de terrorismo que acomete São Paulo nesta segunda quinzena de junho se assemelha aos ataques de maio de 2006 cometidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) e que encurralaram a população paulistana. Acontece que, alguém já disse, a história só se repete como farsa.
Não há termos de comparação entre a avassaladora onda de assassinatos, sequestros, incêndios, atentados a bomba e assaltos a banco ocorridos há seis anos e os atentados praticados agora.
É que os ataques de 2012 vitimaram policiais militares e ônibus. Foram seis PMs mortos em 14 dias e cinco ônibus incendiados. Em 2006, só em maio, o PCC assassinou 40 policiais civis, militares e agentes penitenciários, num claro ato de vingança contra o isolamento imposto ao seu líder máximo, Marcos Camacho, o Marcola.
Além disso, ocorreram 251 ataques com bombas incendiárias e explosivas contra agências bancárias, câmaras de vereadores, delegacias de polícia, postos da PM e até contra ambulâncias. Tudo isso em maio. Ondas menores de atentados ocorreram em julho e agosto daquele ano.
Agora há uma grande diferença na intensidade dos ataques. Em 14 dias, seis policiais militares morreram durante a folga e três bases da PM foram atacadas. A Polícia Civil investiga e cogita que o estopim, no momento, tenha sido a transferência de Roberto Soriano, um dos chefes do PCC, do presídio de Presidente Venceslau (média seguridade) para o presídio de Presidente Bernardes (de alta segurança).
Soriano não é Marcola nem tem seu status no “Partido” (como o PCC é chamado pela bandidagem). Por isso, os atentados não seriam discriminados. O PCC também teria optado por atacar alvos diretos (PMs com os quais mantém rivalidade) e apenas atrapalhar o trânsito na cidade (com incêndios de ônibus). O ataque a policiais seriam também vingança pela morte de seis bandidos pela Rota, a tropa de elite da PM paulista, durante assalto a um supermercado, em maio.
Para major da reserva, única certeza é a premeditação
ZH ouviu Olímpio Gomes, major da reserva da PM e deputado estadual pelo PDT de São Paulo. Ele diz que ainda não há definição se os ataques foram cometidos pelo PCC. A única certeza é que há premeditação:
– Foram captados grampos de integrantes do PCC mandando evitar ataques a policiais em serviço, “porque o Zé Povinho fica contra a gente”, fala o marginal.
Gomes estava na ativa em 2006 e acredita que não há como se repetir aquela onda de atentados. Isso porque os policiais agora foram alertados pelo próprio governo do risco que correm.
Outra hipótese é investigada pela Polícia Civil, a de que policiais-bandidos estejam incendiando os ônibus para fazer segurança nas empresas de transporte. Mesmo corruptos, dificilmente policiais executariam policiais. Já são 40 PMs mortos neste ano. Em 2011, foram assassinados 47 em todo o ano.
Para comparar
O início do surto de terrorismo que acomete São Paulo nesta segunda quinzena de junho se assemelha aos ataques de maio de 2006 cometidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) e que encurralaram a população paulistana. Acontece que, alguém já disse, a história só se repete como farsa.
Não há termos de comparação entre a avassaladora onda de assassinatos, sequestros, incêndios, atentados a bomba e assaltos a banco ocorridos há seis anos e os atentados praticados agora.
É que os ataques de 2012 vitimaram policiais militares e ônibus. Foram seis PMs mortos em 14 dias e cinco ônibus incendiados. Em 2006, só em maio, o PCC assassinou 40 policiais civis, militares e agentes penitenciários, num claro ato de vingança contra o isolamento imposto ao seu líder máximo, Marcos Camacho, o Marcola.
Além disso, ocorreram 251 ataques com bombas incendiárias e explosivas contra agências bancárias, câmaras de vereadores, delegacias de polícia, postos da PM e até contra ambulâncias. Tudo isso em maio. Ondas menores de atentados ocorreram em julho e agosto daquele ano.
Agora há uma grande diferença na intensidade dos ataques. Em 14 dias, seis policiais militares morreram durante a folga e três bases da PM foram atacadas. A Polícia Civil investiga e cogita que o estopim, no momento, tenha sido a transferência de Roberto Soriano, um dos chefes do PCC, do presídio de Presidente Venceslau (média seguridade) para o presídio de Presidente Bernardes (de alta segurança).
Soriano não é Marcola nem tem seu status no “Partido” (como o PCC é chamado pela bandidagem). Por isso, os atentados não seriam discriminados. O PCC também teria optado por atacar alvos diretos (PMs com os quais mantém rivalidade) e apenas atrapalhar o trânsito na cidade (com incêndios de ônibus). O ataque a policiais seriam também vingança pela morte de seis bandidos pela Rota, a tropa de elite da PM paulista, durante assalto a um supermercado, em maio.
Para major da reserva, única certeza é a premeditação
ZH ouviu Olímpio Gomes, major da reserva da PM e deputado estadual pelo PDT de São Paulo. Ele diz que ainda não há definição se os ataques foram cometidos pelo PCC. A única certeza é que há premeditação:
– Foram captados grampos de integrantes do PCC mandando evitar ataques a policiais em serviço, “porque o Zé Povinho fica contra a gente”, fala o marginal.
Gomes estava na ativa em 2006 e acredita que não há como se repetir aquela onda de atentados. Isso porque os policiais agora foram alertados pelo próprio governo do risco que correm.
Outra hipótese é investigada pela Polícia Civil, a de que policiais-bandidos estejam incendiando os ônibus para fazer segurança nas empresas de transporte. Mesmo corruptos, dificilmente policiais executariam policiais. Já são 40 PMs mortos neste ano. Em 2011, foram assassinados 47 em todo o ano.
Para comparar
MAIO DE 2006 - No dia 11 daquele mês, 765 presos ligados ao PCC foram transferidos para Presidente Venceslau, presídio na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul. Longe dos familiares, eles se amotinaram. O líder máximo deles, Marcola, foi isolado. Em represália, bandidos executaram 40 agentes da lei (policiais e guardas penitenciários). Os quadrilheiros incendiaram ainda mais de 90 ônibus e realizaram 251 ataques. No contra-ataque, policiais mataram 109 pessoas, entre criminosos e suspeitos de ligações com eles.
JULHO DE 2006 - O PCC lidera nova onda de ataques, com 320 assaltos, queimas de ônibus e atentados a bomba. Diminui o número de agentes da lei mortos (oito).
AGOSTO DE 2006 - Na terceira onda de ataques do PCC, são praticados 254 atentados a bancos, postos da PM, ônibus e delegacias. Outros oito agentes da lei são assassinados.
JUNHO DE 2012 - A transferência de um líder do PCC para um presídio de segurança máxima e a morte de seis bandidos executados pela PM provoca represálias dos quadrilheiros. Seis PMs são assassinados em duas semanas, três bases da PM atingidas por tiros e cinco ônibus incendiados.
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