A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
ESQUARTEJADORES E VÍTIMAS
BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Quinta-feira, 14 de Junho de 2012.
Estamos em uma espécie de momento de suspensão, no qual, antes de encontrar uma fórmula de cessar as consecutivas tragédias, vamos convivendo com detalhes de crimes brutais e sem explicação mínima.
Ilhados por uma avalanche de violência, vamos convivendo com crimes revestidos de requintes de crueldade que se sucedem sem que se vislumbre alguma possibilidade de compreensão, entendimento e solução. Estamos em uma espécie de momento de suspensão, no qual, antes de encontrar uma fórmula de cessar as consecutivas tragédias, vamos convivendo com detalhes de crimes brutais e sem explicação mínima.
A esquartejadora continua brilhando nas manchetes enquanto outras mulheres e crianças figuram no noticiário como vítimas. Nossa primeira reação é cobrar ação dos órgãos de segurança pública. Enquanto cobramos, vamos tentando entender alguns episódios no qual temos um cadáver, mas não conhecemos os detalhes da morte. Se, foi morte natural, homicídio ou mais um dos tantos latrocínios que pululam no noticiário. Junto a esses temos os desaparecidos, incontáveis cidadãos que simplesmente somem como que tragados por forças demoníacas.
A polícia deve uma explicação, por exemplo, a família de Cristiane Oliveira de Oliveira que simplesmente foi tragada por alguma força estranha no dia 27/10/11. O marido está oferecendo uma recompensa de 25 mil reais como forma de incentivo à população para que passe alguma informação a Polícia Civil. O caso está parado na delegacia responsável pela investigação. O marido continua totalmente sem apoio e sem espaço, implorando aos responsáveis pela segurança pública de nosso Estado que demonstrem minimamente a intenção de resolver o mistério do desaparecimento de uma mulher que saiu de casa de bicicleta, sem bolsa ou mochila, que demonstrasse intenção de fugir e que simplesmente evaporou em uma das ruas do bairro Restinga, em Porto Alegre.
O desespero de Rodrigo Velloso de Freitas marido de Cristiane, já não é vivido pelos alunos do professor Vilson Reali, que desapareceu no dia 19 deste mês após ser visto pela última vez por vizinhos no bairro Cidade Baixa, na Capital, onde residia. Professor de filosofia, história, religião e sociologia na Escola Estadual de Ensino Médio Roque Gonzáles, Reali não era casado e nem tinha filhos. Ele falou com uma vizinha e teria dito que "iria caminhar antes que o sol ficasse forte". A preocupação começou depois do meio-dia. Ele não compareceu a um almoço que havia combinado com uma ex-colega. Dois dias depois, a inquietação se ampliou. Depois de enviar mensagens ao celular de Reali, implorando por informações, as colegas de trabalho conseguiram contato pelo celular do professor. Segundo elas, um homem atendeu e disse que comprou o celular de um hippie, na avenida Borges de Medeiros. Em tentativa de novo contato por celular, o número já estava desabilitado. Os parentes, alunos e colegas se mobilizaram na tentativa inútil de encontrar o querido professor. Seu corpo foi encontrado no rio Guaíba, na última segunda-feira. Agora, os familiares e amigos já podem enterrar o corpo de Vilson, mas ainda resta a verdadeira história sobre sua morte. Como e porque morreu o professor da Escola Roque Gonzáles? Ele não era rico, sequer tinha amigos "importantes".
Qual será o nível de determinação da polícia para desvendar o mistério quanto à causa de sua morte? E, quanto à dona Cristiane Oliveira qual é a posição da polícia gaúcha? É difícil mensurar, sem cometer equívocos, a disposição das forças de investigação do Estado para desvendar crimes envoltos por mistérios quanto às motivações e forma quando não estamos diante de cadáveres de pessoas famosas ou membros de famílias de alto poder aquisitivo. Onde está Cristiane? Quem matou, e porque o professor Vilson? Com a palavra o governo do Rio Grande! A conferir!
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