ZERO HORA, 28 de junho de 2012 | N° 17114
FORÇA-TAREFA AMPLIADA
Reforço da BM até setembro
Apesar do aumento do policiamento, homicídios cresceram em três de cinco cidades metropolitanas - LETÍCIA COSTA
Embora o reforço de policiais militares em áreas conflagradas de cinco cidades da Região Metropolitana ainda não tenha se refletido na diminuição de homicídios, a Secretaria da Segurança Pública decidiu prorrogar por mais dois meses o trabalho da força-tarefa da Brigada Militar. A previsão inicial era de que os 200 soldados, sargentos e tenentes deslocados do Interior ficassem até meados de junho em Porto Alegre, Alvorada, Cachoerinha, Gravataí e Viamão. Agora, os PMs permanecerão até setembro no combate aos homicídios nesses municípios.Em maio, os assassinatos cresceram em três das cinco cidades que receberam reforço de policiamento, na comparação com o mesmo período de 2011, conforme dados oficiais divulgados esta semana pela SSP (veja gráfico ao lado). A diferença é ainda mais significativa se levado em consideração o fato de que os PMs do Interior atuaram em apenas 21 dias do mês passado – a força-tarefa de combate aos homicídios teve início no dia 11 de maio.
Mas um levantamento mais atualizado da SSP indica que os homicídios já estariam recuando. Segundo o secretário Airton Michels, a decisão de manter por mais tempo os 75 PMs em Porto Alegre e 125 PMs nas demais cidades está baseada no resultado dos números de assassinatos entre 11 de maio e 11 de junho.
– Decidimos renovar a permanência da BM porque os indicativos mostram uma diminuição de 11,9% nesse período – afirma Michels.
Segundo o comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu, a intenção é manter os mesmos 200 PMs na força-tarefa, em razão da experiência já adquirida.
Não houve aumento de crimes nas cidades que cederam PMs
As principais cidades das regiões Sul, Central, Missões e Fronteira Oeste – de onde foram trazidos os PMs para reforçar o policiamento na Região Metropolitana – não apresentaram crescimento nos indicadores de criminalidade. Esse aspecto também está em estudo pelas autoridades.
– Até agora se sabe que os PMs não estão fazendo falta em nenhum município – disse Michels.
Para o soldado Leonel Lucas, presidente da entidade que representa os cabos e soldados da BM, não houve preparação suficiente para os policias militares transferidos do Interior.
– Faltou um trabalho de informação de onde há maior número de ocorrências, sobre as áreas, sobre os marginais que atuam em cada região. Só distribuíram os policiais nos municípios, sem que eles tivessem conhecimento da origem dos problemas – critica.
ENTREVISTA
“Temos de reduzir mais homicídios”
Airton Michels Secretário da Segurança Pública
Em entrevista a ZH, o secretário reconhece que o número de assassinatos ainda é alto no Estado. Leia trechos da conversa:
Zero Hora – Mesmo com o reforço de efetivo da BM na Capital e em Alvorada, Cachoeirinha, Viamão e Gravataí, o número de homicídios aumentou 44% nessas cidades. Como o senhor avalia esse fato?
Airton Michels – O tempo para fazer uma avaliação é curto. Realmente houve o aumento e por isso estamos fazendo esse esforço. No ano passado houve uma redução pequena no índice de homicídios em todo Estado, cerca de 20 mortes a menos. Não é motivo para eufemismo, nem nada, ainda temos de reduzir mais. O que ocorre é que neste ano nos surpreendemos com o aumento de 25% em média, em todo Estado.
ZH – Os principais municípios das regiões que cederam efetivo para a força-tarefa apresentaram, em geral, uma diminuição na maioria dos crimes. Isso era esperado?
Michels – Tiramos muito pouco de cada cidade, tínhamos certeza de que não iria afetar em nada a operacionalidade prevista. Não iríamos tentar melhorar os índices de umas cidades ao preço de outras. Planejamos para que isso não ocorresse.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Quanto vezes vamos comentar nos blogs que as soluções para a segurança pública não estão apenas na intensificação do policiamento de contenção.A solução depende de medidas muito mais amplas e complexas, já que só ações táticas policiais são insuficientes para reduzir os níveis de criminalidade. É preciso atingir as causas de impunidade, impedir o acesso a armas de guerra, desmontar as organizações criminosas, iniibir as oportunidades para o cometimento de delitos, restabelecer o controle e o domínio nas cadeias, aplicar as leis, fazer respeitar as leis, cumprir as leis, fortalecer a autoridade e seus agentes, agilizar a justiça e integrar as leis penais e civis, começando pela punição dos crimes de menor potencial ofensivo, pelo cerco à lavagem de dinheiro, por penas elevadas aos corruptos e aplicação de penas temidas sem benefícios parciais, penas em um sexto ou regimes brandos e portas abertas para fugas, complementadas pela indenização das vítimas e pela devolução rápida de bens roubados.
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