ZERO HORA 12 de agosto de 2013 | N° 17520
LEGÍTIMA DEFESA, Policial respondia a processo por atingir, em 2011, agricultor durante confronto com sequestradores
Protagonista de uma operação policial atrapalhada, que resultou em duas mortes, o delegado Leonel Carivali foi inocentado pela Justiça pela morte do agricultor Lírio Persch em dezembro de 2011, quando era responsável pela 1ª Delegacia Regional Metropolitana, com sede em Gravataí. A juíza Eda Salete Zanatta de Miranda, da 1ª Vara Criminal do município, entendeu que o policial agiu em legítima defesa quando atirou contra o carro em que estavam dois reféns e os criminosos.
Na decisão, tomada na quinta-feira, a magistrada afirmou que testemunhas declararam que Carivali agiu “para se defender, já que estava desprotegido, de frente para a ocorrência, e diante de um indivíduo armado, que gesticulava na sua direção”. Ontem, a reportagem tentou falar com Carivali, mas não conseguiu contato.
A perícia constatou que foram disparados três tiros de pistola calibre .40, que acertaram o lado direito traseiro do veículo. Um disparo acertou a vítima nas costas. A juíza também diz na sentença que “bem se percebe que os disparos foram efetuados de modo a atingir parte não letal do corpo do sequestrador que havia saído armado do automóvel, já que a altura em que alcançou o veículo deixa evidente tal assertiva, o que corrobora a versão apresentada pelo denunciado Leonel.”
Absolvido sumariamente (quando o juiz, em processos submetidos ao tribunal do júri, entende que não houve crime, que o acusado não participou do crime, que o fato não constitui infração penal ou que ficou demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão de crime), Carivali foi excluído do processo.
A decisão é em primeira instância e cabe recurso. A promotora responsável pelo caso, Juliana Gavião, já foi comunicada e ainda não decidiu se vai recorrer ou não. Os outros denunciados seguem como réus na ação penal.
Em março de 2012, a Justiça aceitou denúncia de 12 pessoas envolvidas na morte de Persch, entre eles Carivali, por homicídio qualificado. Oito criminosos foram acusados de formação de quadrilha armada e extorsão mediante sequestro com morte e dois delegados e um investigador paranaenses, de “omissão penalmente relevante com relação ao crime de extorsão mediante sequestro” (por não terem evitado o crime quando podiam evitá-lo).
NATACHA GOMES
ENTENDA O CASO. Falta de comunicação entre forças policiais atrapalhou operação
- Na noite de 20 de dezembro de 2011, três policiais civis da unidade antissequestro da polícia paranaense chegam ao Rio Grande do Sul para investigar uma quadrilha que atraía ao Estado agricultores paranaenses, os mantinha em cárcere privado e pedia dinheiro pelo resgate.
- Quando os agentes chegam a Gravataí, recebem a missão adicional de fazer buscas a um suposto cativeiro. Em viatura discreta, percorrem as ruas durante a madrugada. No bairro Morada do Vale II, cruzam com o sargento da BM Ariel da Silva, que estava de folga e em uma motocicleta.
- Após desconfiança mútua, houve troca de tiros. Silva foi atingido por cinco disparos e morreu. Os policiais paranaenses tiveram prisão preventiva decretada e uma segunda equipe do Paraná, com quatro agentes, chega a Gravataí para continuar a busca aos reféns, dessa vez seguidos pela Polícia Civil gaúcha.
- A Brigada Militar não é informada da ação. Os carros discretos dos policiais civis chamam a atenção de moradores, que ligam para o 190. PMs abordam os policiais na Rua Doutor Luiz Prado. Em seguida, um Corsa com placas procuradas pelos agentes começa a sair de ré da garagem de um sobrado. Eram os sequestradores que deixavam o local com os reféns, após receberem dinheiro do resgate.
- Os policiais correm em direção à casa. Carivali afirmou que um dos criminosos atirou contra ele, que revidou. Um dos tiros atingiu e matou Lírio Persch, agricultor gaúcho radicado no Paraná.
LEGÍTIMA DEFESA, Policial respondia a processo por atingir, em 2011, agricultor durante confronto com sequestradores
Protagonista de uma operação policial atrapalhada, que resultou em duas mortes, o delegado Leonel Carivali foi inocentado pela Justiça pela morte do agricultor Lírio Persch em dezembro de 2011, quando era responsável pela 1ª Delegacia Regional Metropolitana, com sede em Gravataí. A juíza Eda Salete Zanatta de Miranda, da 1ª Vara Criminal do município, entendeu que o policial agiu em legítima defesa quando atirou contra o carro em que estavam dois reféns e os criminosos.
Na decisão, tomada na quinta-feira, a magistrada afirmou que testemunhas declararam que Carivali agiu “para se defender, já que estava desprotegido, de frente para a ocorrência, e diante de um indivíduo armado, que gesticulava na sua direção”. Ontem, a reportagem tentou falar com Carivali, mas não conseguiu contato.
A perícia constatou que foram disparados três tiros de pistola calibre .40, que acertaram o lado direito traseiro do veículo. Um disparo acertou a vítima nas costas. A juíza também diz na sentença que “bem se percebe que os disparos foram efetuados de modo a atingir parte não letal do corpo do sequestrador que havia saído armado do automóvel, já que a altura em que alcançou o veículo deixa evidente tal assertiva, o que corrobora a versão apresentada pelo denunciado Leonel.”
Absolvido sumariamente (quando o juiz, em processos submetidos ao tribunal do júri, entende que não houve crime, que o acusado não participou do crime, que o fato não constitui infração penal ou que ficou demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão de crime), Carivali foi excluído do processo.
A decisão é em primeira instância e cabe recurso. A promotora responsável pelo caso, Juliana Gavião, já foi comunicada e ainda não decidiu se vai recorrer ou não. Os outros denunciados seguem como réus na ação penal.
Em março de 2012, a Justiça aceitou denúncia de 12 pessoas envolvidas na morte de Persch, entre eles Carivali, por homicídio qualificado. Oito criminosos foram acusados de formação de quadrilha armada e extorsão mediante sequestro com morte e dois delegados e um investigador paranaenses, de “omissão penalmente relevante com relação ao crime de extorsão mediante sequestro” (por não terem evitado o crime quando podiam evitá-lo).
NATACHA GOMES
ENTENDA O CASO. Falta de comunicação entre forças policiais atrapalhou operação
- Na noite de 20 de dezembro de 2011, três policiais civis da unidade antissequestro da polícia paranaense chegam ao Rio Grande do Sul para investigar uma quadrilha que atraía ao Estado agricultores paranaenses, os mantinha em cárcere privado e pedia dinheiro pelo resgate.
- Quando os agentes chegam a Gravataí, recebem a missão adicional de fazer buscas a um suposto cativeiro. Em viatura discreta, percorrem as ruas durante a madrugada. No bairro Morada do Vale II, cruzam com o sargento da BM Ariel da Silva, que estava de folga e em uma motocicleta.
- Após desconfiança mútua, houve troca de tiros. Silva foi atingido por cinco disparos e morreu. Os policiais paranaenses tiveram prisão preventiva decretada e uma segunda equipe do Paraná, com quatro agentes, chega a Gravataí para continuar a busca aos reféns, dessa vez seguidos pela Polícia Civil gaúcha.
- A Brigada Militar não é informada da ação. Os carros discretos dos policiais civis chamam a atenção de moradores, que ligam para o 190. PMs abordam os policiais na Rua Doutor Luiz Prado. Em seguida, um Corsa com placas procuradas pelos agentes começa a sair de ré da garagem de um sobrado. Eram os sequestradores que deixavam o local com os reféns, após receberem dinheiro do resgate.
- Os policiais correm em direção à casa. Carivali afirmou que um dos criminosos atirou contra ele, que revidou. Um dos tiros atingiu e matou Lírio Persch, agricultor gaúcho radicado no Paraná.
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