ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

FORMA DE PÔR POLICIAIS NAS RUAS


‘O ato administrativo foi uma forma de eu pôr policiais nas ruas’, diz Erir. Coronel faz balanço de seu período à frente da PM do Rio

VERA ARAÚJO
O GLOBO
Atualizado:5/08/13 - 23h56

O comandante da PM do Rio, Erir Costa Filho, em foto de 21 de junho de 2013 
Gabriel de Paiva / Agência O Globo


RIO - Com a voz falhando por conta do estresse, ex-comandante-geral da PM diz o que enfrentou nos últimos meses. O coronel Erir Ribeiro Costa Filho foi exonerado do comando da corporação no fim da tarde desta segunda-feira, após reunião com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Leia a íntregra da entrevista abaixo:

Como o senhor avalia o resultado do policiamento feito pela PM nos últimos dois meses?

Até hoje eu estou sem voz. Tenho certeza de que foi um sucesso em todos os eventos. Eu tinha um cobertor curto. O ato administrativo foi uma forma de eu pôr policiais nas ruas. Em agradecimento, eu relevei. Os policiais trabalharam muito. A sociedade percebeu que a instituição Polícia Militar trabalhou dobrado para cobrir os eventos, sem ocorrer problemas.

E as manifestações? Não houve excessos?

Foi uma situação nova para todo o país. Acho que tem que ter manifestação, mas o ato de vandalismo pegou todo mundo de surpresa. Nós queríamos acertar, por isso tentei discutir ideias com o deputado Marcelo Freixo (PSOL). Como o movimento não tem lideranças, queríamos nos aproximar deles. Somos seres humanos. Cometemos erros e acertos. A PM não se recolheu para deixar o circo pegar fogo. Isso nós não fizemos. Temos policiais da inteligência dentro do movimento. Isso ocorre no mundo inteiro.

Os policiais que cometeram excessos também tiveram punições perdoadas?

Não. Isso ainda está sendo apurado. Se a sindicância apontar os culpados, certamente serão punidos por isso.

Mas no início das manifestações houve uso excessivo do gás lacrimogêneo?

Se não pudermos usar o gás ou munição não letal, vamos usar o quê? Se o policial militar bater com o cassetete, ele sairá na primeira página dos jornais. Temos os cavalos, por exemplo, porque eles impõem respeito. Quem é que vai ficar na frente do cavalo. São usados no mundo inteiro. Estamos reaprendendo com os protestos. Temos que reconhecer isso.

O que o senhor acha da desmilitarização da PM?

Sou a favor da desmilitarização, mas não queremos o nosso regulamento. Se tirar o regulamento, será excelente. Teremos sindicatos e todos os benefícios que as pessoas normais têm. É justamente este regulamento que faz o policial extrapolar as horas de trabalho, bater continência, ficar fardado. Não quero ficar com este ônus.

O que o senhor pretende fazer agora?

Pôr o chinelo e beber minha cervejinha num bar. Todos sabem que sempre quis ser da Associação dos Oficiais Militares do Estado do Rio.

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