LETÍCIA COSTA
REPÓRTER NA SEGURANÇA
Em nove das 17 vias percorridas não havia soldados nos dois turnos analisados pela reportagem
Um teste ZH realizado durante dois dias em Porto Alegre – à tarde e durante a madrugada – confirmou o que as estatísticas sugerem: faltam policiais nas ruas. Conforme a própria Brigada Militar, há nos batalhões da Capital apenas 2.860 (62%) dos 4.605 PMs previstos, uma defasagem de 1.746 PMs.
Na última sexta-feira de julho, entre meia-noite e 2h, uma equipe de reportagem encontrou apenas quatro viaturas circulando com as luzes das sirenes acesas – duas no mesmo ponto – durante um trajeto de 64 quilômetros. A presença da polícia era pouco perceptível em áreas onde há constantes registros de assaltos a postos de combustíveis, por exemplo.
Enquanto nenhum PM foi visto a pé durante a madrugada, no teste realizado à tarde, na sexta-feira, 2 de agosto, eles foram predominantes. Concentrados principalmente na Região Central, 10 policiais estavam circulando ou parados em pontos com colegas. Durante o trajeto das vias analisadas, foram vistos PMs em quatro viaturas e em quatro motocicletas. Mesmo mais presente à luz do dia do que durante a madrugada, o policiamento ostensivo nas ruas não melhorou se comparado ao mesmo teste feito no ano passado.
Em uma tarde de setembro, também foram encontrados PMs em quatro viaturas e quatro motocicletas. Havia sete policias a pé e dois a cavalo. Desta vez, não foram localizados integrantes do Regimento de Polícia Montada (RPMon).
Há um ano, em ronda semelhante, a reportagem avistou quatro viaturas e nenhum policial militar à pé na cidade durante o começo da madrugada de uma terça-feira.
De acordo com o Comando de Policiamento da Capital (CPC), as rondas diárias são caracterizadas por pelo menos dois PMs em viaturas – um motorista e outro patrulheiro – e o uso do giroflex, que permite a identificação da viatura com mais facilidade.
O tenente-coronel Eviltom Pereira Diaz, porta-voz da Brigada Militar, ressalta que houve a inclusão de 2.432 novos soldados no Estado em abril, mas ainda faltam mais de 12 mil para fechar o número previsto. Atualmente, 12% do efetivo total atua em Porto Alegre. A média de viaturas usadas à noite, segundo o comando, é de 50 a 60 veículos.
– Optamos por usar o policiamento motorizado, que tem mais mobilidade – explica o coronel João Diniz Prates Godoi, chefe do Comando de Policiamento da Capital.
Para tentar prevenir e repreender assaltos a postos de combustíveis, furtos e roubos de veículos, o CPC adota operações com barreiras, chamadas de Pré-Sal, Esforço Concentrado e Força Tática, em diferentes regiões da cidade.
CONTRAPONTO
O que diz o coronel João Diniz Prates Godoi, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Conforme o comandante, os novos integrantes da BM incrementam ações nos Territórios de Paz e em operações de combate aos crimes mais comuns. O oficial diz:
– Empregamos todo efetivo que temos no policiamento. Esses 547 policiais que recebi melhoraram bastante a segurança.
Godoi argumenta que o teste não permite uma visão geral do policiamento. Na madrugada do teste, havia 53 viaturas no policiamento, sendo que 31 estavam em ocorrências. Conforme a Brigada, houve a inclusão de 2.432 soldados no Estado em abril, mas ainda faltam 12 mil para alcançar o número do efetivo previsto pela corporação.
REPÓRTER NA SEGURANÇA
Em nove das 17 vias percorridas não havia soldados nos dois turnos analisados pela reportagem
Um teste ZH realizado durante dois dias em Porto Alegre – à tarde e durante a madrugada – confirmou o que as estatísticas sugerem: faltam policiais nas ruas. Conforme a própria Brigada Militar, há nos batalhões da Capital apenas 2.860 (62%) dos 4.605 PMs previstos, uma defasagem de 1.746 PMs.
Na última sexta-feira de julho, entre meia-noite e 2h, uma equipe de reportagem encontrou apenas quatro viaturas circulando com as luzes das sirenes acesas – duas no mesmo ponto – durante um trajeto de 64 quilômetros. A presença da polícia era pouco perceptível em áreas onde há constantes registros de assaltos a postos de combustíveis, por exemplo.
Enquanto nenhum PM foi visto a pé durante a madrugada, no teste realizado à tarde, na sexta-feira, 2 de agosto, eles foram predominantes. Concentrados principalmente na Região Central, 10 policiais estavam circulando ou parados em pontos com colegas. Durante o trajeto das vias analisadas, foram vistos PMs em quatro viaturas e em quatro motocicletas. Mesmo mais presente à luz do dia do que durante a madrugada, o policiamento ostensivo nas ruas não melhorou se comparado ao mesmo teste feito no ano passado.
Em uma tarde de setembro, também foram encontrados PMs em quatro viaturas e quatro motocicletas. Havia sete policias a pé e dois a cavalo. Desta vez, não foram localizados integrantes do Regimento de Polícia Montada (RPMon).
Há um ano, em ronda semelhante, a reportagem avistou quatro viaturas e nenhum policial militar à pé na cidade durante o começo da madrugada de uma terça-feira.
De acordo com o Comando de Policiamento da Capital (CPC), as rondas diárias são caracterizadas por pelo menos dois PMs em viaturas – um motorista e outro patrulheiro – e o uso do giroflex, que permite a identificação da viatura com mais facilidade.
O tenente-coronel Eviltom Pereira Diaz, porta-voz da Brigada Militar, ressalta que houve a inclusão de 2.432 novos soldados no Estado em abril, mas ainda faltam mais de 12 mil para fechar o número previsto. Atualmente, 12% do efetivo total atua em Porto Alegre. A média de viaturas usadas à noite, segundo o comando, é de 50 a 60 veículos.
– Optamos por usar o policiamento motorizado, que tem mais mobilidade – explica o coronel João Diniz Prates Godoi, chefe do Comando de Policiamento da Capital.
Para tentar prevenir e repreender assaltos a postos de combustíveis, furtos e roubos de veículos, o CPC adota operações com barreiras, chamadas de Pré-Sal, Esforço Concentrado e Força Tática, em diferentes regiões da cidade.
CONTRAPONTO
O que diz o coronel João Diniz Prates Godoi, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Conforme o comandante, os novos integrantes da BM incrementam ações nos Territórios de Paz e em operações de combate aos crimes mais comuns. O oficial diz:
– Empregamos todo efetivo que temos no policiamento. Esses 547 policiais que recebi melhoraram bastante a segurança.
Godoi argumenta que o teste não permite uma visão geral do policiamento. Na madrugada do teste, havia 53 viaturas no policiamento, sendo que 31 estavam em ocorrências. Conforme a Brigada, houve a inclusão de 2.432 soldados no Estado em abril, mas ainda faltam 12 mil para alcançar o número do efetivo previsto pela corporação.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Se a análise fosse de acordo com a necessidade da população da capital e não em relação aos efetivos previstos e existentes da Brigada Militar, faltariam muito mais policiais ostensivos em Porto Alegre e nas demais cidades gaúchas. Na realidade, esta defasagem tem origem na aposentadoria dos policiais que é maior do que a entrada; nos pedidos de baixa devido aos baixos salários; e nos desvios de policiais para funções totalmente diferentes para as quais foram formados, treinados, qualificados e capacitados.
De nada adianta integrar novos policiais se eles continuam sendo desviados para gabinetes dos políticos; para a SSP; para os presídios em funções que são exclusivas dos agentes penitenciários; para o MP; para o Judiciário; para a Fazenda; e para cumprir tarefas federais na Força Nacional de Segurança, entre outras. Parece que os governantes, legisladores, magistrados, promotores públicos não estão nada preocupados com a segurança do povo, cuja conivência e fomento aos desvio vêm estimulando distorções salariais, desmotivação na tropa, facciosismo e crescimento da defasagem, independente de novos concursos e novos integrantes.
Outro detalhe é o fato do comando priorizar o policiamento motorizado, uma estratégia que tira os policiais dos postos e locais estratégicos para atender ocorrências, cuja demanda é enorme. Uma análise do NYPD verificou este óbice, passando a adotar critérios operacionais para a patrulhas motorizadas, dividindo-as em patrulha de posto e patrulha de resposta-rápida, a primeira fixada em espaço delimitado (responsabilidade territorial) e a segunda dedicada ao atendimento de ocorrências em grandes espaços. Foi uma das formas encontrada para não tirar as guarnições motorizadas dos locais de risco e do perímetro determinado para o seu trabalho, além de priorizar o patrulhamento a pé, montado e de bicicleta.
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