Comandante da Polícia Militar do Rio é exonerado. Erir Ribeiro concedeu anistia a policiais que receberam punições administrativas desde o início de sua gestão
05 de agosto de 2013 | 19h 40
Felipe Werneck - O Estado de S. Paulo
O coronel Erir Ribeiro Costa Filho, que ocupava o cargo de comandante da Polícia Militar do Rio desde outubro de 2011, foi exonerado na noite desta segunda-feira, 5 de agosto, após uma reunião de duas horas com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. A decisão ocorreu dois dias após a divulgação pela imprensa de um boletim interno da PM, distribuído apenas entre oficiais na última quinta-feira, em que o comandante concede anistia aos policiais que receberam punições disciplinares desde o início de sua gestão - o benefício também vale para PMs presos.
Costa Filho e Beltrame não deram entrevista após a reunião e o nome do novo comandante da PM não foi anunciado. Será o quinto desde o início do governo de Sérgio Cabral (PMDB), em janeiro de 2007. Erir ficou um ano e dez meses à frente da corporação. Atingido por uma série de denúncias de violência policial e de prisões arbitrárias durante as manifestações iniciadas em junho, o coronel usou o perfil oficial da Polícia Militar no Twitter para criticar a atuação de membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), acusando-os de "prejudicar o trabalho da PM". Ele também telefonou para o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) durante manifestação que terminou em depredações não impedidas por policiais no Leblon, zona sul, discutiu com ele e depois afirmou no Twitter que Freixo "recusou-se a apoiar a PM". Para o deputado, que preside a comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa fluminense, a queda era inevitável. "Acho que o coronel Erir agiu com muito pouca inteligência à frente da PM. Não basta ser honesto, isso é obrigação de qualquer cidadão. Espero que o sucessor saiba dialogar com a sociedade", comentou Freixo.
A Secretaria de Segurança divulgou uma nota protocolar após a reunião com uma declaração de Beltrame: "Mudanças fazem parte do processo de gestão e devem ser vistas com naturalidade. Quero ressaltar o trabalho e a integridade do comandante Costa Filho, além de seu amor à corporação que comandou." No domingo, após a divulgação do cancelamento de punições aplicadas aos PMs, o secretário havia criticado a medida e afirmado que aguardava uma explicação. "Da maneira que foi comunicado eu particularmente não gostei e aguardo da PM uma explicação palatável e plausível sobretudo para a população", disse Beltrame na ocasião.
No boletim reservado em que cancela as punições a policiais militares, Costa Filho elogiou a atuação da PM nas manifestações. A decisão dele "releva o cumprimento das punições disciplinares que foram aplicadas aos PMs desde o dia 4 de outubro de 2011 até a presente data (quinta-feira, 1.º de agosto)". No sábado, a PM afirmara em nota que "a anistia não inclui os casos cometidos durante as manifestações" e que a medida se refere a "casos como atraso no serviço, faltas ou ausências não justificadas". Ainda de acordo com a corporação, "a dispensa do cumprimento da prisão de detenção se refere ao fato de a PM ter cumprido escalas mais extenuantes nos últimos dois meses". No entanto, nada disso está detalhado na decisão de Costa Filho publicada no boletim reservado da PM. De acordo com a PM, "cerca de 450 policiais punidos por infrações leves (falta, atraso, ausência não justificada) serão beneficiados". A secretaria informou que a medida será avaliada pelo próximo comandante.
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