ZERO HORA 11 de agosto de 2013 | N° 17519
ENTREVISTA. “Desmilitarizar é tirar a hierarquia e a disciplina”
Coronel reformado da PM do Distrito Federal há 17 anos, Jair Tedeschi diz temer que a desmilitarização da polícia enfraqueça a hierarquia e a disciplina que sustentam a instituição há mais de 200 anos. Em entrevista, Tedeschi falou sobre mudanças na formação da polícia brasileira.
Zero Hora – São cada vez mais frequentes os questionamentos sobre a ação policial. O Brasil precisa repensar o seu modelo?
Jair Tedeschi – A sociedade se rebela contra o cerceamento de qualquer direito. E esquece que tem dever. Ela quer ter o direito de se manifestar da forma mais livre possível, então inventou a nova bandeira da desmilitarização. A Polícia Militar recebeu essa denominação por causa da sua criação, mas hoje é muito mais cidadã. É uma força militar reserva do Exército para ser empregada numa situação extrema, mas está à disposição do Estado. Ela vem se transformando cada vez mais numa polícia cidadã.
ZH – Então o senhor é contra a desmilitarização?
Tedeschi – Desmilitarizar é tirar a hierarquia e a disciplina. Você tem uma instituição como a Brigada Militar aí no Sul, e a Polícia Militar, que são bicentenárias e estão vivas até hoje porque são calcadas em hierarquia e disciplina.
ZH – Mesmo no modelo que está posto, o treinamento da polícia poderia ser menos voltado para o enfrentamento?
Tedeschi – O treinamento militar acabou. Se você pegar hoje o currículo de formação de qualquer academia vai encontrar matérias realmente muito mais voltadas para o social. Hoje nos quartéis não existe mais esse negócio de ficar em forma, de fazer educação física, de treinar tiro. À exceção das unidades de choque, que são um pouco mais aquarteladas.
ZH – E qual sua opinião sobre a unificação das polícias civil e militar?
Tedeschi – Falando como cidadão, não como policial, quero uma polícia que me proteja. Quero ter uma entidade que me defenda, que esteja na rua evitando crime e que esteja apurando crime. Se for uma polícia única, tudo bem. Acho bom unificar, mas será que todo mundo aceita? No início de Brasília, nos anos 60, era uma polícia única, a Guarda Especial de Brasília. Depois é que se separou. Poderia ter sido um embrião, mas não foi essa a ideia. Se funciona? Funcionou naquele período.
ENTREVISTA. “Desmilitarizar é tirar a hierarquia e a disciplina”
Coronel reformado da PM do Distrito Federal há 17 anos, Jair Tedeschi diz temer que a desmilitarização da polícia enfraqueça a hierarquia e a disciplina que sustentam a instituição há mais de 200 anos. Em entrevista, Tedeschi falou sobre mudanças na formação da polícia brasileira.
Zero Hora – São cada vez mais frequentes os questionamentos sobre a ação policial. O Brasil precisa repensar o seu modelo?
Jair Tedeschi – A sociedade se rebela contra o cerceamento de qualquer direito. E esquece que tem dever. Ela quer ter o direito de se manifestar da forma mais livre possível, então inventou a nova bandeira da desmilitarização. A Polícia Militar recebeu essa denominação por causa da sua criação, mas hoje é muito mais cidadã. É uma força militar reserva do Exército para ser empregada numa situação extrema, mas está à disposição do Estado. Ela vem se transformando cada vez mais numa polícia cidadã.
ZH – Então o senhor é contra a desmilitarização?
Tedeschi – Desmilitarizar é tirar a hierarquia e a disciplina. Você tem uma instituição como a Brigada Militar aí no Sul, e a Polícia Militar, que são bicentenárias e estão vivas até hoje porque são calcadas em hierarquia e disciplina.
ZH – Mesmo no modelo que está posto, o treinamento da polícia poderia ser menos voltado para o enfrentamento?
Tedeschi – O treinamento militar acabou. Se você pegar hoje o currículo de formação de qualquer academia vai encontrar matérias realmente muito mais voltadas para o social. Hoje nos quartéis não existe mais esse negócio de ficar em forma, de fazer educação física, de treinar tiro. À exceção das unidades de choque, que são um pouco mais aquarteladas.
ZH – E qual sua opinião sobre a unificação das polícias civil e militar?
Tedeschi – Falando como cidadão, não como policial, quero uma polícia que me proteja. Quero ter uma entidade que me defenda, que esteja na rua evitando crime e que esteja apurando crime. Se for uma polícia única, tudo bem. Acho bom unificar, mas será que todo mundo aceita? No início de Brasília, nos anos 60, era uma polícia única, a Guarda Especial de Brasília. Depois é que se separou. Poderia ter sido um embrião, mas não foi essa a ideia. Se funciona? Funcionou naquele período.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Será que não há na Brigada Militar, um Coronel capaz de ser entrevistado pela Zero Hora sobre questões das polícias militares?
O Coronel entrevistado se equivoca ao afirmar que o treinamento militar, a prática de tiro e a educação física não são importantes na atividade militar. O treinamento militarizado é importante pela formação disciplinar, respeito à hierarquia, cadeia de comando e liderança, pelo planejamento tático e pelas técnicas de operações utilizadas no enfrentamento diário da criminalidade e na segurança e controle de distúrbios. Quanto à prática de tiro e educação física, é um absurdo que diga que elas foram extintas, já que são capacitores e qualificadoras de uma preparação técnica e física para o desempenho da atividade fim. Um policial que não pratica o tiro como técnica de defesa é um policial despreparado e passível de erros graves diante do desconhecimento do tipo de arma, da segurança de tiro, das precauções, da execução do tiro e dos limites do seu adestramento que podem levá-lo à morte, ao uso indevido de uma arma de fogo e à produzir vítimas inocentes. A preparação física é outro recursos importante na atividade policial devido ao esforço empreendido numa ocorrência policial nos casos de perseguição, imobilizações, socorros e superação. O policial apto técnica e fisicamente estará apto emocionalmente para enfrentar os riscos, pois terá consciência dos limites de sua capacidade e condições de enfrentar os riscos.
O Coronel entrevistado se equivoca ao afirmar que o treinamento militar, a prática de tiro e a educação física não são importantes na atividade militar. O treinamento militarizado é importante pela formação disciplinar, respeito à hierarquia, cadeia de comando e liderança, pelo planejamento tático e pelas técnicas de operações utilizadas no enfrentamento diário da criminalidade e na segurança e controle de distúrbios. Quanto à prática de tiro e educação física, é um absurdo que diga que elas foram extintas, já que são capacitores e qualificadoras de uma preparação técnica e física para o desempenho da atividade fim. Um policial que não pratica o tiro como técnica de defesa é um policial despreparado e passível de erros graves diante do desconhecimento do tipo de arma, da segurança de tiro, das precauções, da execução do tiro e dos limites do seu adestramento que podem levá-lo à morte, ao uso indevido de uma arma de fogo e à produzir vítimas inocentes. A preparação física é outro recursos importante na atividade policial devido ao esforço empreendido numa ocorrência policial nos casos de perseguição, imobilizações, socorros e superação. O policial apto técnica e fisicamente estará apto emocionalmente para enfrentar os riscos, pois terá consciência dos limites de sua capacidade e condições de enfrentar os riscos.
A propósito, por que será que, quando falam em unificar, todos esquecem a perícia, um segmento essencial ao ciclo policial? Outra, é só verificar as tropas de elite da polícia federal e das polícias civis que estão se uniformizando e treinando técnicas militares para uso em suas operações policiais.
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