À frente da unidade há quase dois anos, o coronel Cesar Augusto Franco Morelli foi contestado quanto à atuação dos PMs nas manifestações de junho
O Estado de S. Paulo 09 de agosto de 2013 | 10h 13
SÃO PAULO - Alvo de críticas durante os protestos de junho em São Paulo, o coronel Cesar Augusto Franco Morelli foi demitido do posto de comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar, que ocupava desde 1 de setembro de 2011. Ele foi substituído pelo coronel Celso Castelo Branco Savioli, atual comandante da Baixada Santista. A troca foi publicada no dia 7 de agosto no Diário Oficial do Estado.
Daniel Teixeira/AE
Policiais acompanham protesto na Avenida Paulista, principal palco de passeatas na capital
Morelli ficou em evidência com as manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus na capital paulista, há dois meses. As passeatas terminaram em confronto em diversas ocasiões e a ação da Tropa de Choque foi alvo de contestações de autoridades e da sociedade civil. O grupamento foi acusado de ora atuar com excesso de força, ora fazer vista grossa a atos de depredação e vandalismo.
Em nota, a PM informou que a substituição é um "processo natural de gestão e renovação da instituição". O comunicado afirma que o coronel Morelli realizou um "excepcional trabalho" e que é normal ocorrerem movimentações nos postos no mês de agosto. Ele foi transferido para a Assessoria Policial Militar da Prefeitura - departamento de suporte administrativo ao Comando Geral da PM.
Ainda segundo a PM, Morelli foi o responsável pela indicação do sucessor. O coronel Savioli já atuou no 2º Batalhão de Choque, que cuida do policiamento de grandes eventos esportivos, e tem "vasta experiência" na área, de acordo com a corporação.
Savioli, por sua vez, será substituído pelo coronel Ricardo de Jesus Ferreira, que assumirá o comando do policiamento na Baixada Santista. Antes de ser promovido a coronel, Ferreira era responsável pelo 36º Batalhão, na região de Embu das Artes, Grande São Paulo.
NOTÍCIAS CORRELATAS
17 de junho de 2013 | 15h 21
Alckmin proíbe balas de borracha em manifestações
GUSTAVO PORTO - Agência Estado
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira que está proibido o uso de balas de borracha pela polícia em manifestações públicas no Estado de São Paulo. A medida ocorre após manifestantes e jornalistas ficarem feridos durante as manifestações ocorridas na última semana na capital paulista.
Durante evento em Campinas, Alckmin elogiou as negociações entre os manifestantes do Movimento Passe Livre e os representantes da secretaria de Segurança Pública na reunião ocorrida na manhã desta segunda. "Na conversa foi definido todo o procedimento para a passeata desta segunda e o retorno que eu tive da reunião foi muito positivo", disse o governador. Segundo ele, o trajeto da manifestação será definido e apresentado ao governo antes da caminhada e os oficiais da polícia irão acompanhar somente portando radiocomunicadores", disse.
Sobre o anúncio de outras manifestações em cidades paulistas como Campinas, esta semana, o governador voltou a afirmar que os protestos "fortalecem a democracia" desde que não seja prejudicada a integridade física da população e que não haja depredação de bens públicos e privados.
14 de junho de 2013 | 9h 33
Haddad critica 'possível excesso da força policial'
ARTUR RODRIGUES E DIEGO ZANCHETTA - Agência Estado
Após os confrontos da noite de ontem, o prefeito Fernando Haddad (PT) criticou a conduta da Polícia Militar na repressão ao protesto do Movimento Passe Livre (MPL). "Na terça-feira, a imagem que ficou foi a da violência dos manifestantes. Infelizmente hoje (ontem) não resta dúvida de que a imagem que ficou foi a da violência policial", disse. Haddad afirmou que "há fatos a serem apurados" pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). "Entendo que o secretário (Fernando) Grella (Vieira), ao abrir um inquérito para a apuração rigorosa dos fatos, agiu corretamente", disse. "É evidente que a imagem que ficou é esta: de um possível excesso da força policial."
Haddad disse que tem mantido contato com Grella Vieira. "Vamos acompanhar a evolução dos eventos, sempre entendendo que o método escolhido (pelos manifestantes) foi o pior possível. Estamos vivendo uma escalada (da violência) que não vai levar a nada. O diálogo levaria a algum lugar", afirmou. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que ontem chegou de Paris onde estava com Haddad para a apresentação da candidatura de São Paulo para sede da Expo 2020, não se manifestou sobre a tática adotada pelos policiais.
A PM também não se posicionou sobre a conduta dos agentes que trabalharam na operação. Pedestres e motoristas que não participavam do protestos foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. A PM informou apenas que as denúncias de abusos serão investigadas.
No fim da noite, enquanto a manifestação ainda acontecia, Alckmin usou o Twitter para comentá-la. "Depredação, violência e obstrução de vias públicas não são aceitáveis. O governo de São Paulo não vai tolerar vandalismo", escreveu. O governador aproveitou também para parabenizar Guaratinguetá por seus 383 anos, texto pelo qual foi criticado por usuários na rede social.
Pela manhã, Alckmin manteve suas atividades em Santos, na comemoração dos 250 anos de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, o patriarca da Independência do Brasil. Na ocasião, descartou a redução da tarifa de trens e metrô e voltou a destacar que quem destruir patrimônio "será punido".
Sem chance
Haddad, que passou o dia em reuniões em seu gabinete, no Edifício Matarazzo, de onde pôde observar o início dos protestos, também disse que está fora de cogitação reduzir a passagem na capital. No dia 2 deste mês, as tarifas de ônibus, trem e metrô foram reajustadas de R$ 3 para R$ 3,20.
O prefeito disse que o único sinal que ainda pode dar para o MPL é cumprir os compromissos de campanha, como implementar o bilhete único mensal, criar corredores de ônibus e manter o reajuste das passagens abaixo da inflação. "Houve uma campanha eleitoral e ninguém se manifestou (sobre a tarifa zero). Sempre expressei minha opinião sobre o assunto, me comprometi com reajuste abaixo da inflação."
Racha. A Juventude do PT emitiu nota para pedir a reversão do aumento e que o governo do Estado faça o mesmo em relação às passagens de trem e metrô. O grupo lembrou que em 2011 lutou contra o reajuste promovido por Gilberto Kassab (PSD), de R$ 2,70 para R$ 3. "Não nos furtaremos deste instrumento (manifestação) para demonstrar nossa indignação e cobrar soluções para as mazelas da população", disse a Juventude do PT.
Haddad afirmou que são posições individuais de petistas. "Os indivíduos são livres para expressar sua opinião, independentemente de pertencer a esse ou àquele partido. Uma coisa é a opinião individual, outra é a posição partidária." (Colaboraram Rodrigo Burgarelli e Zuleide de Barros, Especial Para o Estado). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário