REVISTA ISTO É N° Edição: 2282 | 09.Ago.13 - 20:40 | Atualizado em 10.Ago.13 - 12:11
Caso Isabella: surge uma outra versão. Perícia realizada nos Estados Unidos conclui que a menina de 5 anos não foi esganada antes de ser jogada pela janela e pode reabrir as investigações do processo que condenou
Caso Isabella: surge uma outra versão. Perícia realizada nos Estados Unidos conclui que a menina de 5 anos não foi esganada antes de ser jogada pela janela e pode reabrir as investigações do processo que condenou
Anna Carolina e Alexandre Nardonipor Antonio Carlos Prado
DIA A DIA NO CÁRCERE
Anna Carolina em sua cela escrevendo carta
para o marido, Alexandre. Na biblioteca da penitenciária
masculina, ele se interessa pelos clássicos da literatura brasileira
A quinta-feira 25 de julho foi o melhor dia na vida do casal Alexandre Alves Nardoni e Anna Carolina Jatobá Nardoni desde que foram presos em 2008, acusados pela morte da pequena Isabella – filha biológica dele, enteada dela. Logo pela manhã, eles receberam de seus advogados a notícia de que uma perícia sobre o caso acabara de ser concluída nos EUA. No laudo, assinado pelo cientista James Kwangjune Hahn, Ph.D. e diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade George Washington, consta categoricamente que a garotinha, na época com 5 anos, não sofreu esganadura antes de ser arremessada por uma janela do sexto andar de um edifício de classe média na zona norte de São Paulo. O crime ocorrido em março de 2008 chocou o País e, dois anos depois, Anna e Alexandre foram condenados como os autores do homicídio. A ela foi imposta uma pena de 26 anos de reclusão e a ele de 30 anos. A conclusão da perícia feita nos EUA não aponta quem matou Isabella, mas tem força suficiente para reabrir as investigações sobre o caso na Justiça brasileira. Na semana passada, Anna e Alexandre concederam entrevistas exclusivas à ISTOÉ (leia acima e na pág. ao lado) e ambos se mostraram bastante otimistas com a possibilidade de que novas investigações venham a ser feitas.
Segundo a versão policial que fundamentou o julgamento, Anna e Alexandre brigaram por ciúme na noite de 29 de março de 2008. Ela teria então agredido a enteada, agarrando o seu pescoço pela frente com as duas mãos, esganando-a. Alexandre teria cortado a tela de proteção na janela de um dos dormitórios do apartamento e arremessado a própria filha para o jardim do edifício, simulando que sua família havia sido vítima de um latrocínio. Com o resultado da perícia realizada nos EUA, o advogado do casal, Roberto Podval, vai pedir a reabertura do processo. Em casos semelhantes, é comum que o Ministério Público também solicite novos exames periciais para dirimir as dúvidas. O parecer feito nos EUA ao qual ISTOÉ teve acesso tem 100 páginas e cerca de 500 referências bibliográficas internacionais.
Todo o trabalho foi produzido a partir das provas colhidas pela polícia paulista durante as investigações, como fotos, depoimentos, radiografias do pescoço de Isabella e um filme de reprodução simulada que ilustra a versão oficial para o crime. Na conclusão de seus trabalhos, James Hahn afirma: “Comparando-se as mãos de Anna Carolina com as marcas descritas e vistas em Isabella, concluímos que tais marcas não poderiam ter sido produzidas pelas mãos de Anna Carolina” e “comparando-se as mãos de Alexandre Nardoni com as marcas descritas e vistas em Isabella concluímos que tais marcas não poderiam ter sido produzidas pelas mãos de Alexandre”. Hahn observa que no pescoço de Isabella existem três marcas no lado direito e nenhuma na parte anterior, ao contrário do que a polícia diz. “Eu endosso na íntegra o estudo americano”, diz a professora de perícias criminais brasileira Roselle Soglio, que atuou em parceria com a equipe americana. “É importante observar que apesar de hoje os dedos de Alexandre e de Anna poderem estar mais gordos ou mais magros, o que conta na esganadura é a estrutura óssea das mãos, e ela continua a ser a mesma da época da morte de Isabella.” Hahn anota, ainda, que não há sinais de utilização de polegares das mãos do agressor, e eles têm necessariamente de estar presentes em casos de esganadura, pois funcionam como contrapontos de apoio de força para que os demais dedos se fechem, pressionem e asfixiem a vítima. Escreve Hahn: “A dinâmica do evento esganadura descrito no processo não suporta a hipótese de as marcas descritas nos relatórios de autópsia terem sido produzidas por mãos e dedos”.
“Fui aos EUA buscar esse parecer, porque tanto a polícia de São Paulo quanto o Ministério Público costumam elogiar a qualidade do que eles produzem”, diz Podval. Embora saibam que o fato de não ter havido esganadura não os livra automaticamente da acusação de terem matado Isabella, Anna e Alexandre acreditam que uma nova investigação possa trazer outros elementos para o crime. “Não agredi a Isabella, não esganei e não matei”, disse Anna Carolina na sexta-feira 2. Como tem feito nos últimos cinco anos, ela havia acordado às 4h30 para ser a “primeira a tomar banho”, trabalhou até 16h30 na oficina de costura do presídio e iria escrever para Alexandre depois de assistir aos telejornais da noite. “Acho que agora minha vida pode mudar”, disse Alexandre na segunda 29, depois de saber sobre o laudo elaborado nos EUA. Na cadeia, ele acorda às 5h30 e trabalha fazendo carteiras escolares.
DIA A DIA NO CÁRCERE
Anna Carolina em sua cela escrevendo carta
para o marido, Alexandre. Na biblioteca da penitenciária
masculina, ele se interessa pelos clássicos da literatura brasileira
A quinta-feira 25 de julho foi o melhor dia na vida do casal Alexandre Alves Nardoni e Anna Carolina Jatobá Nardoni desde que foram presos em 2008, acusados pela morte da pequena Isabella – filha biológica dele, enteada dela. Logo pela manhã, eles receberam de seus advogados a notícia de que uma perícia sobre o caso acabara de ser concluída nos EUA. No laudo, assinado pelo cientista James Kwangjune Hahn, Ph.D. e diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade George Washington, consta categoricamente que a garotinha, na época com 5 anos, não sofreu esganadura antes de ser arremessada por uma janela do sexto andar de um edifício de classe média na zona norte de São Paulo. O crime ocorrido em março de 2008 chocou o País e, dois anos depois, Anna e Alexandre foram condenados como os autores do homicídio. A ela foi imposta uma pena de 26 anos de reclusão e a ele de 30 anos. A conclusão da perícia feita nos EUA não aponta quem matou Isabella, mas tem força suficiente para reabrir as investigações sobre o caso na Justiça brasileira. Na semana passada, Anna e Alexandre concederam entrevistas exclusivas à ISTOÉ (leia acima e na pág. ao lado) e ambos se mostraram bastante otimistas com a possibilidade de que novas investigações venham a ser feitas.
Segundo a versão policial que fundamentou o julgamento, Anna e Alexandre brigaram por ciúme na noite de 29 de março de 2008. Ela teria então agredido a enteada, agarrando o seu pescoço pela frente com as duas mãos, esganando-a. Alexandre teria cortado a tela de proteção na janela de um dos dormitórios do apartamento e arremessado a própria filha para o jardim do edifício, simulando que sua família havia sido vítima de um latrocínio. Com o resultado da perícia realizada nos EUA, o advogado do casal, Roberto Podval, vai pedir a reabertura do processo. Em casos semelhantes, é comum que o Ministério Público também solicite novos exames periciais para dirimir as dúvidas. O parecer feito nos EUA ao qual ISTOÉ teve acesso tem 100 páginas e cerca de 500 referências bibliográficas internacionais.
Todo o trabalho foi produzido a partir das provas colhidas pela polícia paulista durante as investigações, como fotos, depoimentos, radiografias do pescoço de Isabella e um filme de reprodução simulada que ilustra a versão oficial para o crime. Na conclusão de seus trabalhos, James Hahn afirma: “Comparando-se as mãos de Anna Carolina com as marcas descritas e vistas em Isabella, concluímos que tais marcas não poderiam ter sido produzidas pelas mãos de Anna Carolina” e “comparando-se as mãos de Alexandre Nardoni com as marcas descritas e vistas em Isabella concluímos que tais marcas não poderiam ter sido produzidas pelas mãos de Alexandre”. Hahn observa que no pescoço de Isabella existem três marcas no lado direito e nenhuma na parte anterior, ao contrário do que a polícia diz. “Eu endosso na íntegra o estudo americano”, diz a professora de perícias criminais brasileira Roselle Soglio, que atuou em parceria com a equipe americana. “É importante observar que apesar de hoje os dedos de Alexandre e de Anna poderem estar mais gordos ou mais magros, o que conta na esganadura é a estrutura óssea das mãos, e ela continua a ser a mesma da época da morte de Isabella.” Hahn anota, ainda, que não há sinais de utilização de polegares das mãos do agressor, e eles têm necessariamente de estar presentes em casos de esganadura, pois funcionam como contrapontos de apoio de força para que os demais dedos se fechem, pressionem e asfixiem a vítima. Escreve Hahn: “A dinâmica do evento esganadura descrito no processo não suporta a hipótese de as marcas descritas nos relatórios de autópsia terem sido produzidas por mãos e dedos”.
“Fui aos EUA buscar esse parecer, porque tanto a polícia de São Paulo quanto o Ministério Público costumam elogiar a qualidade do que eles produzem”, diz Podval. Embora saibam que o fato de não ter havido esganadura não os livra automaticamente da acusação de terem matado Isabella, Anna e Alexandre acreditam que uma nova investigação possa trazer outros elementos para o crime. “Não agredi a Isabella, não esganei e não matei”, disse Anna Carolina na sexta-feira 2. Como tem feito nos últimos cinco anos, ela havia acordado às 4h30 para ser a “primeira a tomar banho”, trabalhou até 16h30 na oficina de costura do presídio e iria escrever para Alexandre depois de assistir aos telejornais da noite. “Acho que agora minha vida pode mudar”, disse Alexandre na segunda 29, depois de saber sobre o laudo elaborado nos EUA. Na cadeia, ele acorda às 5h30 e trabalha fazendo carteiras escolares.
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