OFENSIVA DO CRIME
PMs assassinados, tiroteios e reocupação de áreas conflagradas colocam em xeque política de segurança
A segurança pública do Rio de Janeiro está em xeque. As três mortes de policiais – dois deles ligados a Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) –, tiroteios em áreas pacificadas, planos de ataque de criminosos e a reocupação dos complexos do Alemão e da Penha pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), que teve troca no comando, expõem os altos e baixos da implantação da estratégia na capital fluminense.
Azona norte do Rio registrou duas mortes de PMs ligados a UPPs nos últimos cinco dias. Na noite de quinta-feira, o subcomandante da unidade Vila Cruzeiro, na Zona Norte, Leidson Acácio Alves Silva, 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça em um confronto com criminosos no Complexo da Penha. Na manhã de sábado, o soldado Leonardo Nascimento Mendes, lotado na UPP Rocinha, foi baleado durante uma tentativa de assalto em Cordovil, na zona norte do Rio. O PM chegou a ser encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, recebeu na semana passada cinco documentos informando sobre planos de ataque do Comando Vermelho a policiais, UPPs, delegacias e batalhões. Dois deles eram denúncias de atentados contra um delegado e contra um policial da UPP do Alemão.
Tortura e morte de Amarildo abalaram prestígio de unidades
Além das mortes, houve tiroteios em comunidades ocupadas por UPPs no Chapéu Mangueira, Zona Sul, e Manguitos, Zona Norte.
Criada em dezembro de 2008, no Morro Santa Marta, no bairro de Botafogo, as UPPs reduziram homicídio, estupros e roubos e tornaram-se a principal política de segurança no Rio.
O prestígio das unidades, porém, começou a ser abalado em 2011. Em setembro daquele ano, dois integrantes da UPP dos morros da Coroa, do Fallet e do Fogueteiro, em Santa Teresa, foram afastados sob suspeita de receber propina do tráfico. A mácula mais grave ocorreu no ano passado. Em 14 de julho, o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43 anos, desapareceu após ter sido levado por policiais à UPP da Rocinha. Investigações revelaram que ele foi torturado e morto nas dependências da UPP. Até agora, 25 PMs são suspeitos de envolvimento nas agressões e na morte do pedreiro. Em depoimento, soldados revelaram ter recebido ordens de superiores para ocultar provas da tortura.
Bope volta ao Alemão
O Bope voltou a ocupar, no sábado, os complexos do Alemão e da Penha pela primeira vez desde a instalação das UPPs na região, em 2011. Segundo o coordenador das UPPs, coronel Frederico Caldas, o batalhão ficará por tempo indeterminado.
O policiamento na região foi reforçado com mais cem homens. Na tarde de ontem, eles fizeram uma operação de reconhecimento em alguns pontos do Alemão, em conjunto com mais 30 soldados do Bope que vão ocupar a área. Em meio às ofensivas, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou a troca de comando do batalhão. O anúncio explica a ausência do comandante da corporação, tenente-coronel Fábio Souza, na reocupação. Em nota, a PM explica que Souza deixou o cargo na mesma data para assumir o comando de outra unidade
De acordo com o governo, a troca faz parte da rotina da instituição. Ontem, porém, o “RJTV”, da TV Globo, afirmou que a saída pode estar ligada a críticas ao comandante-geral da PM, coronel José Luís Castro Menezes, feitas por Souza em redes sociais.
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