O SUL, 27/05/2014
CADERNO COLUNISTAS
"O policial brasileiro se defronta incontáveis vezes com o mesmo delinquente, e este, a cada vez, vem com mais força e com o brio voltado a “não-se-entregar-pros-home, de jeito algum”
Paulo Roberto Mendes Rodrigues
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública publica dados decorrentes da ação das polícias em jornais de circulação nacional, dizendo: “Na tentativa de combater a criminalidade, policiais matam, em média, cinco pessoas por dia em todo o país, em 2012”. E, adiante, conclui que o “policial brasileiro mata muito. Em comparação com os EUA, o número é 4,6 vezes superior”.
Pois bem, fico sempre atônito quando leio notícias como esta. Para início de conversa, fico pensando: “Será que não deveriam comparar a legislação e o sistema prisional americano com o nosso, antes de falar na ação ‘violenta’ dos policiais”? Também não deveriam comparar os indicadores criminais de toda a ordem (homicídios, roubos e outros crimes graves) percentualmente, envolvendo nosso país e o americano? E o sistema prisional? Será que assim não encontrariam uma resposta mais adequada ao problema?
O policial brasileiro se defronta incontáveis vezes com o mesmo delinquente, e este, a cada vez, vem com mais força e com o brio voltado a “não-se-entregar-pros-home, de jeito algum”. Assim, o confronto final não é aquele em que o policial prende e está solucionada a questão. A ocorrência tende a se resolver no embate fatal, isto se o policial não morrer.
Ainda, qual seria a ação da polícia americana, por exemplo, com a notícia de que quatro unidades de Polícia Pacificadora (RJ) sofreram ataques simultâneos? Uma UPP da favela de Moranguinhos foi incendiada e o capitão comandante foi baleado. Dias antes, outros PM foram assassinados.
Mas, certamente, isto é uma conversa que não interessa aos pesquisadores. Na verdade, o que interessa é criminalizar os policiais, e como dizem, declarando-os violentos, que matam muito, que utilizam a arma de fogo a qualquer preço e não distinguem quem é ou não criminoso.
Para o sociólogo, existem duas maneiras de lidar com o problema: aumentar o rigor na punição da conduta dos policiais e investir massivamente na capacidade técnica, inclusive do efetivo de rua.
Pois bem, os policiais são fortes, aguerridos e bravos, aguentam tudo, até isto. Mas, e os bandidos, que infernizam a vida de toda a sociedade, como tratar? A pão-de- ló? Quem sabe desarmamos os policiais para lidar com esta “turma”? Ou, melhor, façamos um acordo escrito, registrado em cartório público, onde os bandidos se comprometam ao desarmamento? Seria bem melhor.
Mas, enfim, vamos em frente, até a próxima “pesquisa”, esperando que alguma instituição estude e publique o número de pessoas que a todo santo-dia são mortas pelos bandidos. Aposto que o número cinco será multiplicado várias vezes.
Paulo Roberto Mendes Rodrigues. Ex-Comandante-Geral da Brigada Militar
"O policial brasileiro se defronta incontáveis vezes com o mesmo delinquente, e este, a cada vez, vem com mais força e com o brio voltado a “não-se-entregar-pros-home, de jeito algum”
Paulo Roberto Mendes Rodrigues
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública publica dados decorrentes da ação das polícias em jornais de circulação nacional, dizendo: “Na tentativa de combater a criminalidade, policiais matam, em média, cinco pessoas por dia em todo o país, em 2012”. E, adiante, conclui que o “policial brasileiro mata muito. Em comparação com os EUA, o número é 4,6 vezes superior”.
Pois bem, fico sempre atônito quando leio notícias como esta. Para início de conversa, fico pensando: “Será que não deveriam comparar a legislação e o sistema prisional americano com o nosso, antes de falar na ação ‘violenta’ dos policiais”? Também não deveriam comparar os indicadores criminais de toda a ordem (homicídios, roubos e outros crimes graves) percentualmente, envolvendo nosso país e o americano? E o sistema prisional? Será que assim não encontrariam uma resposta mais adequada ao problema?
O policial brasileiro se defronta incontáveis vezes com o mesmo delinquente, e este, a cada vez, vem com mais força e com o brio voltado a “não-se-entregar-pros-home, de jeito algum”. Assim, o confronto final não é aquele em que o policial prende e está solucionada a questão. A ocorrência tende a se resolver no embate fatal, isto se o policial não morrer.
Ainda, qual seria a ação da polícia americana, por exemplo, com a notícia de que quatro unidades de Polícia Pacificadora (RJ) sofreram ataques simultâneos? Uma UPP da favela de Moranguinhos foi incendiada e o capitão comandante foi baleado. Dias antes, outros PM foram assassinados.
Mas, certamente, isto é uma conversa que não interessa aos pesquisadores. Na verdade, o que interessa é criminalizar os policiais, e como dizem, declarando-os violentos, que matam muito, que utilizam a arma de fogo a qualquer preço e não distinguem quem é ou não criminoso.
Para o sociólogo, existem duas maneiras de lidar com o problema: aumentar o rigor na punição da conduta dos policiais e investir massivamente na capacidade técnica, inclusive do efetivo de rua.
Pois bem, os policiais são fortes, aguerridos e bravos, aguentam tudo, até isto. Mas, e os bandidos, que infernizam a vida de toda a sociedade, como tratar? A pão-de- ló? Quem sabe desarmamos os policiais para lidar com esta “turma”? Ou, melhor, façamos um acordo escrito, registrado em cartório público, onde os bandidos se comprometam ao desarmamento? Seria bem melhor.
Mas, enfim, vamos em frente, até a próxima “pesquisa”, esperando que alguma instituição estude e publique o número de pessoas que a todo santo-dia são mortas pelos bandidos. Aposto que o número cinco será multiplicado várias vezes.
Paulo Roberto Mendes Rodrigues. Ex-Comandante-Geral da Brigada Militar
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