PM prendeu manifestantes pela cor da camiseta, acusa advogado. Detenções foram feitas indiscriminadante, para averiguação, diz ele. Vários policiais estavam sem identificação na farda
CLEIDE CARVALHO
O GLOBO
Atualizado:23/02/14 - 17h22
SÃO PAULO. O advogado André Zanardo, integrante do coletivo formado atuar na defesa de manifestantes, afirmou que a Polícia Militar de São Paulo agiu de forma abusiva, pois efetuou prisões para averiguação com base na cor das camisetas usadas - preta ou vermelha. Um outro critério teria sido a vinculação a algum partido político. Segundo ele, os manifestantes imobilizados ou detidos pela polícia foram mantidos isolados e tanto advogados quanto profissionais da imprensa foram impedidos de ver o que acontecia com eles.
- Foi um caos. A Polícia Militar fazia seleção de manifestantes pela cor da camiseta. Camisetas pretas de um lado, vermelhas de outro e partidos. Um deles perguntou "Esse aqui tem cara de nerd, o que faço com ele? - relatou o advogado.
Zanardo disse que vários dos detidos apanharam e ficaram feridos, embora a Polícia Militar confirme apenas dois manifestantes e cinco policiais feridos. O advogado afirmou que viu pessoas machucadas em todas as delegacias por onde passou. Ele alertou ainda que muitos policiais militares estavam sem qualquer identificação na farda.
- A repressão foi pior desta vez. Foi uma repressão organizada e o que me preocupa é acharem que todo mundo é black bloc. A punição é feita em campo, como no Coliseu. A justiça é feita na rua pela Polícia Militar - afirmou Zanardo, lembrando que o coletivo atua na defesa de manifestantes desde julho passado e inclui profissionais do Rio de Janeiro e São Paulo.
O advogado disse que os manifestantes foram presos para averiguação, instrumento utilizado na época da ditadura e que não faz parte do ordenamento jurídico do país. Ao visitar alguns distritos policiais na noite de sábado e madrugada deste domingo, ele soube que os boletins de ocorrência foram feitos com base em crimes como desacato, desobediência, resistência. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou 260 detidos e informou que, além destes motivos, houve boletins de ocorrência registrados por lesão corporal e porte de arma.
- São crimes questionáveis, que podem ser atribuídos aleatoriamente - criticou.
Zanardo afirmou que os atos de vandalismo são praticados por um número reduzido de manifestantes e que a ação da polícia não pode ser indiscriminada. Até mesmo um advogado, segundo ele, quase foi detido porque usava o celular para gravar uma ação policial.
O advogado relata ainda outros casos de abuso. Segundo ele, no 5° Distrito Policial, do bairro da Aclimação, familiares a amigos de manifestantes detidos, em determinado momento, foram colocados para dentro da delegacia e todos foram qualificados. Procurada pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança Pública ainda não se manifestou sobre este caso.
- Isso foi inusitado - afirmou.
Zanardo contou houve ainda a atuação de advogados que se apresentaram no 78º Distrito Policial, nos Jardins, como integrantes da Comissão de Segurança da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e chegaram a dar voz de prisão a um dos advogados do coletivo de manifestantes, alegando que ele estava no local "captando clientes".
O advogado Daniel Biral foi a vítima. Ao Globo, ele relatou que foi abordado por um homem que se disse advogado e integrante da Comissão da OAB-SP, mas que acabou sendo protegido pelo próprio delegado e por outros policiais civis e militares.
- Quando eu ia sair da delegacia ele (o suposto advogado) veio e deu um soco nas minhas costas - contou, acrescentanto que os policiais agiram para afastar o agressor.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/pm-prendeu-manifestantes-pela-cor-da-camiseta-acusa-advogado-11691149#ixzz2uGL5Eh6U
© 1996 - 2014. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Atualizado:23/02/14 - 17h22
SÃO PAULO. O advogado André Zanardo, integrante do coletivo formado atuar na defesa de manifestantes, afirmou que a Polícia Militar de São Paulo agiu de forma abusiva, pois efetuou prisões para averiguação com base na cor das camisetas usadas - preta ou vermelha. Um outro critério teria sido a vinculação a algum partido político. Segundo ele, os manifestantes imobilizados ou detidos pela polícia foram mantidos isolados e tanto advogados quanto profissionais da imprensa foram impedidos de ver o que acontecia com eles.
- Foi um caos. A Polícia Militar fazia seleção de manifestantes pela cor da camiseta. Camisetas pretas de um lado, vermelhas de outro e partidos. Um deles perguntou "Esse aqui tem cara de nerd, o que faço com ele? - relatou o advogado.
Zanardo disse que vários dos detidos apanharam e ficaram feridos, embora a Polícia Militar confirme apenas dois manifestantes e cinco policiais feridos. O advogado afirmou que viu pessoas machucadas em todas as delegacias por onde passou. Ele alertou ainda que muitos policiais militares estavam sem qualquer identificação na farda.
- A repressão foi pior desta vez. Foi uma repressão organizada e o que me preocupa é acharem que todo mundo é black bloc. A punição é feita em campo, como no Coliseu. A justiça é feita na rua pela Polícia Militar - afirmou Zanardo, lembrando que o coletivo atua na defesa de manifestantes desde julho passado e inclui profissionais do Rio de Janeiro e São Paulo.
O advogado disse que os manifestantes foram presos para averiguação, instrumento utilizado na época da ditadura e que não faz parte do ordenamento jurídico do país. Ao visitar alguns distritos policiais na noite de sábado e madrugada deste domingo, ele soube que os boletins de ocorrência foram feitos com base em crimes como desacato, desobediência, resistência. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou 260 detidos e informou que, além destes motivos, houve boletins de ocorrência registrados por lesão corporal e porte de arma.
- São crimes questionáveis, que podem ser atribuídos aleatoriamente - criticou.
Zanardo afirmou que os atos de vandalismo são praticados por um número reduzido de manifestantes e que a ação da polícia não pode ser indiscriminada. Até mesmo um advogado, segundo ele, quase foi detido porque usava o celular para gravar uma ação policial.
O advogado relata ainda outros casos de abuso. Segundo ele, no 5° Distrito Policial, do bairro da Aclimação, familiares a amigos de manifestantes detidos, em determinado momento, foram colocados para dentro da delegacia e todos foram qualificados. Procurada pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança Pública ainda não se manifestou sobre este caso.
- Isso foi inusitado - afirmou.
Zanardo contou houve ainda a atuação de advogados que se apresentaram no 78º Distrito Policial, nos Jardins, como integrantes da Comissão de Segurança da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e chegaram a dar voz de prisão a um dos advogados do coletivo de manifestantes, alegando que ele estava no local "captando clientes".
O advogado Daniel Biral foi a vítima. Ao Globo, ele relatou que foi abordado por um homem que se disse advogado e integrante da Comissão da OAB-SP, mas que acabou sendo protegido pelo próprio delegado e por outros policiais civis e militares.
- Quando eu ia sair da delegacia ele (o suposto advogado) veio e deu um soco nas minhas costas - contou, acrescentanto que os policiais agiram para afastar o agressor.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/pm-prendeu-manifestantes-pela-cor-da-camiseta-acusa-advogado-11691149#ixzz2uGL5Eh6U
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