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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PM PRENDEU PELA COR DA CAMISETA


PM prendeu manifestantes pela cor da camiseta, acusa advogado. Detenções foram feitas indiscriminadante, para averiguação, diz ele. Vários policiais estavam sem identificação na farda


CLEIDE CARVALHO
O GLOBO
Atualizado:23/02/14 - 17h22


SÃO PAULO. O advogado André Zanardo, integrante do coletivo formado atuar na defesa de manifestantes, afirmou que a Polícia Militar de São Paulo agiu de forma abusiva, pois efetuou prisões para averiguação com base na cor das camisetas usadas - preta ou vermelha. Um outro critério teria sido a vinculação a algum partido político. Segundo ele, os manifestantes imobilizados ou detidos pela polícia foram mantidos isolados e tanto advogados quanto profissionais da imprensa foram impedidos de ver o que acontecia com eles.

- Foi um caos. A Polícia Militar fazia seleção de manifestantes pela cor da camiseta. Camisetas pretas de um lado, vermelhas de outro e partidos. Um deles perguntou "Esse aqui tem cara de nerd, o que faço com ele? - relatou o advogado.

Zanardo disse que vários dos detidos apanharam e ficaram feridos, embora a Polícia Militar confirme apenas dois manifestantes e cinco policiais feridos. O advogado afirmou que viu pessoas machucadas em todas as delegacias por onde passou. Ele alertou ainda que muitos policiais militares estavam sem qualquer identificação na farda.

- A repressão foi pior desta vez. Foi uma repressão organizada e o que me preocupa é acharem que todo mundo é black bloc. A punição é feita em campo, como no Coliseu. A justiça é feita na rua pela Polícia Militar - afirmou Zanardo, lembrando que o coletivo atua na defesa de manifestantes desde julho passado e inclui profissionais do Rio de Janeiro e São Paulo.

O advogado disse que os manifestantes foram presos para averiguação, instrumento utilizado na época da ditadura e que não faz parte do ordenamento jurídico do país. Ao visitar alguns distritos policiais na noite de sábado e madrugada deste domingo, ele soube que os boletins de ocorrência foram feitos com base em crimes como desacato, desobediência, resistência. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou 260 detidos e informou que, além destes motivos, houve boletins de ocorrência registrados por lesão corporal e porte de arma.

- São crimes questionáveis, que podem ser atribuídos aleatoriamente - criticou.

Zanardo afirmou que os atos de vandalismo são praticados por um número reduzido de manifestantes e que a ação da polícia não pode ser indiscriminada. Até mesmo um advogado, segundo ele, quase foi detido porque usava o celular para gravar uma ação policial.

O advogado relata ainda outros casos de abuso. Segundo ele, no 5° Distrito Policial, do bairro da Aclimação, familiares a amigos de manifestantes detidos, em determinado momento, foram colocados para dentro da delegacia e todos foram qualificados. Procurada pelo GLOBO, a Secretaria de Segurança Pública ainda não se manifestou sobre este caso.

- Isso foi inusitado - afirmou.

Zanardo contou houve ainda a atuação de advogados que se apresentaram no 78º Distrito Policial, nos Jardins, como integrantes da Comissão de Segurança da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e chegaram a dar voz de prisão a um dos advogados do coletivo de manifestantes, alegando que ele estava no local "captando clientes".

O advogado Daniel Biral foi a vítima. Ao Globo, ele relatou que foi abordado por um homem que se disse advogado e integrante da Comissão da OAB-SP, mas que acabou sendo protegido pelo próprio delegado e por outros policiais civis e militares.

- Quando eu ia sair da delegacia ele (o suposto advogado) veio e deu um soco nas minhas costas - contou, acrescentanto que os policiais agiram para afastar o agressor.



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