Renato Andrade
BRASÍLIA - A missão da Polícia Militar do Distrito Federal é, segundo a própria corporação, "promover a segurança e o bem-estar social por meio da prevenção e repressão imediata da criminalidade e da violência, baseando-se nos direitos humanos e na participação comunitária".
Desde o fim de 2013, parte dos policiais resolveu ignorar o lema para tentar arrancar do governador Agnelo Queiroz um reajuste salarial –de nada menos que 66,8%– e outras promessas feitas pelo petista durante a campanha eleitoral passada.
O resultado prático, até agora, da autointitulada operação tartaruga é um impressionante saldo de 63 assassinatos em apenas 29 dias.
O nome certo para o que esses policiais estão fazendo é chantagem. Basta consultar um dicionário para ver o significado da palavra.
A bagunça chamou atenção nesta semana porque a violência, tradicionalmente concentrada na periferia brasiliense, chegou aos bairros mais nobres da capital.
Acostumados à tranquilidade da ilha da fantasia do "outback" brasileiro, os moradores da cidade assistiram, num intervalo de poucas horas, cenas pouco usuais: funcionário de supermercado esfaqueado, morador de rua alvejado por policial à paisana na hora do almoço e a morte de um jovem de 29 anos, que recebeu um tiro na nuca quando estacionava seu carro em frente ao prédio em que morava com a mãe.
Depois de fingir que nada acontecia, o governador do Distrito Federal resolveu sentar ontem com o comando da PM para discutir a questão. O resultado foi pouco edificante: oficiais prometeram ir para as ruas fazer o policiamento e colocar as coisas no lugar. É preciso ver para crer.
Em evento no fim do ano passado, um sargento da PM disse ao secretário de Segurança que sem reajuste, o "troco" seria dado durante a Copa do Mundo. Imaginem o que pode acontecer com "black blocs" nas ruas e PMs sentados nos quartéis.
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