PMs do Rio e de SP relatam que falta treinamento. Ouvidos pelo GLOBO, policiais reclamam de abandono e do baixo efetivo na hora de lidar com as manifestações
MARIANA TIMÓTEO DA COSTA
RAPHAEL KAPA
O GLOBO
Atualizado:2/02/14 - 9h40
Protesto. Na linha de frente, em SP, cabo Rodrigo diz que há problema de gestão Michel Filho / Michel Filho
RIO E SÃO PAULO - Aos 39 anos e com 20 de Polícia Militar, o cabo Rodrigo (nome fictício) se sente despreparado para lidar com manifestações. Morador da periferia de São Paulo, ele faz patrulhas pela cidade e diz que seu grupo “é o primeiro a chegar quando tem confusão na rua”. O cabo vem lidando com constantes queimas de ônibus e está em quase todos os protestos de rua, na área central da cidade.
— A situação está muito complicada. Além de não termos treinamento, equipamento adequado e nem pessoas qualificadas ou uma tropa suficiente, há um problema de gestão. Cada hora quem manda na gente manda fazer uma coisa diferente. Uma hora é para impedir acesso de manifestantes a um determinado local, outra hora é para deixar as depredações rolarem — diz Rodrigo, casado, quatro filhos e salário de R$ 3,7 mil mensais.
Ele e outros policiais reclamam do mesmo abandono e falam da inexistência de uma política clara de controle de distúrbios civis. O cabo Rodrigo, por exemplo, conta que faz apenas um curso de reciclagem anual. Cursos específicos para manifestações, segundo ele e um outro policial militar ouvido pelo GLOBO, são obrigatórios somente à Força Tática e à Tropa de Choque.
— A gente da patrulha pode até se inscrever em um, só que é necessária a liberação do nosso chefe, o que raramente acontece porque nunca tem gente para preencher nossos horários de trabalho — conta o cabo.
No Rio, os relatos não são diferentes. Ouvido pelo GLOBO, um policial relata que o vandalismo e o os black blocs não eram esperados.
— Não tive treinamento para esse tipo de manifestação. O nosso objetivo é sempre manter a ordem só que a violência fugiu do controle — afirma Jorge, que também não quis se identificar e que acredita que as redes sociais contribuíram para uma visão negativa dos policiais: — Tive companheiro filmado e depois foram xingá-lo no Facebook. Ele errou? Acho que não. Ele obedeceu ordens e teve sua família exposta. No final das contas, viramos vítimas.
No vídeo, segundo o policial, um grupo de jovens estava depredando uma agência bancária até a chegada da tropa que usou bombas de gás para dispersá-los.
— O pior é ver gente defendendo esses vândalos e nos criticando. É a mesma polícia que é requisitada para proteger a população nos outros dias — desabafa.
Atualizado:2/02/14 - 9h40
Protesto. Na linha de frente, em SP, cabo Rodrigo diz que há problema de gestão Michel Filho / Michel Filho
RIO E SÃO PAULO - Aos 39 anos e com 20 de Polícia Militar, o cabo Rodrigo (nome fictício) se sente despreparado para lidar com manifestações. Morador da periferia de São Paulo, ele faz patrulhas pela cidade e diz que seu grupo “é o primeiro a chegar quando tem confusão na rua”. O cabo vem lidando com constantes queimas de ônibus e está em quase todos os protestos de rua, na área central da cidade.
— A situação está muito complicada. Além de não termos treinamento, equipamento adequado e nem pessoas qualificadas ou uma tropa suficiente, há um problema de gestão. Cada hora quem manda na gente manda fazer uma coisa diferente. Uma hora é para impedir acesso de manifestantes a um determinado local, outra hora é para deixar as depredações rolarem — diz Rodrigo, casado, quatro filhos e salário de R$ 3,7 mil mensais.
Ele e outros policiais reclamam do mesmo abandono e falam da inexistência de uma política clara de controle de distúrbios civis. O cabo Rodrigo, por exemplo, conta que faz apenas um curso de reciclagem anual. Cursos específicos para manifestações, segundo ele e um outro policial militar ouvido pelo GLOBO, são obrigatórios somente à Força Tática e à Tropa de Choque.
— A gente da patrulha pode até se inscrever em um, só que é necessária a liberação do nosso chefe, o que raramente acontece porque nunca tem gente para preencher nossos horários de trabalho — conta o cabo.
No Rio, os relatos não são diferentes. Ouvido pelo GLOBO, um policial relata que o vandalismo e o os black blocs não eram esperados.
— Não tive treinamento para esse tipo de manifestação. O nosso objetivo é sempre manter a ordem só que a violência fugiu do controle — afirma Jorge, que também não quis se identificar e que acredita que as redes sociais contribuíram para uma visão negativa dos policiais: — Tive companheiro filmado e depois foram xingá-lo no Facebook. Ele errou? Acho que não. Ele obedeceu ordens e teve sua família exposta. No final das contas, viramos vítimas.
No vídeo, segundo o policial, um grupo de jovens estava depredando uma agência bancária até a chegada da tropa que usou bombas de gás para dispersá-los.
— O pior é ver gente defendendo esses vândalos e nos criticando. É a mesma polícia que é requisitada para proteger a população nos outros dias — desabafa.
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