ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

LEI DO TALIÃO


BEATRIZ FAGUNDES, O SUL
Porto Alegre, Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012.


Hoje, como em tantas vezes ao longo de cada ano, a família brigadiana chora mais um de seus verdadeiros heróis, que sucumbiu derrotado pelos marginais que proliferam, como ervas daninha, em nosso meio, protegidos pelo maldito Código Penal Brasileiro.

Nada. Nem uma noticia. Nem uma informação sobre qualquer coisa poderia preencher este espaço senão um lamento profundo quanto ao pesadelo que faz parte da família do policial militar aposentado Carlos Vinícius Silvestre, 47 anos, que morreu ontem às 14h40min, na UTI do HPS (Hospital de Pronto Socorro), de Porto Alegre) O sargento, que já tinha cumprido sua perigosa e sublime missão de defender a sociedade, teria sido reconhecido por um assaltante como um policial e por isto, por sua identidade ligada umbilicalmente à lei e à ordem, teve executada sua sentença de morte por seu carrasco, que o submeteu, na tarde de domingo, quando entrava em uma padaria no bairro Restinga, no qual serviu e decidiu permanecer após a aposentadoria. Silvestre não imaginava que a padaria fosse, naquele trágico momento, palco de mais um dos inúmeros assaltos que atormentam a população no seu dia a dia. Sem qualquer possibilidade de defesa, foi obrigado pelos assaltantes a deitar no chão e recebeu um tiro na cabeça a queima roupa. Repito, reconhecido pelos assaltantes como um membro - certamente não sabiam que já estava aposentado - da Brigada Militar, Silvestre foi obrigado a deitar no chão. Covardemente subjugado, sem absolutamente qualquer possibilidade de defesa, recebeu um tiro certeiro na cabeça! Silvestre, antes de se aposentar, há um ano, integrava a equipe da BM naquele bairro populoso, que lamentavelmente figura, há décadas, como um dos mais violentos da Capital do Estado "com a maior qualidade de vida e mais politizado do Brasil".

Silvestre estava acompanhado da esposa, frágil, impotente, que assistiu a execução de seu companheiro e que hoje certamente chora desconsolada sua ausência. A investigação está a cargo de 16 Delegacia de Polícia. Hoje, como em tantas vezes ao longo de cada ano, a família brigadiana chora mais um de seus verdadeiros heróis que sucumbiu derrotado pelos marginais que proliferam, como erva daninha, em nosso meio, protegidos pelo maldito Código Penal Brasileiro. Ele, Silvestre, é hoje apenas um cadáver ainda insepulto, mas representa todos os policiais deste nosso Estado, que se ufana de ser rico, intelectual, poderoso, mas que condena seus agentes da lei, tanto na Polícia Militar como na Civil, e ainda os agentes penitenciários, a viverem de forma miserável com salários indignos e condições ultrajantes. Um réquiem para o sargento Silvestre. Nosso mais profundo pedido de perdão à família brigadiana por mais esse filho que tombou de forma absolutamente cruel e sem direito à defesa.

Um filho de um traficante famoso, o tal de Maradona, foi executado pelo tribunal do tráfico, pelo que se soube os autores já foram identificados. Espero que os autores da execução do sargento Silvestre igualmente e com a mesma rapidez sejam identificados, presos e condenados. Porém, devo afirmar que não me bastaria a prisão desses marginais. Gostaria de poder dizer que nossas leis poderiam atenuar com rigor o crime sem perdão que consumaram em uma tarde quente de domingo em um dos tantos bairros de periferia de nossa Capital. Gostaria de poder escrever que eles após serem reconhecidos e presos sofreriam por longas décadas, enjaulados e sem direito à liberdade até o último dia de suas vidas, mas, devo admitir com o coração sangrando e possuída de uma revolta sem peso ou medida, que se capturados com vida certamente em pouco tempo estarão de volta às ruas para matar mais um de nós! O que resta é um desejo sem limites de vingança! A Lei de Talião!

WANDERLEY SOARES - O SUL - Reação

Outro dia, um delegado da Polícia Civil, ao reagir contra um bandido que havia sacado uma arma, abriu fogo e terminou por matar quem estava atrás do criminoso, um empresário vítima de sequestro. A Corregedoria da Polícia Civil colocou em dúvida a legítima defesa do policial. Ontem, morreu o sargento da reserva da Brigada Militar Carlos Vinicius Silvestre, 47 anos, baleado que foi, domingo último, à queima-roupa, por um bandido que o reconheceu. Um cidadão comum não deve reagir, mas um policial o que deve fazer? O sargento não reagiu e morreu. O delegado, possivelmente, enfrentará um júri por ser enquadrado, por um colega seu, como autor de homicídio culposo.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Num país onde as leis existem, mas não são aplicadas, e onde a justiça é desacreditada, as leis da bandidagem e dos justiceiros podem ser facilmente encontradas. A família brigadiana chora mais um herói que tomba nas mãos cruéis de bandidos protegidos pelos políticos que elaboram leis benevolentes e pelas mazelas judiciais que estimulam a impunidade no Brasil. É mais um herói entre tantos do povo que tiverem o dissabor de serem alvos de uma bandidagem cheia de benefícios e ampla liberdade para matar, aterrorizar, roubar patrimônio, saquear os cofres públicos e tirar vidas de inocentes.

Enquanto não mudar o comportamento político e judicial neste país, as leis benevolentes, o descaso e as mazelas judiciais continuarão ditando as regras para beneficiar a bandidagem que tira vidas, patrimônio e recursos do povo.

"Os primeiros indícios da lei de talião foram encontrados no Código de Hamurabi, em 1780 a.C., no reino da Babilônia. Essa lei permite evitar que as pessoas façam justiça elas mesmas e de forma desproporcionada, introduzindo um início de ordem na sociedade, no respeitante ao tratamento de crimes e delitos, com o princípio "olho por olho, dente por dente". WIKIPÉDIA.

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