Trapalhada policial. Perícia revela que bala que matou refém em operação desastrada da Polícia Civil é de arma de delegado regional. O agricultor Lírio Persch morreu durante o estouro de um cativeiro em Gravataí no dia 21 de dezembro. Francisco Amorim, ZERO HORA, 10/01/2012 | 04h17
A bala que matou o agricultor Lírio Persch, 50 anos, durante o estouro de um cativeiro em Gravataí no dia 21 saiu da pistola calibre .40 do delegado regional Leonel Carivali. O resultado do exame de balística foi entregue pelo Departamento de Criminalística ao delegado Paulo Grillo, da Corregedoria-geral da Polícia Civil (Cogepol), na sexta-feira.
A perícia revelou que a bala que atingiu o refém sequestrado por quadrilha formada por gaúchos e paranaenses no dia anterior tinha ponta oca. Conhecido como Dumdum, o projetil do tipo hollow point tem um impacto maior ao atingir o alvo em relação aos projetis comum, em forma de ogiva, mas tem seu uso permitido no Brasil.
Apesar de legal, o poder letal desse tipo de munição levou à sua proibição pela Convenção de Haia (1899) em casos de guerra entre países signatários do acordo.
Segundo o laudo, a bala era jaquetada, ou seja, o chumbo era revestido por uma capa metálica que se desprendeu ao atravessar o carro dos sequestradores antes de atingir o agricultor, que estava sentado no banco de trás.
— Esse tipo de projetil é legal e fornecido aos policiais civis do Estado — explica Grillo.
Conforme o laudo de necropsia, duas foram as perfurações no corpo do vítima, logo abaixo do omoplata, provocadas pelo mesmo disparo. Uma foi causada pelo chumbo e outra, pelo estilhaço desprendido do projetil.
— Li o laudo, e a autoria do disparo está confirmada. O próprio delegado Carivali já havia confirmado que efetuou disparos contra o veículo — afirmou o delegado Grillo.
Policial deve prestar novo depoimento esta semana
Com a conclusão dos peritos sobre de qual a arma partiu o disparo fatal, a investigação sobre a morte do refém caminha para o final.
Como Carivali assumiu ter feito os disparos, seu novo depoimento marcado para esta semana na Cogepol, onde pretende esclarecer as circunstâncias do disparo, deve ser o último ato do inquérito policial sobre o caso antes de o delegado-corregedor a frente do caso concluir o inquérito.
Diferentemente da investigação sobre a morte do sargento Ariel da Silva, 40 anos, horas antes, por tiros disparados por uma submetralhadora Famae calibre .40, Grillo descartou a realização de uma reconstituição da morte de Persch. Conforme ele, ainda não é possível antecipar qual será sua conclusão:
— Não posso antecipar nada, se foi ou não legítima defesa, por exemplo, pois ainda estamos juntando elementos para verificar as circunstâncias — limitou-se a dizer Grillo.
Procurado por Zero Hora, o delegado Carivali preferiu não comentar o resultado da perícia, pois a investigação está em andamento.
Reconstituição de morte de PM será no dia 17
A reconstituição da desastrosa ação dos policiais paranaenses integrantes do Tático Integrado Grupo de Repressão Especial (Tigre) em solo gaúcho, que resultou na morte de um PM em Gravataí, foi agendada para a noite do dia 17.
O trabalho a cargo dos peritos do Departamento de Criminalística contará com a presença dos três agentes do Tigre, que seguem presos em Curitiba em decorrência de um mandado de prisão temporária de 30 dias.
Segundo o delegado da Corregedoria-geral do Polícia Civil (Cogepol) Paulo Grillo, antes da reconstituição que ocorrerá às 23h da próxima terça, peritos do Instituto-geral de Perícias e agentes da Cogepol devem retornar nesta semana à rua de Gravataí onde o sargento da Brigada Militar Ariel da Silva, 40 anos, foi morto. A intenção é fazer um levantamento prévio do local:
– Em uma reunião hoje (ontem), no Departamento de Criminalística, ficou acertada a nova data. Pretendíamos fazer nesta quinta-feira, mas ainda são necessárias algumas informações que aguardamos de outras perícias – explicou o policial.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
CASO PC-PARANÁ - ARMA QUE MATOU REFÉM É DE DELEGADO REGIONAL DA PC-RS
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