Abordagem policial é acusada pelo fim trágico de cativeiro, em Gravataí - CORREIO DO POVO, 15/01/2012
Uma organização independente, formada por delegados paranaenses, chamada Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves, divulgou um relatório polêmico no qual culpa a Brigada Militar pelo desfecho trágico do sequestro em 21 de dezembro de 2011, em Gravataí, onde um refém foi morto pelo tiro de um delegado gaúcho, horas depois de um sargento do 17 BPM perder a vida durante incidente com agentes do Grupo Tigre da Polícia Civil do Paraná. O Comando de Policiamento Metropolitano da BM refutou as acusações, considerando-as "parciais" e querendo "imputar responsabilidades".
O confronto com o sargento ocorreu nas buscas ao cativeiro das vítimas de uma quadrilha de sequestradores. O sigilo da operação, após o incidente com o PM, teria sido "violado pela Brigada Militar, pois a foto de um dos sequestradores foi repassada à imprensa". A mulher de um dos sequestradores, aponta o relatório, "liga e avisa que o Tigre do Paraná está atrás dele e conta que acabou de ver uma foto dele no noticiário. Essa conduta incompreensível coloca em extremo risco a vida dos reféns e compromete o sucesso da operação".
Uma segunda equipe do Grupo Tigre, em uma Ranger, foi abordada pelos PMs em Gravataí, apesar de "ter sido alertada" a presença da mesma nas buscas do cativeiro. "Não se sabe a razão, mas policiais da Brigada Militar ignoraram o aviso e efetuaram a abordagem desta segunda equipe. Estes agentes usavam coletes de identificação, armas e rádios, mesmo assim, foram mantidos sob a mira de armas. A abordagem durou cerca de dez minutos", informa o relatório.
Um agente do Tigre, que monitorava a quadrilha, alertou a saída dos sequestradores do cativeiro em um Corsa, junto com os reféns. "Os delegados Danilo (Paraná) e Carivali (RS) não atendem, pois ambos estão sendo abordados pela Brigada, cada qual em um local distinto e sem contato visual. Essa abordagem, além de impedir a comunicação, ainda impede a chegada da equipe tática junto com os policiais do RS que encontraram o cativeiro no momento em que os sequestradores saíam com os reféns", diz o relatório. Segundo a Comissão Irmãos Naves, os policiais civis gaúchos foram surpreendidos. "Só tinham um caminho, agir de imediato, embora a intenção fosse a de aguardar a chegada da segunda equipe tática."
Brigada aponta corporativismo
Responsável pelo Comando de Policiamento Metropolitano (CPM) da BM, o coronel Silanus Mello refutou veementemente as acusações do relatório da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves, do Paraná. "Considero lamentável e irresponsável a atitude de querer jogar a culpa na BM pelo fato ocorrido com o refém, dando uma demonstração explícita de corporativismo, deixando de lado o racional e empenhando-se cegamente na defesa de seus colegas, e atropelando o inquérito sobre os fatos". Conforme Silanus Mello, é "uma inverdade a informação de que a BM se apossou da foto de um dos sequestradores e divulgou na mídia". Ele lembra que os policiais militares são "extremamente profissionais, com formação rigorosa e qualificada, e jamais colocariam em risco a vida de uma pessoa levianamente".
Para o comandante do CPM, outra inverdade é de que a BM foi informada sobre a Ranger com policiais civis do Paraná. "A BM foi acionada em razão de ligação telefônica ao 190, onde foi informado que havia um veículo suspeito com indivíduos portando arma de fogo circulando pela cidade", lembra. Ele rechaça a acusação de que a ação da BM foi obscura e irracional, considerando o relatório uma "total falta de respeito".
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
domingo, 15 de janeiro de 2012
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