ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

BOMBA, REVOLTA, DESCONTENTAMENTO, INSUBORDINAÇÃO?

EFEITO CASCATA. Acerto com delegados gera série de reações. Outras categorias da segurança também exigem calendário de reajuste - PEDRO MOREIRA, colaborou Letícia Duarte - zero hora 06/01/2012

A comemoração durou pouco. O alívio pela conquista do acerto salarial com os delegados na noite de quarta-feira, após longa negociação, acabou se transformando em dor de cabeça para o governo do Estado ao longo do dia de ontem. A quinta-feira foi marcada por manifestações indignadas de representantes das outras categorias da Segurança Pública, descontentes com o que consideram tratamento diferenciado oferecido pela administração estadual às autoridades da Polícia Civil.

A reação confirmou a perspectiva de que o calendário de reajustes aos delegados desencadeasse um efeito cascata de reivindicações. O presidente da Ugeirm-Sindicato, que representa escrivães, inspetores e investigadores de polícia, Isaac Ortiz, confirmou a manutenção do indicativo de greve, apesar de haver uma audiência marcada com representantes do governo para a sexta-feira da próxima semana, quando deve ser detalhado um calendário de aumentos para a categoria. Ortiz deu tons de dramaticidade ao avaliar o impacto que a proposta aos delegados causou nas demais categorias da polícia.

– Essa oferta caiu como uma bomba na polícia. Uma revolta muito grande, um clima de insubordinação e de rebeldia. Não tem como trabalhar com uma diferença de 720% no salário de delegado de primeira classe e um agente de primeira classe – criticou o presidente da Ugeirm.

O descontentamento também atingiu a entidade que representa os servidores de nível médio da Brigada Militar, a Abamf. A associação não descarta realizar assembleia conjunta com representantes de servidores da Polícia Civil para pressionar o governo. Uma reunião com representantes do Palácio Piratini agendada para ontem foi remarcada para a manhã de hoje.

– Os brigadianos estavam revoltadíssimos, porque no nosso acordo (salarial) disseram que não iam dar nada diferenciado para outras categorias. Mas não foi o que aconteceu. Ficamos preocupados porque não cumpriram com o acordo – criticou o presidente da Abamf, Leonel Lucas.

O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, já esperava pela avalanche de pedidos de reuniões e audiências encaminhados pelas entidades representativas. Ainda na quarta-feira, o secretário adiantou que chamaria todas as categorias da Segurança para retomar as negociações ao longo das próximas semanas. O governo considera um trunfo para as futuras tratativas o fato de que o calendário de reajuste para os delegados conceda reajustes apenas a partir de 2013.

– Desconheço um governo que, em um espaço tão curto de tempo, tenha feito tanto pela área da segurança – ponderou Pestana.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É de lamentar estas reações tipo "bomba", "descontentamento", "rebeldia" e "insubordinação" proclamadas pelas categorias policiais subordinadas, diante da justiça salarial conquistada por seu chefes e comandantes em paridade com as demais categorias gestores do Estado envolvidas no sistema criminal e jurídico. Ao invés de puxar para baixo, desvalorizar a profissão policial e nivelar por baixo todos os cargos policiais, todos deveriam aplaudir a vitória de seus superiores, mobilizar e animar o esforço na busca da verticalidade para aproximar os salários na mesma justiça dada aos seus chefes e comandantes.

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