ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

CRIME MATA MENOS, POLÍCIA MATA MAIS

LEANDRO PIQUET CARNEIRO, professor do Instituto de Relações Internacionais e pesquisador do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo. ESPECIAL PARA A FOLHA, 27/01/2012

São Paulo está ficando menos violento a cada ano desde 2000. Foram 11 anos de queda contínua no número de homicídios.

O número de mortos pela polícia não acompanhou essa tendência e teve uma variação média anual próxima de zero. Isso significa que no Estado de São Paulo a cada ano são mortas entre 400 e 500 pessoas pelas duas polícias. Proporcionalmente, o crime mata menos e a polícia mais.

Um levantamento inédito realizado pelo CI-PM (Centro de Inteligência da Polícia Militar) mostra que a maior parte das ocorrências em que a Polícia Militar mata algum oponente é produto de conflitos com criminosos armados e motivados para o conflito.

Entre 2008 e 2011, ocorreram 4.090 confrontos armados entre a PM e 10.640 criminosos. 17% desses criminosos (1.824) acabam mortos, 45% (4.770) presos, outros 13% (1.385) feridos e ainda 38% (4.046) conseguiram fugir.

É pouco provável que esses conflitos sejam "maquiados" para encobrir uma política deliberada de confronto. Nos quatro anos cobertos pelo levantamento, 62% dos conflitos com mortes ocorreram no atendimento de casos de roubo ou furto. A vítima consegue ligar para o 190, a PM envia uma viatura e quando ocorre o encontro com os assaltantes há troca de tiros e o desfecho violento.

Há mais feridos e presos do que mortos, o que é esperado em conflitos "honestos": são 3 feridos ou presos para cada oponente morto em média nos últimos quatro anos.

Um número pequeno de casos decorre do encontro com traficantes armados em favelas, foram apenas 176 ocorrências desse tipo em quatro anos, ou 5% do total. A maior parte das ocorrências foi durante o dia, em via pública e originada pela própria vítima, esse fato é importante.

Encontros com criminosos armados e motivados podem resultar facilmente em conflitos violentos. Nos 4.090 confrontos analisados pela CI-PM foram apreendidos 2.763 revolveres, 754 pistolas e 212 armas de repetição de grosso calibre.

Esses dados mostram que o complexo contexto criminal de São Paulo precisa ser levado em conta na análise da letalidade da ação policial.


Um em cada cinco mortos em São Paulo é vítima de PM - folha.com, 27/01/2012

Hoje na Folha Uma a cada cinco pessoas assassinadas na cidade de São Paulo em 2011 foi morta por um policial militar, estivesse ele em serviço ou não. A informação é de reportagem de André Caramante, Afonso Benites e Evandro Spinelli, publicada na Folha desta quarta-feira (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

Levantamento feito pela Folha, com base nos dados da Corregedoria da Polícia Militar, revela que, das 1.299 pessoas mortas na capital paulista nesse período do ano passado, 290 foram atingidas por PMs --22,3% do total.

As 290 mortes cometidas por PMs são casos de "resistência seguida de morte" (229) e homicídios dolosos fora do trabalho (61). Essa é a maior média de mortos por PMs desde 2005, proporcionalmente ao total de pessoas mortas na cidade.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Acho que este dado merece ser analisado em um contexto mais amplo: todos os crimes. É claro que bandido contra bandido (raros de ocorrerem) se matará menos do que os confrontos entre policiais e bandidos (rotiona policial). Num ambiente maior, deve-se verificar quantas vítimas inocentes nas mãos da bandidagem perderam suas vidas. Entretanto, concordo que todas as mortes ocorridas em confrontos devem ser sindicadas. Por este e outros motivos é que defendo a participação ativa do MP dentro assuntos internos das polícias, justamente para acompanhar estas apurações.

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/radardaviolencia/

Um comentário:

  1. O CEL REF JOSÉ MACEDO mandou o seguinte comentário:

    - Li teu comentário a respeito... O Ministério Público é o Fiscal da Lei e o Agente da Ação penal. Como Fiscal tem obrigação Constitucional de Fiscalizar a execução da Lei, se está sendo cumprida, em todos os campos da administração pública. Se a Lei não está sendo cumprida ou se há suspeita de infração à mesma o MP tem que agir, independente de qualquer ato formal de solicitação ou investigação. No meu entendimento é competência do MP agir assim, caso contrário é omissão do mesmo. Num Estado de Direito e Democrático o MP é o equalizador, os olhos de que a Lei está sendo cumprida. Quem tem medo do MP?

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