ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

domingo, 20 de março de 2011

SALARIAL - ÊXODO DE DELEGADOS DE SP PARA OUTROS ESTADOS

Êxodo policial no estado de São Paulo. Com um salário inicial entre os mais baixos do país, São Paulo perde delegados para outros estados ao mesmo tempo em que três entre dez cidades paulistas não têm titulares nas delegacias. Fabiano Nunes, DIÁRIO SP - segurança, 12/03/2011 21h59

Procura-se delegado, mas a remuneração não é das melhores. Esse poderia ser o texto do edital do próximo concurso para delegados em São Paulo, anunciado na quinta-feira pelo governador Geraldo Alckmin. O salário inicial é dos mais baixos no país.

Em Brasília, um delegado recém-aprovado em concurso ganha R$ 13 mil. Em São Paulo, esse valor é de R$ 5.500 em cidades pequenas e de R$ 5.800 na capital. Entre os 27 estados do país, o salário inicial do delegado paulista é o penúltimo.

Resultado: migração de policiais para outros estados. Dos 194 aprovados no concurso de 2009, 31 já pediram exoneração para atuar em outros estados. Enquanto isso, três em cada dez municípios paulistas não têm delegados.

Não são apenas os delegados que migram para outros estados. O investigador José Porfírio Dessa, de 57 anos, que durante sete anos trabalhou no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo, passou em um concurso para delegado da corregedoria no Espírito Santo no início da década de 1990. "A polícia de São Paulo tem uma das melhores infraestruturas do país, mas o salário é péssimo. Não havia perspectiva de crescimento. Por isso, me mudei para cá", conta Dessa.

Para Aloísio de Toledo César, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, a perda de inteligência policial precisa ser estancada.

"É uma vergonha comparar quanto ganha o delegado de São Paulo com outros estados. Roraima e Amapá, que são mais pobres, pagam mais. Isso desmotiva a categoria", afirma César.

Outro problema é o acumulo de funções. No interior, 31% dos municípios estão sem titulares. "Há delegados que respondem por quatro cidades. Atuamente, já temos um déficit de cerca de 200 profissionais", diz George Melão, presidente do Sindicato dos Delegados de São Paulo (Sindpesp).

Segundo ele, os estados que mais absorvem profissionais de São Paulo são Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. "Outros largam a profissão e prestam concursos para procurador, juiz ou delegado da Polícia Federal."

O governo do estado reconhece a falta de profissionais e anunciou novo concurso para selecionar 130 delegados. A decisão foi tomada durante reunião do governador com o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.

Os novos delegados podem levar até dois anos para assumir os cargos. "Esse é o tempo mínimo para a formação. Com isso, em 2013, outros delegados vão estar aposentados. Estamos atrasados na reposição de cargos", critica o sindicalista.

Na última sexta-feira, o sindicato realizou uma assembleia para definir a pauta da reivindicação salarial para 2011. "Queremos igualar o salário inicial ao piso do delegado federal, que é de R$ 14 mil", conta o presidente do sindicato.

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