A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 11 de março de 2011
INVESTIGAÇÃO HI-TECH - “Google” das digitais contra o crime
Técnicos quadruplicaram a identificação de suspeitos usando sistema que compara vestígios com dados de 6 milhões de gaúchos - CARLOS ETCHICHURY, Zero Hora 11/03/2011
Um serviço realizado pelo Departamento de Identificação, órgão ligado ao Instituto-geral de Perícias (IGP), reforçou o trabalho da polícia na cruzada para localizar criminosos. O software em poder do departamento é capaz de cruzar fragmentos de uma impressão digital coletados em locais de crime com dados contidos num banco que armazena informações de 6 milhões de gaúchos. Desde a implantação do sistema (o Afis, uma espécie de Google na busca por digitais) nas apurações criminais, há um ano, 110 suspeitos foram identificados – quatro vezes superior à media anual do departamento.
Éum avanço gigantesco. Antes do sistema, o cotejo do que era coletado pelos papiloscopistas nos locais de crime e do que integrava o acervo do departamento era feito de forma manual. Em outras palavras, se a polícia não sugerisse um rol de suspeitos para a checagem das provas, a pesquisa se tornava quase impossível.
– Com o Afis (pronuncia-se eifis), lançamos os fragmentos no sistema e surge uma lista com cerca de 10 pessoas, por exemplo, que podem ter os dados compatíveis. O passo seguinte fica facilitado porque o universo de pesquisa feito pelo papiloscopista é menor – detalha Rafael Silva do Nascimento, chefe da Divisão de Perícia Papiloscópica.
Conforme Nascimento, o aumento da eficiência tem alterado a relação da polícia com o próprio órgão.
– Esta nova turma de delegados, mais atenta às perícias técnicas, têm uma relação bem estreita conosco. Eles nos ligam direto para saber resultados de perícia e para trocar ideias – complementa.
RS ainda tem 8 milhões de registros fora do cadastro
A maior parte das digitais que constam no banco de dados do sistema foi reunida a partir de 2006, quando a coleta para confecção de carteiras de identidade tornou-se informatizada. Uma parte menor, mas significativa em se tratando de prática de delitos, estimada em 380 mil indivíduos, foi obtida junto à Polícia Civil, ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Eles compõem o total de suspeitos ou condenados por crimes ou atos infracionais no Estado nos últimos anos.
– Basta a polícia coletar algum fragmento de impressão digital, meio dedo que seja, para que a informação seja lançada no sistema. Se o suspeito tiver os dados digitalizados, o computador identifica – diz o diretor do Departamento de Identificação, Rodrigo Leffa Vieira.
Nem todos têm as 10 digitais coletadas pelo banco de dados porque há um passivo de 8,2 milhões de RGs, feitos pelo modelo antigo (até 2006), que não foram transferidos para o sistema informatizado.
– Não tivemos como fazer a transferência porque o custo para realizar esta operação é altíssimo – explica.
Nos últimos dias, o departamento está testando outra novidade tecnológica. Em vez de enviar laudos em papel para os delegados, os peritos têm encaminhado o resultado dos seus trabalhos por e-mail – reduzindo tempo e dinheiro.
COMO FUNCIONA
1. Na cena do crime, o papiloscopista busca por digitais em objetos, móveis, vidros, papéis, plásticos e em outros locais tocados pelo criminoso;
2. Na Divisão de Perícias Papiloscópicas, o material é analisado. Os melhores fragmentos (partes de uma impressão digital, pois raramente é possível encontrar uma impressão completa) da digital são selecionados e fotografados;
3. A partir dessa foto, o sistema faz o cruzamento com as 6 milhões de impressões digitais do banco de dados em vez da comparação manual. O software indica a lista de possíveis suspeitos, reduzindo o universo de investigados.
CASOS MARCANTES
- Mistério de quatro anos – No Departamento Médico Legal (DML) de Porto Alegre desde 2007, uma ossada pode ser identificada graças ao Afis. O exame de DNA não confirmou de quem era o corpo, e, por estar muito deteriorado, não podia ser reconhecido por familiares. Um trabalho de hidratação no tecido das mãos, feito por uma papiloscopista, possibilitou a coleta das impressões digitais, que foram identificadas pelo sistema.
- Vestígio na fivela – Em um ataque a banco em Nova Prata, na serra gaúcha, um dos criminosos deixou suas impressões digitais na fivela da cinta que prendia os explosivos ao cofre da agência. Após a Divisão de Perícia Papiloscópica ter acesso ao material, um processo químico mostrou as marcas. Após fotografadas, elas foram inseridas no sistema, que apontou o suspeito.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário