OPERAÇÃO PISCA-ALERTA. PF faz operação para prender policiais rodoviários acusados de corrupção - 25/03/2011 às 09h31m, Antonio Werneck
RIO - Policiais federais deflagraram na manhã desta sexta-feira uma operação em Angra dos Reis, Rio e Itaguaí para reprimir a corrupção de policiais rodoviários federais responsáveis pela fiscalização na BR-101 Sul (Rio-Santos). Cento e vinte agentes estão nas ruas desde as primeiras horas do dia. Até as 9h, uma pessoa já havia sido presa no posto da PRF de Angra dos Reis pela operação batizada como Pisca-Alerta.
Os policiais federais buscam cumprir dez mandados de prisão e 20 de busca e apreensão. Casas e endereços usados pelos suspeitos estão sendo vasculhadas neste momento. Agentes da Corregedoria e do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal participam da ação.
Em setembro do ano passado, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio foi afastada , depois que uma investigação também da Polícia Federal apontou o envolvimento de agentes em um esquema de liberação de veículos em situação irregular apreendidos na Via Dutra. Os dez envolvidos foram denunciados pelo Ministério Público.
A Operação Pisca-Alerta acontece mais de 40 dias depois da Operação Guilhotina, também deflagrada pela PF, que resultou na prisão de cerca de 30 policiais civis e militares suspeitos de envolvimento em diversos crimes e na saída do então chefe da Polícia Civil, delegado Allan Turnowski .
Entre os presos na Operação Guilhotina está o ex-subchefe de Polícia Civil, delegado Carlos Antônio Luiz de Oliveira, suspeito de fazer parte de uma quadrilha ligada ao desvio e venda de armas a traficantes. Ultimamente, ele atuava como subsecretário de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop).
As investigações que culminaram na Operação Guilhotina começaram em 2009. Através de escutas autorizadas pela Justiça, os agentes federais descobriram que os policiais em vez de prender, costumavam roubar os próprios traficantes, além de avisá-los sobre as operações da polícia nas comunidades. Pelo menos nove policiais civis e militares foram flagrados saqueando bens, dinheiro e pertences de moradores e traficantes dos Complexos da Penha e do Alemão, recentemente ocupado para a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 25 de março de 2011
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