PM preso escapa pela porta da frente do BEP - O GLOBO, 04/03/2011 às 23h43m, Sérgio Ramalho
RIO - O soldado PM Franklin Delano Roosevelt Maia Júnior escapou nesta sexta-feira pela porta da frente do Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na Zona Norte do Rio. Suspeito de integrar uma milícia em Jacarepaguá, o policial responde na justiça a dois processos por assassinato. Uma das vítimas, o também PM Cleidson Ferreira Palmares, foi morta após uma briga na Estrada dos Bandeirantes, em maio de 2009.
Em fevereiro, Franklin teria se envolvido em uma briga com outro PM preso e foi colocado em isolamento por dez dias. Na sexta, o soldado teria aproveitado a troca de setinela para fugir pela porta da frente do BEP. Em setembro passado, dois PMs ligados ao grupo paramilitar chefiado pelos irmãos Natalino e Jerônimo Guimarães Filho, que cumprem pena na penitenciária federal de Campo Grande (MS), escaparam pelo portão principal da prisão.
Os PMs Wellington Vaz de Oliveira e José Carlos da Silva fugiram após terem recebido autorização para trabalhar no pátio externo do BEP, de onde saíram pelo portão principal. À época, informações dos setores de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Civil indicavam que a fuga teria sido comprada por R$ 200 mil. Versão reforçada pela descoberta de que em agosto do ano passado, um mês antes da fuga, os PMs tiveram negadas autorizações para trabalhar no pátio do batalhão prisional.
São constantes os problemas envolvendo policiais presos no BEP. Em maio de 2009, O GLOBO revelou que PMs presos deixavam a unidade para ameaçar e até praticar assassinatos. Na época, investigações da Polícia Civil apontavam a participação de policiais, que deveriam estar presos, em pelo menos duas execuções.
Na mesma época, Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) desarticulou parte de uma milícia chefiada pelo ex-PM Fabrício Fernandes Mirra, que estava preso no BEP e, segundo as investigações, comandava as ações do grupo paramilitar de sua cela. O ex-PM circulava no interior da unidade prisional armado e com seguranças, conforme processo da Auditoria de Justiça Militar.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
segunda-feira, 7 de março de 2011
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