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quinta-feira, 18 de julho de 2013

POLÍCIA ARGUMENTA QUE NÃO PODE MANTER VÂNDALOS PRESOS PORQUE A LEI NÃO PERMITE

Após vandalismo na Zona Sul, PM vai repensar atuação em protestos. Cúpula de Segurança acredita que pacto com entidades falhou. Beltrame diz que planejamento para visita do Papa está pronto. Comandante da PM defende uso de gás lacrimogêneo para conter vândalos

O GLOBO
Atualizado:18/07/13 - 12h28

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha; e o comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro Costa Filho após reunião da Cúpula de Segurança do estado Marcos Tristão / Agência O Globo


RIO - A Polícia Militar informou nesta quinta-feira, após reunião de emergência convocada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, que vai repensar as estratégias de atuação em manifestações depois do tumulto provocado por vândalos no protesto desta quarta-feira na Zona Sul. Na avaliação da Cúpula de Segurança do estado, o pacto com organizações não-governamentais como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Anistia Internacional e entidades de direitos humanos não deu certo. Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o planejamento da polícia para atuação em protestos terá de ser refeito.

— Vamos analisar criteriosamente o que aconteceu ontem (quarta-feira), refazer o planejamento para uma próxima manifestação, analisar as medidas que não foram aplicadas e executá-las num novo protesto. Temos que pensar no que vai acontecer daqui pra frente — disse o secretário.

Ainda durante a entrevista coletiva, Beltrame afirmou que planejamento para a visita do Papa Francisco está pronto. O Pontífice chega ao Rio na segunda-feira para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que será realizada entre os dias 23 e 28 deste mês. O secretário de Segurança disse ainda que não tem informações de protestos marcados para o período da visita do Papa.

— Ele tem um protocolo. A agenda está em discussão do governo federal com o Vaticano. A gente sabe o que vai acontecer na agenda desta autoridade. A questão da manifestação é diferente, a PM está se adaptando, porque não há uma agenda coordenada. A gente está atento, mas tem que ver quando vai acontecer, se isso vai acontecer, porque a gente não tem esta informação — disse o secretário.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, afirmou que houve dificuldade em conter os vândalos que destruíram lojas, bancos e equipamentos públicos no Leblon e Ipanema na noite desta quarta-feira. Segundo ele, a falta de liderança, característica das manifestações que vêm sendo realizadas desde o mês passado, é um fator novo que a PM não estava preparada para lidar.

— Vimos ontem (quarta-feira) que houve dificuldades. Vamos repensar nossa estratégia para voltarmos a atuar como antes. Não sabemos quem está por trás disso tudo, tem muita gente perdida, mas nós não estamos perdidos. E se a PM não estiver ali, é anarquia — afirmou o comandante.

No início da tarde desta quinta-feira, o governador Sérgio Cabral divulgou uma nova nota sobre os atos de vandalismo. No comunicado ele chama o ocorrido de afronta, e reafirma sua posição de garantir o direito de ir e vir através das forças de Segurança Pública.

"Os atos de vandalismo na madrugada de ontem nos bairros do Leblon e de Ipanema são uma afronta ao Estado Democrático de Direito. O Governo do Estado reitera a sua posição de garantir, através das forças de Segurança Pública, não só o direito à livre manifestação, como também o direito de ir e vir e à proteção ao patrimônio público e privado."

Comandante da PM defende uso de gás lacrimogêneo

Na terça-feira, a PM havia dito que o uso de gás lacrimogêneo seria reduzido em manifestações. Segundo o coronel Erir Ribeiro, que defendeu o uso do equipamento, a medida prejudicou a ação da PM no protesto desta quarta-feira.

— O gás que todo mundo reclama é o menos letal. Serve pra dispensar os vândalos. Na ação de ontem (quarta-feira), a falta de uso de gás prejudicou a operação — disse o coronel.

Durante a entrevista coletiva após a reunião de emergência convocada pelo governador Sérgio Cabral, a chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, foi questionada sobre a quantidade de presos. Segundo a delegada, a polícia não pode manter os vândalos presos porque a lei não permite.

— A Polícia Civil não parou de trabalhar, mas tenho que seguir o que determina a lei. Alguns vândalos foram presos por formação de quadrilha, mas o crime é afiançável. Identificamos 16 pessoas por incitação à violência desde o início das manifestações, só que ninguém pode ficar detido por isso. Além do mais, o crime de dano ao patrimônio depende de representação, ou seja, de que as vítimas se manifestem — disse Martha Rocha, acrescentando que há três medidas cautelares em andamento, mas que dependem da apreciação da Justiça e do Ministério Público.

A polícia identificou nove pessoas suspeitas de participar de atos de vandalismo na noite desta quarta-feira nas ruas do Leblon e Ipanema. Elas foram detidas por incitação à violência, mas liberadas em seguida. Equipes da 14ª DP (Leblon) percorrem, na manhã desta quinta-feira, ruas do bairro em busca de imagens que possam identificar outros suspeitos. Além disso, os policiais fotogafram os estabelecimentos que foram depredados e orientam os proprietários a prestar queixa de crime de dano ao patrimônio.

— A polícia está trabalhando, mas tem o limite controlado pela lei. Eu não posso fazer milagre — afirmou a delegada Martha Rocha.

O encontro de emergência no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, aconteceu após protestos violentos nas ruas da cidade. Na noite desta quarta-feira, depois de uma manifestação pacífica perto da residência do governador, grupos atearam fogo em barricadas de lixo na Ataulfo de Paiva e na Visconde de Pirajá, saquearam lojas e depredaram bancos. A ação de vândalos deixou um rastro de destruição nos bairros do Leblon e Ipanema após confronto entre manifestantes e policiais.

Governador acusa adversários políticos

O governador Sérgio Cabral (PMDB) acusa seus adversários políticos de serem os responsáveis pelos protestos na sua vizinhança, no Leblon. Segundo ele, há uma tentativa de seus opositores de antecipar o calendário eleitoral. A acusação, no entanto, foi rebatida por possíveis concorrentes à eleição em 2014. O vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é o nome apoiado por Cabral para a sucessão no Palácio Guanabara.

Um grupo chegou a ficar acampado na esquina de Cabral e foi retirado pela Polícia Militar no último dia 2. Dois dias depois, um novo protesto no mesmo local terminou em confronto entre manifestantes e a polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo. Provável candidato do PR ao governo do Rio, o deputado federal Anthony Garotinho disse que a atitude de Cabral de atribuir as manifestações à oposição é “um devaneio” e “um delírio”:

O vereador Cesar Maia, que deve ser candidato pelo DEM, afirmou que o governador ainda não entendeu nada da dinâmica das redes sociais:

Pré-candidato do PT à sucessão no Palácio Guanabara, o senador Lindbergh Farias não quis comentar a declaração do governador. A pré-candidatura de Lindbergh abriu uma crise entre PT e PMDB. Os peemedebistas querem a manutenção da aliança nacional e pressionam para que o senador desista de concorrer ao posto para apoiar Pezão. Com a estratégia de se preservar, Lindbergh tem delegado a outros aliados a missão de falar por ele.





Postado por Jorge Bengochea às 10:26



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