Mais de 30 detidos após confusão em frente ao Palácio Guanabara. Mais cedo, mascarados jogaram rojão na sede do governo estadual. PM reagiu usando gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Fumaça invadiu residências e casa de saúde. Em nota, governador condenou atos de vandalismo
LETÍCIA FERNANDES
O GLOBO
Atualizado:12/07/13 - 8h57
Quase 30 detidos após confronto em frente ao Palácio Guanabara, em LaranjeirasMarcelo Piu / Agência O Globo
RIO - Após um início pacífico, com poucos manifestantes gritando palavras de ordem, o protesto realizado na Rua Pinheiro Machado, em frente ao Palácio Guanabara, ganhou contornos de vandalismo, na noite desta quinta-feira, com lançamento de rojão em direção ao prédio que abriga a sede do governo estadual e pessoas ateando fogo em sacos de lixo em ruas como Marquês de Pinedo e Presidente Carlos de Campos, em Laranjeiras. PMs reagiram usando gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. Placas e outros equipamentos públicos foram quebrados na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo. Houve conflitos na Praça São Salvador.
Por volta das 22h, a polícia voltou a fechar a Rua Pinheiro Machado nos dois sentidos, na altura do palácio. A via foi reaberta cerca de meia hora depois. Para tentar dispersar manifestantes, policiais jogaram jatos de água e atiraram balas de borracha contra a multidão. Quem tentou se abrigar na Casa de Saúde Pinheiro Machado, que fica na rua, foi obrigado a subir para o segundo andar do prédio, pois o cheiro do gás invadiu o primeiro andar. O local teve ainda vidraças quebradas pelas balas disparadas pela PM. Algumas pessoas passaram mal.
Morador do terceiro andar de um prédio da Rua Esteves Júnior, próximo à Praça São Salvador, o jornalista Carlos Macedo foi surpreendido com o lançamento de uma bomba de gás lacrimogêneo, que atingiu a cozinha de seu apartamento. Ele e a família estão abrigados num dos cômodos da residência, para se protegerem.
- A gente ouviu o barulho de um choque na janela e uma fumaceira tomou conta do ambiente. Como o cara conseguiu acertar a nossa janela é que é um mistério. Todo mundo estava correndo no chão. Descobrimos que a bomba está na cozinha mas ainda não pude ir lá. É por isso que a gente entende porque tanta gente morre de bala perdida - lamentou Macedo, acrescentando que todos em casa estão com os olhos irritados. - A gente tentou fotografar e se ferrou completamente. Agora estamos ilhados no único cômodo suportável.
O ato chegou a reunir cerca de mil pessoas e, segundo moradores da região, policiais do Batalhão de Choque atuam no entorno do palácio. A área foi cercada por aproximadamente 240 PMs, de três batalhões.
O rojão que atingiu o palácio foi lançado por volta das 19h40m e, naquele momento, não houve reação da PM. No entanto, manifestantes que estavam com os rostos cobertos teriam jogado pedras nos militares, que usaram gás lacrimogêneo e spray de pimenta para conter baderneiros. Segundo representantes da OAB que acompanharam o protesto no local, dez pessoas foram detidas e levadas para a 9ª DP (Catete). Três deles foram autuadas no artigo 262, 'expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento'. Todos foram liberados após o pagamento de fiança. Na 12ª DP (Copacabana), uma advogada foi autuada por desacato. Ela também foi liberada. Por volta das 23h, outras 22 pessoas foram detidas na Praça São Salvador.
Em nota, o governador Sérgio Cabral afirmou que atos de vandalismo não serão tolerados no estado: "Grupos que vão para as ruas com o objetivo claro de gerar o pânico e destruir o patrimônio público e privado tentam se aproveitar das recentes manifestações legítimas de milhares de jovens desejosos de participar e aperfeiçoar a democracia conquistada com muita luta pelo povo brasileiro".
Pelas redes sociais, moradores da região do Palácio Guanabara relatam confrontos entre manifestantes e policiais. Uma pizzaria na Marques de Abrantes teria sido atingida por gás lacrimogênio, o que provocou correria entre os clientes. Já na Senador Vergueiro, testemunhas contam que caçambas de lixo foram viradas e a placa com o nome da rua foi quebrada. Alguns carros também tiveram os vidros quebrados. Há relatos ainda de tiros e bombas na altura da Praia de Botafogo.
O leitor Rafael Carneiro viu quando um grupo de cerca de 20 homens, alguns deles mascarados, promoveram atos de vandalismo, ateando fogo em lixeiras, na Senador Vergueiro:
- Os mascarados pegaram as latas de lixo e jogaram no meio da rua, depois atearam fogo. Eu nunca tinha visto nada disso por aqui. Havia muito barulho de fogos. Foi muito chocante. A tropa do Choque veio logo atrás - afirmou.
Um homem que estava no meio da multidão e, segundo manifestantes, seria um infiltrado da PM, foi perseguido por participantes do ato, que jogaram galhos de árvore contra ele. O cordão da polícia se abriu para que o homem entrasse no Palácio Guanabara.
A fumaça do gás lacrimogêneo atingiu apartamentos de prédios da Pinheiro Machado e a Casa de Saúde Pinheiro Machado, onde várias pessoas procuraram abrigo. Algumas passaram mal por causa do forte cheiro.
- Isso é desumano, eu demorei duas horas pra chegar aqui, caí no chão, fui pisoteada - disse uma enfermeira da clínica, chorando.
Atualizado:12/07/13 - 8h57
Quase 30 detidos após confronto em frente ao Palácio Guanabara, em LaranjeirasMarcelo Piu / Agência O Globo
RIO - Após um início pacífico, com poucos manifestantes gritando palavras de ordem, o protesto realizado na Rua Pinheiro Machado, em frente ao Palácio Guanabara, ganhou contornos de vandalismo, na noite desta quinta-feira, com lançamento de rojão em direção ao prédio que abriga a sede do governo estadual e pessoas ateando fogo em sacos de lixo em ruas como Marquês de Pinedo e Presidente Carlos de Campos, em Laranjeiras. PMs reagiram usando gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. Placas e outros equipamentos públicos foram quebrados na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo. Houve conflitos na Praça São Salvador.
Por volta das 22h, a polícia voltou a fechar a Rua Pinheiro Machado nos dois sentidos, na altura do palácio. A via foi reaberta cerca de meia hora depois. Para tentar dispersar manifestantes, policiais jogaram jatos de água e atiraram balas de borracha contra a multidão. Quem tentou se abrigar na Casa de Saúde Pinheiro Machado, que fica na rua, foi obrigado a subir para o segundo andar do prédio, pois o cheiro do gás invadiu o primeiro andar. O local teve ainda vidraças quebradas pelas balas disparadas pela PM. Algumas pessoas passaram mal.
Morador do terceiro andar de um prédio da Rua Esteves Júnior, próximo à Praça São Salvador, o jornalista Carlos Macedo foi surpreendido com o lançamento de uma bomba de gás lacrimogêneo, que atingiu a cozinha de seu apartamento. Ele e a família estão abrigados num dos cômodos da residência, para se protegerem.
- A gente ouviu o barulho de um choque na janela e uma fumaceira tomou conta do ambiente. Como o cara conseguiu acertar a nossa janela é que é um mistério. Todo mundo estava correndo no chão. Descobrimos que a bomba está na cozinha mas ainda não pude ir lá. É por isso que a gente entende porque tanta gente morre de bala perdida - lamentou Macedo, acrescentando que todos em casa estão com os olhos irritados. - A gente tentou fotografar e se ferrou completamente. Agora estamos ilhados no único cômodo suportável.
O ato chegou a reunir cerca de mil pessoas e, segundo moradores da região, policiais do Batalhão de Choque atuam no entorno do palácio. A área foi cercada por aproximadamente 240 PMs, de três batalhões.
O rojão que atingiu o palácio foi lançado por volta das 19h40m e, naquele momento, não houve reação da PM. No entanto, manifestantes que estavam com os rostos cobertos teriam jogado pedras nos militares, que usaram gás lacrimogêneo e spray de pimenta para conter baderneiros. Segundo representantes da OAB que acompanharam o protesto no local, dez pessoas foram detidas e levadas para a 9ª DP (Catete). Três deles foram autuadas no artigo 262, 'expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento'. Todos foram liberados após o pagamento de fiança. Na 12ª DP (Copacabana), uma advogada foi autuada por desacato. Ela também foi liberada. Por volta das 23h, outras 22 pessoas foram detidas na Praça São Salvador.
Em nota, o governador Sérgio Cabral afirmou que atos de vandalismo não serão tolerados no estado: "Grupos que vão para as ruas com o objetivo claro de gerar o pânico e destruir o patrimônio público e privado tentam se aproveitar das recentes manifestações legítimas de milhares de jovens desejosos de participar e aperfeiçoar a democracia conquistada com muita luta pelo povo brasileiro".
Pelas redes sociais, moradores da região do Palácio Guanabara relatam confrontos entre manifestantes e policiais. Uma pizzaria na Marques de Abrantes teria sido atingida por gás lacrimogênio, o que provocou correria entre os clientes. Já na Senador Vergueiro, testemunhas contam que caçambas de lixo foram viradas e a placa com o nome da rua foi quebrada. Alguns carros também tiveram os vidros quebrados. Há relatos ainda de tiros e bombas na altura da Praia de Botafogo.
O leitor Rafael Carneiro viu quando um grupo de cerca de 20 homens, alguns deles mascarados, promoveram atos de vandalismo, ateando fogo em lixeiras, na Senador Vergueiro:
- Os mascarados pegaram as latas de lixo e jogaram no meio da rua, depois atearam fogo. Eu nunca tinha visto nada disso por aqui. Havia muito barulho de fogos. Foi muito chocante. A tropa do Choque veio logo atrás - afirmou.
Um homem que estava no meio da multidão e, segundo manifestantes, seria um infiltrado da PM, foi perseguido por participantes do ato, que jogaram galhos de árvore contra ele. O cordão da polícia se abriu para que o homem entrasse no Palácio Guanabara.
A fumaça do gás lacrimogêneo atingiu apartamentos de prédios da Pinheiro Machado e a Casa de Saúde Pinheiro Machado, onde várias pessoas procuraram abrigo. Algumas passaram mal por causa do forte cheiro.
- Isso é desumano, eu demorei duas horas pra chegar aqui, caí no chão, fui pisoteada - disse uma enfermeira da clínica, chorando.
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