ZERO HORA ONLINE Atualizada em 01/09/2012 | 10h50
Coronel da BM mandou abrir sindicância para apurar agressão flagrada em vídeo. Fotos de agressão em parque de Porto Alegre repercutem nas redes sociais
Fotos circularam pelo Facebook de um grupo de pessoas ligadas ao skate Foto: Reprodução Facebook / Divulgação
Humberto Trezzi
Após a repercussão de fotos que registram a violenta abordagem de policiais militares a um jovem na tarde de sexta-feira, no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, o chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), órgão que coordena a Brigada Militar na Capital, o coronel Alfeu Freitas mandou abrir sindicância para verificar os fatos.
— Nem preciso ver as imagens para desconfiar que algo errado aconteceu nessa abordagem. Se o rapaz estava apenas filmando e nem agrediu ninguém, não teria porque usar da violência para contê-lo ou impedir sua filmagem — analisa Freitas.
Caso se constate indício de crime, como abuso de autoridade e agressões, a sindicância pode se transformar em Inquérito Policial Militar. O coronel classificou a abordagem truculenta dos PMs como inexplicável:
— Eram três policiais fortes, um deles com arma longa, para conter apenas um rapaz desarmado? E tinha mulher e bebê ainda? É inexplicável — pondera Freitas.
Freitas diz que o episódio poderá servir para uma reflexão, na BM, sobre maneiras de lidar com o cidadão.
Policiais teriam agredido jovem porque ele estava filmando abordagem
Daniel Venuto estava com a esposa Renata Vaz e a filha de quatro meses no Parque Marinha do Brasil, quando teria sido agredido por agentes do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM).
— Os policiais estavam próximos à pista de skate, orientando para que não houvesse algazarra e ele (Daniel) começou a filmar com o celular. Foi quando dois brigadianos tentaram tomar o celular. Como o Daniel não quis dar, começaram a bater nele — narra Renata.
O episódio foi registrado em fotos que circularam no Facebook e, até a manhã de sábado, uma das fotos já havia computado 2.308 compartilhamentos e 1.112 curtidores. Um skatista que frequentava o local filmou, com celular, o momento em que três PMs tentam dominar Daniel, colocando-o de bruços no chão, com joelho sobre as costas, para algemá-lo. Podem ser ouvidos os gritos de Renata ("vai matar ele, vai matar ele") e os apelos de Daniel: "sou trabalhador, eu sou empresário, estava passando, assim tu vai quebrar meu braço".
Renata carregava no colo a bebê, que abre a boca de espanto.
Os PMs, ligados ao Pelotão de Operações Especiais (POE) do 1º BPM, estavam em três. Um deles carrega uma escopeta (espingarda de repetição), apontada para o chão.
Depois de ser algemado e levado à 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, Daniel Venuto registrou uma ocorrência contra os policiais militares e fez um exame de corpo de delito.
— Não somos agitadores, mas não queremos que essa situação fique impune, foi abuso de autoridade — reforça.
Contatada por Zero Hora, a 2ª DP confirmou ter recebido a ocorrência. A policial plantonista, que não quis informar o nome, disse que as providências serão tomadas na próxima semana, quando o delegado tomará conhecimento do caso.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sábado, 1 de setembro de 2012
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