O SUL, 26/09/2012
WANDERLEY SOARES
Policiais militares alegam inocência e continuarão em liberdade.
A juíza Tânia Cristina Dresch Buttinger, da Vara Judicial da Comarca de Flores da Cunha, proferiu sentença condenando os policiais militares Gilberto Guntzel de Oliveira, Alexandre Augusto Silva da Silva, Luís Carlos de Mattos, Valério Zorzi, Ademir Dorneles Severo, Enéias Gonçalves Falcão, Jéferson dos Santos Silveira, Édison Hildebrando Ribas dos Santos e Wladinir Vieira pela prática de crime de tortura por quatro vezes. O grupo de policiais ficou conhecido como "Tropa de Elite da Serra Gaúcha" em razão da semelhança entre os fatos dos quais são acusados com cenas do filme nacional lançado meses antes. Para todos os apenados, a condenação, se confirmada nas demais instâncias judiciais, acarretará a perda do cargo, função ou emprego público, e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Sigam-me.
Inimigos
Vivi um tempo em que os repórteres eram considerados pelos chamados "policiais linha de frente" como inimigos e, nisso, tinham tais agentes o respaldo, nem sempre velado, de seus superiores. Isso porque, antes e durante a ditadura, quem quer que fosse detido, tirante os ricos e os de classe média alta, apanhava, fosse mulher, fosse homem, fosse adolescente e, principalmente, se fosse negro. Vigorava com plenitude um código costumeiro que fazia valer a lei dos dois terços, que significava um terço de conversa e dois de pau, inclusive para testemunhas. Ao combater, desarmados, este costume, os jornalistas passaram a ser considerados inimigos. Havia exceções. Alguns jornalistas até assessoravam os espancamentos, assim como policiais que evitavam qualquer envolvimento com atrocidades. Mas eram apenas exceções. Pois o caso de Flores da Cunha me faz voltar a este passado terrível. Os policiais militares condenados negam as sevícias e terão oportunidade de postularem inocência nas demais instâncias. A lição que fica, no entanto, é que nada justifica o suplício, que sempre será um crime hediondo.
Semi-liberdade
A Justiça de Novo Hamburgo concedeu regime semiaberto ao empresário Luiz Henrique Sanfelice, de 48 anos. Ele está condenado pelo assassinato de sua mulher, a jornalista Beatriz Rodrigues, crime ocorrido em 2004.
Soldados
Cinco jovens foram presos, durante a madrugada de ontem, após cometerem três assaltos, em sequência, em linhas de transporte coletivo de Porto Alegre. Segundo a polícia, três dos moços são do Exército. O grupo estava num Gol branco, de São Paulo, e assaltou duas lotações e um ônibus que fazem trajetos para a Zona Sul. A prisão ocorreu na rua Albion, no Partenon.
Aposentado reagiu
Dois homens arrombaram uma casa na avenida Cristiano Fischer, bairro Bom Jesus, em Porto Alegre. O morador, um policial aposentado, reagiu e baleou um dos criminosos, que está no Hospital Cristo Redentor. O outro bandido fugiu.
Brigada
O Piratini abriu um novo flanco de enfrentamento com a oficialidade da Brigada Militar. O projeto que busca conservar companheiros na cúpula brigadiana, alterando o estatuto da corporação, está causando até mesmo indignação. Mas a política da transversalidade é, atualmente, invencível.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
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