A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
PLANO PARA "ATINGIR GOVERNO"
FOLHA.COM. 20/09/2012 - 06h45
Ofício de agentes federais prevê plano para 'atingir governo'
MATHEUS LEITÃO
FERNANDO MELLO
DE BRASÍLIA
Um documento da entidade que reúne agentes da Polícia Federal atualmente em greve revela um plano estratégico "atingir negativamente o governo federal".
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) diz que "tem como meta criar motivação política para o público interno, sensibilizando a opinião pública e os parlamentares".
Datado de maio de 2011, o plano foi bolado um ano e meio antes de os servidores ligados à Fenapef entrarem em greve, em 7 de agosto.
A entidade representa agentes, papiloscopistas (especialistas em identificação) e escrivães da PF --mas não os delegados.
A categoria é a única ainda parada no funcionalismo federal, que no primeiro semestre fez uma onda de protestos contra o governo Dilma.
O ofício, obtido pela Folha, sugere a contratação de uma empresa de marketing para conquistar o apoio às reivindicações que hoje norteiam a paralisação.
A Fenapef, de fato, contratou um especialista em marketing em julho e agosto --auge da greve. O texto menciona a realização de "panfletaços no Congresso e aeroportos [...] visando atingir o público político" -manifestações que ocorreram em julho.
O plano circulou entre diretores da entidade, que representa 14 mil agentes da ativa e aposentados.
Entre as preocupações apontadas pelo documento está o interesse em "focar nos delegados" --hoje, agentes e delegados estão numa guerra civil dentro da PF.
Os agentes reivindicam uma reestruturação de carreira para ganharem, além de reajuste, mais autonomia e protagonismo nas operações. Querem atingir cargos como de diretor-geral (posto máximo) ou de superintendente regional (chefes nos Estados), hoje exclusivo de delegados.
Procurada, a direção da PF informou que espera "que a greve tenha uma solução rápida", mas que "não há previsão" para que isso ocorra.
OFICIAL
O presidente da Fenapef, Marcos Wink, diz não saber quem foi o autor do documento, mas que ele não foi aprovado oficialmente.
"Isso não passou por mim, mas em momento algum eu aceitaria, porque você não pode ser maluco de brigar com quem você está negociando", disse.
"Hoje, que estamos em greve, você não vê a gente atacar o governo. Imagina na época, quando estávamos em uma boa conversa."
Para ele, críticas podem surgir nos debates internos da federação, mas são episódios pontuais encabeçados por alguns sindicatos.
Wink diz que "existe uma crise de relacionamento interno na Polícia Federal" entre delegados e agentes.
"Os delegados assumiram todas as chefias, todos os espaços", afirmou. "Existe um racha entre as categorias, clima muitíssimo pesado entre a gente e os delegados."
De acordo com Wink, a contratação de um profissional de marketing ocorreu por dois meses, para "dar orientação".
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