ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

IRRESPONSABILIDADE FEDERAL

FOLHA.COM 25/09/2012 - 03h30

EDITORIAL


Um balanço de perdas e transtornos causados pela greve de policiais federais, que já dura mais de mês e meio, torna-se ainda mais desolador com o exame das razões alegadas para o movimento.

A paralisação fez despencar o número de operações para desbaratar esquemas criminosos. Da média de 23 por mês, até julho, as ações caíram para nove, em agosto, e quatro, na primeira quinzena deste mês. Segundo grevistas, houve também queda em apreensões de drogas nas fronteiras do país.

Em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e no Paraná, Estados que concentram tais intervenções, teriam sido confiscados desde agosto meros 31 quilos de cocaína, resultado ínfimo diante da média mensal de quatro toneladas.

Como ameaça adicional, policiais da área de inteligência e análise --responsáveis por investigações mais complexas, como as que utilizam grampos telefônicos-- também prometem cruzar os braços.

Estão em greve agentes, escrivães e papiloscopistas, 60% do efetivo de quase 14 mil servidores da Polícia Federal. Seus pleitos estão mais relacionados a ambições corporativas do que propriamente a queixas salariais.

Nos dois mandatos do presidente Lula, a remuneração desses cargos quase dobrou, considerados os valores do topo da carreira (atualmente, R$ 11.879 mensais). Descontada a inflação, os ganhos superam em 15% os de uma década atrás.

A categoria almeja se aproximar, na escala salarial e na hierarquia funcional, de delegados e peritos. Estes compõem a elite da PF, cujos vencimentos máximos, próximos dos R$ 20 mil, são os mais altos das carreiras do Executivo federal.

A disputa é antiga. Em 2004, policiais pararam por mais de dois meses para reivindicar indefensável equiparação com os superiores.

Menos mal que o governo tenha anunciado o corte do ponto dos grevistas. E que o Superior Tribunal de Justiça tenha determinado, na sexta-feira, a preservação integral dos serviços relacionados a portos, aeroportos e eleições.

Após recusarem a oferta de reajuste de 15,8% parcelados em três anos, os policiais federais são os remanescentes isolados das paralisações de servidores com estabilidade. Delegados e peritos aceitaram a proposta do governo.

Um movimento irresponsável, que compromete a segurança da população, em nada ajuda essa demanda corporativista por maior prestígio no serviço público.

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