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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

EXPULSOS POR ROUBO DURANTE RETOMADA DO ALEMÃO


PMs são expulsos por roubo durante retomada do Alemão. Ouvidoria recebeu várias denúncias de saque durante a ocupação do complexo de favelas

O GLOBO 21/09/12 - 13h32


RIO - O sargento Jorge Francisco Machado e o soldado Eduardo Souza Lopes, que eram lotados no 16º BPM (Olaria), foram expulsos da Polícia Militar por terem roubado pertences do apartamento de uma mulher, próximo ao Complexo do Alemão, que teria vínculo com o traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, conforme antecipou Ancelmo Gois ontem em sua coluna no GLOBO. O crime aconteceu durante a retomada do Alemão, em novembro de 2010. A decisão pela expulsão foi do comandante geral da PM, coronel Erir Ribeiro, que foi publicada no boletim interno da corporação no último dia 10. Na ocasião, vários moradores reclamaram de furtos e roubos praticados por policiais que participaram da retomada das favelas.

Na época, o representante de vendas e pastor da Assembleia de Deus Ronai de Almeida Lima Braga Júnior, de 32 anos, denunciou na 22ª DP (Penha) o roubo de R$ 31 mil em dinheiro. A quantia teria sido roubada quando a casa do pastor, na Rua Dezesseis, foi invadida por um policial que usava farda preta, com o nome Carlos e o tipo sanguíneo A positivo escritos no colete. A casa teria sido destruída por dentro.

O pastor levou à delegacia três comprovantes, nos valores de R$ 5.300, R$ 10.520 e R$ 4.729. Ronai afirmou ter recebido o dinheiro havia poucos dias e que não teve oportunidade de depositá-lo. Durante a mega operação, que retomou o território das mãos dos traficantes, o pastor, revoltado, comentou:

— Tenho esperança de ser ressarcido desse valor. Creio que a justiça vai ser feita. Lutei muito para juntar esse dinheirinho, todo mês um pouquinho, durante oito anos, e agora me roubam dentro de casa. Eu estava na casa de um vizinho. Quando retornei, vi todos os móveis destruídos, tudo revirado, e os vizinhos me disseram que tinha sido um policial fardado de preto.

Ontem, o governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, comentaram a expulsão.

— Não há distinção de policiais de UPP, batalhões, do Bope, Choque. Quem se comportar mal, quem cometeu o ilícito vai responder por isso — disse Cabral.

Beltrame comentou ser a favor da expulsão:

— O problema da corrupção existe em todas as áreas. O que temos que fazer é extirpar exemplarmente da corporação.

As denúncias, na época, levaram à criação de uma ouvidoria em caráter emergencial. Após uma reunião com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o então comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, juntou a tropa no pátio do 16º BPM e ameaçou expulsar os policiais corruptos "em forma", ou seja, apontando o culpado na frente dos colegas. Há 30 anos isso não ocorre na PM do Rio.

Durante uma caminhada pelo Alemão, na Rua Joaquim de Queiroz, em Ramos, Mário Sérgio ouviu a reclamação de Carlos Lopes da Silva, de 53 anos, de que sumiram de sua casa, após uma revista da polícia, uma TV de 42 polegadas, R$ 200 e todos os seus documentos. Foi quando o militar afirmou:

— Nós não viemos aqui para criar problemas para os senhores. Viemos aqui para ser a solução. Estamos aqui não por um tempo determinado. Agora é para sempre. Muitas forças atuaram nesta operação. A Polícia Militar, a Polícia Federal. Vamos identificar os autores — disse Mário Sérgio.

As reclamações e denúncias chegaram às redes sociais como Twitter e Facebook. Por exemplo, o patrão de uma doméstica que mora no Alemão contou, numa rede social, que precisou ir ao morro porque a empregada, ao retornar para a sua casa depois da ocupação, encontrou o imóvel revirado e saqueado. Segundo ele, roubaram um videogame, um relógio e pequenas joias: "É triste saber que uma pessoa trabalhadora e pobre precisa da minha ajuda para entrar na sua própria casa. É triste saber também que a polícia continua a mesma", escreveu ele na época.

A banda podre da políica tem o costume de ficar com os pertences de traficantes após as operações. É o que eles chamam de "espólio de guerra". As imagens de duas TVs de LCD danificadas por tiros, além de outros eletrodomésticos destruídos na casa do traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, no Complexo do Alemão, durante a operação, teve um motivo: o bandido não queria que seus móveis fossem saqueados por policiais.

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