FOLHA.COM 10/01/2014 - 10h50
10/01/2014 - 10h50
Polícia diz que não vê irregularidades em evolução salarial de professora
DE SÃO PAULO
A Polícia Civil de São Paulo informou não haver irregularidade na contratação da escrivã pela academia de polícia nem no fato de ter havido um aumento salarial após o marido se tornar chefe dela.
"O fato de a professora ter vínculo de parentesco com a autoridade dirigente não constitui irregularidade", disse ta nota. "Também não existe nenhuma norma que proíba o exercício da atividade docente em virtude do vínculo de parentesco", diz.
"[Professora dobra salário após marido chefiar a Academia de Polícia de SP]": http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1395821-professora-dobra-salario-apos-marido-chefiar-a-academia-de-policia-de-sp.shtml
Ainda de acordo com a polícia, a escrivã foi aprovada em concurso numa decisão "autônoma e independente da Comissão do Processo Seletivo, homologada posteriormente pelo órgão colegiado daquela Casa de Ensino".
"Isso significa que o então Divisionário da Secretaria de Concursos Públicos não teve nenhuma participação e não exerceu qualquer influência ou interferência na aprovação da referida docente."
Sobre o aumento do salário da professora, embora não tenha fornecido explicações solicitadas, a polícia diz não haver nada de irregular.
A Polícia Civil chegou a enviar nota dizendo que o aumento do salário da escrivã que "teve um aumento significativo no mês de fevereiro em decorrência do seu aniversário, ocasião em que recebe 50% do seu 1/3 salário".
Os cálculos da Folha não contam as chamadas parcelas eventuais "como: férias, antecipação de 13º salário, indenizações, bonificações. A ser apontado esse fato, a Polícia Civil não mais explicou o aumento salarial.
"Todos os vencimentos, sejam da professora em questão, sejam dos demais membros do corpo docente, são decorrentes de atividades efetivamente executada pelos profissionais. Assim, referem-se serviço prestado."
A Folha solicitou entrevista com o diretor da academia e com a escrivã desde o início de outubro, mas não teve resposta. A assessoria da Polícia Civil informou que as notas foram com colaboração com o diretor da academia.
Professora dobra salário após marido chefiar a Academia de Polícia de SP
ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO
Uma professora da Academia de Polícia de São Paulo viu sua renda mensal dobrar desde o início do 2013, justamente após o marido dela se tornar seu chefe.
A escrivã Patrícia Leite de Barros, casada com o delegado Mário Leite de Barros, tinha uma renda média de R$ 5.300 até dezembro de 2012. Depois de janeiro, quando o marido tornou-se diretor da academia, essa média mais que dobrou: atingiu R$ 11,7 mil (dados do portal da transparência do governo paulista).
Parte desse salário de Patrícia vem das atividades exercidas por ela na academia, quer como professora, quer como integrante de comissões de concursos ou processos seletivos realizados pela própria academia.
Cada hora de aula na academia equivale a R$ 70,24 ou R$ 158,04, dependendo do grau do professor. Esse valor também é pago para quem participa das comissões.
Escrivã de primeira classe, com salário base de R$ 3.390,60, a escrivã recebeu em novembro R$ 12.548,48 brutos, mais que cerca de 60% dos delegados.
Foi quase o dobro do salário do presidente da Associação dos Escrivães de Polícia, Horácio Garcia de Oliveira, escrivão de classe especial e com 38 anos de polícia. Ele recebeu R$ 6.817,00. "Lutamos há 30 anos pelo nosso reconhecimento salarial", disse.
Ela foi aprovada em processo seletivo na academia em outubro de 2012, meses após o marido assumir a Secretaria de Concursos Públicos, setor responsável pela organização de todos os concursos (internos e externos) da própria academia.
Formada em direito, foi aprovada para ministrar aulas de gestão de pessoal. A polícia diz que ela tem especialização nessa área. A reportagem solicitou à polícia autorização para acompanhar uma aula, mas a informação foi de que ela não tinha turmas no momento.
Por ser professora, foi convidada para participar de processos seletivos de gestão de recursos humanos, documentoscopia e nos concursos públicos de papiloscopista e de escrivão de polícia.
"A professora Patrícia foi indicada em razão da sua vasta experiência na área de polícia judiciária, secretariando os atos das comissões, na condição de escrivã", diz nota da Secretaria de Segurança Pública paulista.
Professores da academia ouvidos pela Folha, na condição de anonimato, dizem ser muito incomum um professor recém contrato ser requisitado para tantas bancas. Dizem que também não é comum a indicação de escrivães para secretariar comissões.
A pasta alega ainda que a contração da escrivã não teve influência do marido quando era secretário.
A policial é lotada no Deinter (Departamento de Polícia Judiciária) de Bauru e para participar de parte de suas atividades precisa se deslocar até 343 quilômetros. A Secretaria da Segurança Pública disse que não vê irregularidades.
Diz que a escrivã vem trabalhar em SP com recursos próprios de carro particular ou de ônibus, ou pega alguma carona com carros oficiais. "Portanto, não há qualquer ônus ao erário, mesmo porque parte dessas atividades é exercida no Núcleo de Ensino do Interior de Bauru."
ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO
Uma professora da Academia de Polícia de São Paulo viu sua renda mensal dobrar desde o início do 2013, justamente após o marido dela se tornar seu chefe.
A escrivã Patrícia Leite de Barros, casada com o delegado Mário Leite de Barros, tinha uma renda média de R$ 5.300 até dezembro de 2012. Depois de janeiro, quando o marido tornou-se diretor da academia, essa média mais que dobrou: atingiu R$ 11,7 mil (dados do portal da transparência do governo paulista).
Parte desse salário de Patrícia vem das atividades exercidas por ela na academia, quer como professora, quer como integrante de comissões de concursos ou processos seletivos realizados pela própria academia.
Cada hora de aula na academia equivale a R$ 70,24 ou R$ 158,04, dependendo do grau do professor. Esse valor também é pago para quem participa das comissões.
Escrivã de primeira classe, com salário base de R$ 3.390,60, a escrivã recebeu em novembro R$ 12.548,48 brutos, mais que cerca de 60% dos delegados.
Foi quase o dobro do salário do presidente da Associação dos Escrivães de Polícia, Horácio Garcia de Oliveira, escrivão de classe especial e com 38 anos de polícia. Ele recebeu R$ 6.817,00. "Lutamos há 30 anos pelo nosso reconhecimento salarial", disse.
Ela foi aprovada em processo seletivo na academia em outubro de 2012, meses após o marido assumir a Secretaria de Concursos Públicos, setor responsável pela organização de todos os concursos (internos e externos) da própria academia.
Formada em direito, foi aprovada para ministrar aulas de gestão de pessoal. A polícia diz que ela tem especialização nessa área. A reportagem solicitou à polícia autorização para acompanhar uma aula, mas a informação foi de que ela não tinha turmas no momento.
Por ser professora, foi convidada para participar de processos seletivos de gestão de recursos humanos, documentoscopia e nos concursos públicos de papiloscopista e de escrivão de polícia.
"A professora Patrícia foi indicada em razão da sua vasta experiência na área de polícia judiciária, secretariando os atos das comissões, na condição de escrivã", diz nota da Secretaria de Segurança Pública paulista.
Professores da academia ouvidos pela Folha, na condição de anonimato, dizem ser muito incomum um professor recém contrato ser requisitado para tantas bancas. Dizem que também não é comum a indicação de escrivães para secretariar comissões.
A pasta alega ainda que a contração da escrivã não teve influência do marido quando era secretário.
A policial é lotada no Deinter (Departamento de Polícia Judiciária) de Bauru e para participar de parte de suas atividades precisa se deslocar até 343 quilômetros. A Secretaria da Segurança Pública disse que não vê irregularidades.
Diz que a escrivã vem trabalhar em SP com recursos próprios de carro particular ou de ônibus, ou pega alguma carona com carros oficiais. "Portanto, não há qualquer ônus ao erário, mesmo porque parte dessas atividades é exercida no Núcleo de Ensino do Interior de Bauru."
10/01/2014 - 10h50
Polícia diz que não vê irregularidades em evolução salarial de professora
DE SÃO PAULO
A Polícia Civil de São Paulo informou não haver irregularidade na contratação da escrivã pela academia de polícia nem no fato de ter havido um aumento salarial após o marido se tornar chefe dela.
"O fato de a professora ter vínculo de parentesco com a autoridade dirigente não constitui irregularidade", disse ta nota. "Também não existe nenhuma norma que proíba o exercício da atividade docente em virtude do vínculo de parentesco", diz.
"[Professora dobra salário após marido chefiar a Academia de Polícia de SP]": http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1395821-professora-dobra-salario-apos-marido-chefiar-a-academia-de-policia-de-sp.shtml
Ainda de acordo com a polícia, a escrivã foi aprovada em concurso numa decisão "autônoma e independente da Comissão do Processo Seletivo, homologada posteriormente pelo órgão colegiado daquela Casa de Ensino".
"Isso significa que o então Divisionário da Secretaria de Concursos Públicos não teve nenhuma participação e não exerceu qualquer influência ou interferência na aprovação da referida docente."
Sobre o aumento do salário da professora, embora não tenha fornecido explicações solicitadas, a polícia diz não haver nada de irregular.
A Polícia Civil chegou a enviar nota dizendo que o aumento do salário da escrivã que "teve um aumento significativo no mês de fevereiro em decorrência do seu aniversário, ocasião em que recebe 50% do seu 1/3 salário".
Os cálculos da Folha não contam as chamadas parcelas eventuais "como: férias, antecipação de 13º salário, indenizações, bonificações. A ser apontado esse fato, a Polícia Civil não mais explicou o aumento salarial.
"Todos os vencimentos, sejam da professora em questão, sejam dos demais membros do corpo docente, são decorrentes de atividades efetivamente executada pelos profissionais. Assim, referem-se serviço prestado."
A Folha solicitou entrevista com o diretor da academia e com a escrivã desde o início de outubro, mas não teve resposta. A assessoria da Polícia Civil informou que as notas foram com colaboração com o diretor da academia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário