REVISTA VEJA. Blog Reinaldo Azevedo 25/01/2014 às 6:51
Reportagem do JN mostra que a PM já pensa como boa parte dos jornalistas. E quem sofre é o povo pobre. Ou: Por que o Centro de SP não merece o mesmo tratamento do Centro do Rio?
Que coisa! O Jornal Nacional acaba de mostrar uma reportagem sobre um bando de adolescentes que assalta pessoas no centro do Rio, à luz do dia, com tranquilidade, com desassombro, sem temer nada nem ninguém. A reportagem mostra que policiais militares estão por ali e não fazem nada. Em seguida, os jovens aparecem cheirando solvente, a poucos metros, informa o JN, do Tribunal de Justiça.
O JN foi ouvir a polícia. Uma porta-voz da Polícia Militar resolveu tocar música para os ouvidos politicamente corretos: afirmou que o problema dos jovens não era de segurança, não era de polícia, mas um, atenção!, “problema social”, de “saúde pública”. E convidou os assaltados a fazer boletim de ocorrência. É mesmo? Para quê? Observem: a porta-voz da PM esqueceu, em sua fala, que havia pessoas sendo assaltadas. Ao falar, ela se referiu apenas aos assaltantes.
Está acontecendo o pior — e eu mesmo alertei para isso num post desta tarde: as forças policiais estão incorporando o discurso da imprensa, das ONGs, dos politicamente corretos, do governo federal, dos petistas.. “Roubo é problema social”. “Droga é problema social e de saúde.”Ora, se é, polícia para quê?
Os policiais sabem muito bem que, se partirem para a repressão, com ou sem abusos, terão de responder por… abusos! A imprensa cai de pau. O Ministério Público cai de pau. A OAB cai de pau. As ONGs caem de pau. “Nem vem, Reinaldo, isso só acontece quando há violência!” Mentira! Vejam a ação do Denarc na Haddadolândia nesta quinta. Não há evidências de violência, mas o Ministério Público já avisou que quer que a ação seja investigada.
Por que em São Paulo sim?
Achei boa e objetiva a abordagem do Jornal Nacional sobre o Centro do Rio de Janeiro. Estava tudo ali, não? Adolescentes fortões, muitos sob o efeito de drogas, assaltando livremente, sem repressão. A população, como a gente viu, fica à mercê da turma.
Pergunto ao JN: e na Cracolândia, em São Paulo?
Para mim, o que sobra dessa reportagem do JN, além da diferença de tratamento dispensado aos respectivos Centros de São Paulo e Rio, é a postura oficial da Polícia Militar do Rio. Finalmente, o discurso da carência social (e das drogas como um problema médico) chegou aos brasileiros de farda — que já não veem mais razão para agir porque sabem que não há como eles se darem bem no noticiário. Até vagabundos que tentam explodir postos de gasolina são tratados como… carentes. Por que a polícia agiria? A ação do Denarc na cracolândia, na quinta, vai na contramão dessa postura. E o Denarc apanhou da imprensa.
Não age mais
Reportagem do JN mostra que a PM já pensa como boa parte dos jornalistas. E quem sofre é o povo pobre. Ou: Por que o Centro de SP não merece o mesmo tratamento do Centro do Rio?
Que coisa! O Jornal Nacional acaba de mostrar uma reportagem sobre um bando de adolescentes que assalta pessoas no centro do Rio, à luz do dia, com tranquilidade, com desassombro, sem temer nada nem ninguém. A reportagem mostra que policiais militares estão por ali e não fazem nada. Em seguida, os jovens aparecem cheirando solvente, a poucos metros, informa o JN, do Tribunal de Justiça.
O JN foi ouvir a polícia. Uma porta-voz da Polícia Militar resolveu tocar música para os ouvidos politicamente corretos: afirmou que o problema dos jovens não era de segurança, não era de polícia, mas um, atenção!, “problema social”, de “saúde pública”. E convidou os assaltados a fazer boletim de ocorrência. É mesmo? Para quê? Observem: a porta-voz da PM esqueceu, em sua fala, que havia pessoas sendo assaltadas. Ao falar, ela se referiu apenas aos assaltantes.
Está acontecendo o pior — e eu mesmo alertei para isso num post desta tarde: as forças policiais estão incorporando o discurso da imprensa, das ONGs, dos politicamente corretos, do governo federal, dos petistas.. “Roubo é problema social”. “Droga é problema social e de saúde.”Ora, se é, polícia para quê?
Os policiais sabem muito bem que, se partirem para a repressão, com ou sem abusos, terão de responder por… abusos! A imprensa cai de pau. O Ministério Público cai de pau. A OAB cai de pau. As ONGs caem de pau. “Nem vem, Reinaldo, isso só acontece quando há violência!” Mentira! Vejam a ação do Denarc na Haddadolândia nesta quinta. Não há evidências de violência, mas o Ministério Público já avisou que quer que a ação seja investigada.
Por que em São Paulo sim?
Achei boa e objetiva a abordagem do Jornal Nacional sobre o Centro do Rio de Janeiro. Estava tudo ali, não? Adolescentes fortões, muitos sob o efeito de drogas, assaltando livremente, sem repressão. A população, como a gente viu, fica à mercê da turma.
Pergunto ao JN: e na Cracolândia, em São Paulo?
O Centro da maior capital do país não merece essa mesma abordagem? Ou será que cidadãos comuns podem hoje transitar pela região? O prefeito Fernando Haddad transformou a área numa espécie de zona livre do tráfico e do consumo de drogas. Ou ainda: entendi que, ao se evidenciar que adolescentes estão consumindo droga a poucos metros do Tribunal de Justiça, o que se está a sugerir é que isso deveria ser coibido, não?
Venham cá: se a Prefeitura do Rio passar a hospedar esses jovens — tá, os maiores de idade — em hotéis, fornecendo-lhe comida e moradia gratuitas, além de um salário fixo, que pode financiar o vício (e talvez desestimular os assaltos), tudo bem? Será que a mesma régua que está sendo usada para medir a desordem no Centro do Rio está sendo usada para avaliar a desordem no Centro de São Paulo, patrocinada por Haddad e sustentada com teoria capenga por Roberto Porto, o buliçoso secretário de Segurança do município?
“Ah, mas, na Haddadolândia, a gente não vê cordões sendo arrancados dos pescoços das mulheres…” Não mesmo! Os cidadãos comuns, não vinculados às drogas, quase não circulam mais por ali. E os que são obrigados a passar pela região para chegar às suas respectivas casas, já apurei, andam sem relógios, alianças, nada… Os mais jovens evitam usar tênis, que são uma moeda influente entre os consumidores, que pode ser facilmente trocada por droga.
Encerro
Venham cá: se a Prefeitura do Rio passar a hospedar esses jovens — tá, os maiores de idade — em hotéis, fornecendo-lhe comida e moradia gratuitas, além de um salário fixo, que pode financiar o vício (e talvez desestimular os assaltos), tudo bem? Será que a mesma régua que está sendo usada para medir a desordem no Centro do Rio está sendo usada para avaliar a desordem no Centro de São Paulo, patrocinada por Haddad e sustentada com teoria capenga por Roberto Porto, o buliçoso secretário de Segurança do município?
“Ah, mas, na Haddadolândia, a gente não vê cordões sendo arrancados dos pescoços das mulheres…” Não mesmo! Os cidadãos comuns, não vinculados às drogas, quase não circulam mais por ali. E os que são obrigados a passar pela região para chegar às suas respectivas casas, já apurei, andam sem relógios, alianças, nada… Os mais jovens evitam usar tênis, que são uma moeda influente entre os consumidores, que pode ser facilmente trocada por droga.
Encerro
Para mim, o que sobra dessa reportagem do JN, além da diferença de tratamento dispensado aos respectivos Centros de São Paulo e Rio, é a postura oficial da Polícia Militar do Rio. Finalmente, o discurso da carência social (e das drogas como um problema médico) chegou aos brasileiros de farda — que já não veem mais razão para agir porque sabem que não há como eles se darem bem no noticiário. Até vagabundos que tentam explodir postos de gasolina são tratados como… carentes. Por que a polícia agiria? A ação do Denarc na cracolândia, na quinta, vai na contramão dessa postura. E o Denarc apanhou da imprensa.
Não age mais
E, como se nota pela reportagem do Jornal Nacional, quem paga o pato não são os mais endinheirados, que nem circulam por ali. Quem paga o pato pela inação da polícia é a população pobre.
Texto publicado originalmente às 21h14 desta sextaPor Reinaldo Azevedo
Texto publicado originalmente às 21h14 desta sextaPor Reinaldo Azevedo
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