ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

GOVERNO AVALIA AÇÃO DE PMS EM PROTESTO

ZERO HORA 27 de janeiro de 2014 | N° 17686

MANIFESTAÇÃO EM SP

Jovem encontrado baleado motivou investigação sobre atitude de policiais


Um dia depois do protesto contra a Copa do Mundo, em São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública informou que investigará os policiais envolvidos na ação, que resultou em disparos que acertaram o peito e a virilha de um jovem que participava da manifestação. Segundo o governo paulista, o caso está sendo analisado pela Corregedoria da Polícia Militar e também pela Polícia Civil. Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, 22 anos, foi encontrado com três tiros em uma esquina no bairro Higienópolis, rodeado por um grupo de pelo menos quatro PMs.

Policiais levaram Chaves à Santa Casa por volta das 22h30min de sábado. Ele foi encaminhado para o centro cirúrgico e operado durante a madrugada. O rapaz, segundo informações da instituição hospitalar, continuava internado no centro médico. Ele está em coma induzido e passou, na manhã de ontem, por uma segunda cirurgia.

De acordo com testemunhas, os PMs se justificaram dizendo que o rapaz era manifestante e portava um coquetel molotov. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas, antes que chegasse, os policiais levaram o rapaz para o hospital da Santa Casa em uma kombi da polícia, o que contrariaria a regra que recomenda que os policiais aguardem socorro especializado.

– Eu estava em casa, ouvi os disparos e desci para ver o que tinha acontecido. Foi quando vi o jovem deitado agonizando no chão. Ele ficou ali por uns 30 minutos até que a PM o levou para o hospital. Um minuto depois, a ambulância chegou, mas ele já tinha ido embora – comentou o gerente comercial José Augusto Raulino, 47 anos, que testemunhou o caso.

A Rua Augusta, na região central de São Paulo, foi transformada em cenário de guerra no começo da noite de sábado. Manifestantes que protestavam contra a Copa do Mundo foram cercados por policiais do Batalhão de Choque perto da Rua Marquês de Paranaguá. De acordo com comerciantes, os policiais usaram bombas de gás. Sem saída, dezenas de pessoas se refugiaram no Hotel Linson, próximo à Rua Caio Prado. Parte do comércio fechou as portas.

Fotógrafo registra em vídeo chegada da polícia em hotel

Em um vídeo, feito pelo fotojornalista Felipe Larozza, é possível ver homens da tropa de choque com escopetas entrando no hotel em busca desses manifestantes. Os policiais entraram no prédio, revistaram e prenderam mais de 50 manifestantes. Ao menos dois disparos, que segundo testemunhas eram de balas de borracha, podem ser percebidos nas imagens. Os tiros tinham como alvo manifestantes deitados no chão. Os policiais gritam repetidas vezes “no chão, no chão!” e “mão na cabeça!”. Depois do primeiro tiro, algumas pessoas gritam, desesperadas: “Calma, calma!”.

De acordo com a polícia, 2 mil homens foram mobilizados para fazer a segurança de 1,5 mil manifestantes. Participaram da operação a Tropa de Choque e a Força Tática da Polícia Militar. Dois helicópteros monitoravam a movimentação do grupo. Policiais usaram câmeras portáteis de alta definição, semelhantes às que são usadas por motoqueiros em capacetes, para registrar os participantes do protesto. A manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil foi convocada pelo Facebook e tinha cerca de 23 mil confirmados antes de começar.

Detalhe ZH

Assunto mundial
A imprensa estrangeira destacou o protesto em São Paulo contra a Copa do Mundo e a reação da polícia. Em sua página na internet, o jornal The Guardian relatou que mais de mil pessoas foram às ruas e que boa parte do protesto foi pacífica, mas que “mais tarde, houve confronto entre policiais e manifestantes”.

O site da rede britânica BBC também noticiou as manifestações, destacando que, em São Paulo, o protesto obrigou “as autoridades locais a cancelarem parte dos eventos dos 460 anos da cidade”.


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