ZERO HORA 26 de abril de 2013 | N° 17414
Perícia indica que PM foi baleado pelas costas
Uma perícia apontou que o policial militar Alexandre dos Santos Bueno, 31 anos, morto por colegas da corporação na quarta-feira em Passo Fundo, foi alvejado pelas costas. A informação muda o rumo da investigação da Polícia Civil.
Segundo a versão dos quatro PMs envolvidos no caso, o soldado engatilhou uma arma e apontou contra o grupo ao ser abordado. O resultado preliminar do exame mostra que foram ao menos sete disparos no corpo e um de raspão na perna. Três tiros foram feitos pelas costas.
– Um dos tiros foi na palma da mão. Isso pode indicar que a vítima estava em posição de rendição, com as mãos abertas. Isso muda a investigação, que agora é tratada como, no mínimo, excesso de abordagem, podendo ser até execução – afirma a delegada Daniela Minetto
Bueno estava de folga quando foi morto. Os policiais teriam desconfiado do carro onde ele estava quando, em uma ronda, o passageiro do automóvel se abaixou. A Polícia Civil ainda não tomou o depoimento dos PMs envolvidos. A cena do crime teria sido modificada antes da perícia chegar.
A calçada teria sido lavada pelo dono do estabelecimento onde ocorreu o crime, e os cartuchos, recolhidos pelos policiais e levados até a delegacia. O comandante do 3º Regimento de Polícia Montada (RPMon) da Brigada Militar, tenente-coronel Fernando Carlos Bicca, afirma que não havia recebido o resultado da perícia:
– Com as informações que temos até o momento, que são os depoimentos dos policiais, a atuação deles nos parece legítima.
Bueno era investigado pela Corregedoria e pelo Serviço de Inteligência da BM por suspeita integrar uma quadrilha de assaltos a banco.
JÚLIA OTERO
Soldado da BM é morto a tiros em abordagem policial. Alexandre dos Santos Bueno, de 31 anos, estava de folga e teria ameaçado atirar contra guarnição do 3º Batalhão de Operações Especiais
O 14º homicídio do ano em Passo Fundo ocorreu durante a tarde de quarta-feira (24), e vitimou um soldado da Brigada Militar. Alexandre dos Santos Bueno, de 31 anos foi atingido por tiros disparados durante uma abordagem policial na Rua São Marcos, no Parque Farroupilha. Os tiros foram disparados por um integrante do 3° Batalhão de Operações Especiais (3° BOE).
A guarnição do BOE realizava patrulhamento de rotina nos bairros São Luiz Gonzaga e no Parque Farroupilha quando se deparou com um automóvel Toyota Corolla que estaria em atitude suspeita. A partir deste ponto, os relatos ouvidos pela reportagem apresentaram algumas diferenças. De acordo com a primeira versão do fato, após a perseguição ao automóvel Corolla, o motorista teria parado o veículo e o homem que estava sentado no banco do carona desembarcou.
Os policiais deram a ordem de parada ao soldado, que não estava trabalhando por ter apresentado um atestado médico, à qual o Bueno não teria obedecido. O soldado então teria feito menção de disparar contra a guarnição com uma pistola nove milímetros. Neste momento um membro da guarnição efetuou pelo menos sete disparos contra o soldado que acabou tombando junto à porta de uma oficina mecânica.
Com Bueno foram encontradas duas pistolas nove milímetros, uma delas com a numeração raspada, dois rádios de comunicação, sendo que um deles sintonizado na frequência da Brigada Militar, uma touca ninja e luvas. As armas de dois policiais, duas pistolas .40, e os estojos da munição usada pelos policiais também foram apreendidos.
Após a identificação do soldado, ele foi socorrido e encaminhado ao Hospital da Cidade, mas faleceu pouco tempo após dar entrada no setor de emergência. Os outros suspeitos que estariam no Corolla teriam fugido e não foram localizados. A Equipe Volante da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento e também a equipe do IGP estiveram no local e realizaram os levantamentos periciais. Em frente à porta da oficina mecânica onde Bueno caiu, formou-se uma grande poça de sangue, que foi removida com água.
Policial era investigado pela corregedoria
Ainda no Hospital da Cidade, o subcomandante do 3° RPMon, major Eriberto Branco, declarou que Bueno vinha sendo investigado pela corregedoria da Brigada Militar. “O nosso serviço de inteligência e a corregedoria estavam investigando o soldado Bueno. A partir de agora iremos colher todas as informações necessárias para o inquérito policial militar que será instaurado para averiguar esta situação. Todas as provas e circunstâncias que envolveram este episódio serão resolvidas por este inquérito. A Polícia Civil também estava investigando o soldado”, declarou. Bueno estava na Brigada Militar desde 2008.
Ocorrência policial difere dos primeiros relatos
Após a morte do soldado, os policiais do 3° BOE envolvidos na ocorrência dirigiram-se à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, onde seriam realizados os registros. Foram registradas duas ocorrências diferentes, uma de porte ilegal de arma e resistência, em que Bueno consta como o acusado e uma de homicídio em que ele foi arrolado como vítima.
Na ocorrência em que o soldado é acusado de porte ilegal de arma há o relato de que Bueno, ao contrário do que fora dito até então teria saltado do carro, e não descido normalmente após o Corolla ter parado. Além do inquérito policial militar, o caso também será investigado pela Equipe Especializada em Homicídios da 1ª Delegacia de Polícia.
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