TAXISTAS MORTOS. Prisão gera dissabores na cúpula
Capturado no sábado, foragido apontado como suspeito de matar motoristas pode não ter relação com as execuções em série
A prisão de um foragido do regime aberto no final de semana, suspeito de matar três taxistas em Porto Alegre, gerou dois dissabores para a Polícia Civil. O primeiro: frustração. É forte a crença de que Roger de Almeida Waszak, o Canarinho, apesar de condenação por assaltos a taxistas, não seja o assassino. O segundo: criou dissabor entre delegados que investigam o caso.
Oclima desagradável surgiu a partir de uma determinação da Chefia da Polícia Civil. Pressionado a dar respostas mais rápidas possíveis, o chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Junior, convocou a corporação para se empenhar na elucidação das seis mortes – três na Capital e três em Livramento.
– Temos 5,7 mil homens e 1,5 mil viaturas para prender os criminosos – disse Ranolfo, em uma reunião.
A mensagem visava a estimular policiais a colaborar nas buscas ao matador. Em Livramento, o trabalho é coordenado pelo delegado Eduardo Sant’Anna Finn, e na Capital, pelo diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Odival Soares.
Mas, em Porto Alegre, há sinais de que a cooperação, com repasse de pistas e dicas de informantes para o DHPP, não tem acontecido. Coincidência ou não, até agora, apenas delegacias de cidades vizinhas a Porto Alegre – Canoas, Alvorada, Gravataí – repassaram ao DHPP armas calibre .22 para serem periciadas. A parceria ordenada pela Chefia teria se transformado em competição para ver quem pega primeiro o matador.
– No final do mês, sai uma lista de promoções. E tem muita gente querendo ver o nome nela. Imagina o prestígio de quem prender o criminoso que levou taxistas a protestar de madrugada na frente da casa do governador – pondera um policial.
Ambiente ficou mais acirrado na sexta-feira
O ambiente de disputa ficou mais acirrado na sexta-feira depois que o delegado regional de Porto Alegre, Cléber Ferreira, revelou ter informações de um suspeito, com condenações por seis assaltos a taxistas e que teria raiva da categoria por ter sido baleado durante um roubo. O assunto chegou à Chefia de Polícia que convocou uma reunião para evitar rusgas internas e investigações paralelas.
Com mais de 40 anos na Polícia Civil, Ferreira tinha convicção de estar diante do matador. Por conta disso, foi autorizado a seguir a diante, até porque o homem era foragido do Instituto Penal de Canoas – suas penas somaram 15 anos, restando dois anos e 10 meses a cumprir. O fato de não terem sido encontradas – ao menos até agora – digitais do foragido nos táxis, de inexistir vestígios materiais na residência do preso e de estatura ser diferente da do suspeito sugerem que o foragido capturado possa não ter envolvimento com as mortes.
JOSE LUÍS COSTA
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