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domingo, 7 de abril de 2013

POLICIAIS TERIAM SE RECUSADO A AJUDAR TURISTAS ASSALTADOS NO RIO


Vítima afirma que policiais teriam se recusado a ajudar turistas assaltados nas Paineiras. Segundo guia que estava com alemães, eles pediram ajuda a um grupo de agentes que seguia pelo local, mas foram orientados a ligar para o 190. Van foi interceptada por dois carros com seis ladrões

GUSTAVO GOULART
VERA ARAÚJO
O GLOBO
Atualizado:4/04/13 - 22h56



RIO - O grupo de turistas assaltados no fim da manhã desta quinta-feira, na Estrada das Paineiras, na Floresta da Tijuca, chegou a pedir ajuda a policiais que passavam pelo local, logo após o crime, mas as vítimas foram orientadas a ligar para a central 190. De acordo com a guia que acompanhava os dez alemães, os agentes faziam treinamento na região. Apesar de estarem no lugar, eles teriam se recusado a atuar, diz a mulher, que pediu para não ser identificada.

— Vi uns policiais em treinamento. Quando fui contar a eles sobre o assalto, eles disseram que procedimento era ligar para o 190. Foi horrível. Os bandidos nos cercaram e apontaram uma arma para a cabeça de uma das turistas. Felizmente, não houve agressão física — relembrou a guia, chorando.

O comandante do BPTur, tenente-coronel Joseli Cândido da Silva, admitiu que houve falha no patrulhamento e prometeu reavaliar o esquema adotado pelo batalhão no complexo do Parque da Tijuca, incluindo o reforço no efetivo. Segundo ele, nove policiais, com o apoio de três veículos, patrulham a área, com bases na Vista Chinesa, no Mirante Dona Marta, na Mesa do Imperador e na estação do trem do Corcovado. Ele acrescentou que, além de ficarem posicionadas nesses locais, as patrulhas também percorrem as vias de acesso à floresta. Há policiamento também feito pelos batalhões convencionais.

— Atuamos nas áreas de maior interesse turístico. Mas esse assalto acendeu a luz vermelha. Vamos analisar o sistema de patrulhamento e fazer os ajustes necessários para que isso não volte a ocorrer — afirma ele, acrescentando que já estava agendada para esta sexta-feirauma reunião no 6º BPM (Tijuca) com representantes do BPTur e também do 2º BPM (Botafogo) e 23º (Leblon), que atuam no entorno do Maciço da Tijuca, para planejar ações de policiamento.

Com relação ao relato da guia sobre o mau atendimento de PMs, a assessoria de imprensa da corporação informou, em nota, que havia apenas um veículo do BPTur no local. Após o assalto, outras patrulhas foram chamadas para fazer buscas aos bandidos, que fugiram.

Os alemães estavam com a guia a caminho de uma cachoeira, quando a van em que estavam foi interceptada por dois carros com seis ladrões. Foram roubados dinheiro, equipamentos eletrônicos e documentos dos estrangeiros, da guia e do motorista. O grupo teve até mesmo as chaves do apartamento do hotel onde eles estavam hospedados roubados. O gerente do Majestic Hotel, em Copacabana, afirmou que os cartões magnéticos foram bloqueados para evitar qualquer problema. Segundo Rogério Vasques, os alemães estavam no Rio desde quarta-feira, e devem ficar quatro dias na cidade.

- Antes a gente falava que o Rio, a Zona Sul, especialmente, estava muito bem policiada, segura. Infelizmente agora, com esses fatos que aconteceram, vamos precisar ser mais cautelosos ao passar essas informações para os hóspedes. Mas temos certeza de que a polícia vai solucionar esse caso também - disse.

O caso foi registrado na Delegacia Especial de Apoio ao Turista (Deat). A van que levava os estrangeiros, uma Sprinter placa LKT 2414, foi periciada na Estrada das Paineiras e passou por outra perícia complementar na Deat.

No último sábado, um casal de turistas foi atacado dentro de uma van e a mulher acabou estuprada pelo bando que, segundo a Deat, era formado por cinco integrantes. Eles praticavam crimes em série, desde roubos a estupros, com uso de violência. Um menor envolvido já foi identificado e um quinto bandido, que é branco e magro, está sendo procurado. Ele é acusado de ter estuprado uma terceira vítima do grupo, uma estudante de 18 anos, durante o carnaval, quando ela pegou uma van no trajeto oposto ao do casal de turistas: da Lapa para Copacabana.

Na quarta-feira, quatro proprietários de vans roubadas identificaram os três integrantes da quadrilha: três vítimas tinham registrado o assalto na 4ª DP (Praça da República) e outra, na 5ª DP (Mem de Sá). Todos reconheceram Jonathan Foudakis de Souza, de 20 anos. A polícia acredita que haja outras vítimas, principalmente mulheres. Por isso, os investigadores da Deat pedem que quem reconhecer os bandidos procure a delegacia. Além de Jonathan, foram reconhecidos Carlos Armando Costa dos Santos e Wallace Aparecido de Souza.

— É um crime completamente fora do normal. Isso não costuma acontecer no Rio. Dois já confessaram os crimes. Agora estamos buscando o restante do bando — explicou o titular da Deat, Alexandre Braga.

Duas passageiras da van, onde viajava o casal de turistas, também procuraram a polícia na quarta-feira. Elas contaram que um dos criminosos as obrigou a deixar o veículo na subida do Viaduto da Perimetral, para que eles seguissem apenas com os estrangeiros. Uma das testemunhas já conhecia o menor de vista.

Três mulheres já acusaram o bando de estupro: uma turista americana, uma jovem de 18 anos e uma moradora de Saquarema, que chegou a registrar queixa na Delegacia de Atendimento à Mulher de Niterói. Isso levou ao afastamento da titular da Deam, Marta Dominguez, e da perita Martha Pereira. Nesta quarta-feira, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil publicou carta em repúdio à medida.

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