ZERO HORA 06/06/2013
PAULO SANT’ANA
Medicina é com médicos
O presidente do Sindicato dos Médicos, doutor Paulo de Argollo Mendes, manda-me dizer, na defesa intransigente de que não sejam importados milhares de médicos estrangeiros para suprir as 50 mil vagas existentes no Brasil, que, neste caso, se faltam 10 mil brigadianos no Estado, teríamos que importar os 10 mil policiais militares.
Que sofismazinho vulgar usou o doutor Argollo.
Sabe ele por que não se importam os 10 mil brigadianos? Pois vou explicar-lhe.
Não se importam os 10 mil policiais, doutor Argollo, porque basta fazer um concurso aqui para 10 mil PMs e logo eles surgem para ganhar menos de R$ 2 mil por mês. Por isso não se importam os 10 mil policiais militares, doutor Argollo!
Já com os médicos (eu não entendo como é que o doutor Argollo não entende uma verdade tão trivial), é diferente. Se se abrir um concurso para médicos que vão trabalhar no Acre e no Tocantins, podem oferecer até mesmo salários de R$ 20 mil ou R$ 30 mil e não aparecerão médicos que queiram ir para os confins do país.
Essa é a diferença.
Por isso é que o Ministério da Saúde ameaça importar médicos, doutor Argollo. É tão simples, não sei como o senhor não entende essa fácil charada.
E, como não aparecem médicos para trabalhar em milhares de municípios brasileiros, o governo ameaça trazer médicos estrangeiros que se oferecem para trabalhar em lugares em que os médicos brasileiros jamais pisarão.
Entende agora, doutor Argollo, qual é a diferença entre os médicos e a hipótese infeliz que o senhor lançou de importar os 10 mil policiais militares?
A diferença é que não precisa importar os policiais porque aqui a gente preenche por concurso, por qualquer salário, as vagas dos brigadianos, enquanto há médicos brasileiros que não trabalham no Acre, em Tocantins e em Rondônia nem por salários astronômicos.
Mas o doutor Argollo tem de fazer a cena de defender os médicos brasileiros, é do seu papel, para isso é eleito.
Só não me venha fingir a cena com argumentos frágeis e hipóteses descabidas.
Tanto que até acho que seria bom para os médicos brasileiros que fossem importados milhares de médicos para trabalhar na Cochinchina brasileira. É certo que, ao cotejar a capacidade dos médicos importados com a capacidade dos médicos nacionais, o governo e a sociedade verão então que os nossos médicos são mais capazes do que os estrangeiros, tanto que demonstram eficiência notável onde se fixaram.
Mas o doutor Argollo parece temer esse cotejo. “E vá lá que o público brasileiro se apaixone pelos médicos estrangeiros”, deve pensar o doutor Argollo. É um exercício puramente paranoico, os nossos médicos são melhores que os estrangeiros.
Mas os nossos médicos não aceitam os salários oferecidos pelos prefeitos. E os estrangeiros estão prontos para trabalhar em qualquer lodaçal. Quatro mil prefeitos, 4 mil, doutor Argollo, imploraram ao governo para que traga médicos estrangeiros, eles não podem mais governar suas cidades sem médicos. Isso não o comove, doutor Argollo?
E, como dizem o Sindicato dos Médicos e o Cremers em seu próprio slogan, “não se faz medicina sem médicos”.
E como é que querem que o governo faça medicina sem importar os médicos para os lugares onde não existem médicos?
Isso é uma verdade que dói, mas é arrasadora.
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK
Cel Vanderlei Pinheiro - Paulo Santana foi Inspetor, é Delegado de Polícia e filho de brigadiano. No meu entendimento, ele está equivocado. Lembro muito bem de uma época da BM em que havia dificuldade de recrutamento por conta do valor salarial do soldado. As inclusões eram buscadas bem nos confins do Interior do Estado e a maioria não renova, no primeiro reengajamento, aos dois anos. Eu era tenente em Porto Alegre e o salário de motorista de ônibus era maior que o meu.
Dílson Bressan - Servi no CRESA por dois anos e, nessa época, faltavam quase cinco mil Soldados. Corríamos o Rio Grande, de ponta a ponta, tentando incluir gente e não conseguíamos. A disponibilidade de candidatos não era boa, por isso incluíamos pouco. No eixo Porto Alegre x Caxias, embora o recrutamento estivesse aberto permanentemente, não existia muitos candidatos e não conseguíamos incluir muita gente. A iniciativa privada pagava muito, mas muito mais, e não tinha mão de obra disponível para aceitar o que era pago. O policial civil Santana deu uma explicação estapafúrdia e desmerecedora contra os Soldados da Brigada. Aceitar a comparação eu aceito, nivelar por baixo não.
* Matéria indicada por Tarso Antônio Marcadella
6 de Junho às 23:05 ·
Medicina é com médicos
O presidente do Sindicato dos Médicos, doutor Paulo de Argollo Mendes, manda-me dizer, na defesa intransigente de que não sejam importados milhares de médicos estrangeiros para suprir as 50 mil vagas existentes no Brasil, que, neste caso, se faltam 10 mil brigadianos no Estado, teríamos que importar os 10 mil policiais militares.
Que sofismazinho vulgar usou o doutor Argollo.
Sabe ele por que não se importam os 10 mil brigadianos? Pois vou explicar-lhe.
Não se importam os 10 mil policiais, doutor Argollo, porque basta fazer um concurso aqui para 10 mil PMs e logo eles surgem para ganhar menos de R$ 2 mil por mês. Por isso não se importam os 10 mil policiais militares, doutor Argollo!
Já com os médicos (eu não entendo como é que o doutor Argollo não entende uma verdade tão trivial), é diferente. Se se abrir um concurso para médicos que vão trabalhar no Acre e no Tocantins, podem oferecer até mesmo salários de R$ 20 mil ou R$ 30 mil e não aparecerão médicos que queiram ir para os confins do país.
Essa é a diferença.
Por isso é que o Ministério da Saúde ameaça importar médicos, doutor Argollo. É tão simples, não sei como o senhor não entende essa fácil charada.
E, como não aparecem médicos para trabalhar em milhares de municípios brasileiros, o governo ameaça trazer médicos estrangeiros que se oferecem para trabalhar em lugares em que os médicos brasileiros jamais pisarão.
Entende agora, doutor Argollo, qual é a diferença entre os médicos e a hipótese infeliz que o senhor lançou de importar os 10 mil policiais militares?
A diferença é que não precisa importar os policiais porque aqui a gente preenche por concurso, por qualquer salário, as vagas dos brigadianos, enquanto há médicos brasileiros que não trabalham no Acre, em Tocantins e em Rondônia nem por salários astronômicos.
Mas o doutor Argollo tem de fazer a cena de defender os médicos brasileiros, é do seu papel, para isso é eleito.
Só não me venha fingir a cena com argumentos frágeis e hipóteses descabidas.
Tanto que até acho que seria bom para os médicos brasileiros que fossem importados milhares de médicos para trabalhar na Cochinchina brasileira. É certo que, ao cotejar a capacidade dos médicos importados com a capacidade dos médicos nacionais, o governo e a sociedade verão então que os nossos médicos são mais capazes do que os estrangeiros, tanto que demonstram eficiência notável onde se fixaram.
Mas o doutor Argollo parece temer esse cotejo. “E vá lá que o público brasileiro se apaixone pelos médicos estrangeiros”, deve pensar o doutor Argollo. É um exercício puramente paranoico, os nossos médicos são melhores que os estrangeiros.
Mas os nossos médicos não aceitam os salários oferecidos pelos prefeitos. E os estrangeiros estão prontos para trabalhar em qualquer lodaçal. Quatro mil prefeitos, 4 mil, doutor Argollo, imploraram ao governo para que traga médicos estrangeiros, eles não podem mais governar suas cidades sem médicos. Isso não o comove, doutor Argollo?
E, como dizem o Sindicato dos Médicos e o Cremers em seu próprio slogan, “não se faz medicina sem médicos”.
E como é que querem que o governo faça medicina sem importar os médicos para os lugares onde não existem médicos?
Isso é uma verdade que dói, mas é arrasadora.
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Cel Vanderlei Pinheiro - Paulo Santana foi Inspetor, é Delegado de Polícia e filho de brigadiano. No meu entendimento, ele está equivocado. Lembro muito bem de uma época da BM em que havia dificuldade de recrutamento por conta do valor salarial do soldado. As inclusões eram buscadas bem nos confins do Interior do Estado e a maioria não renova, no primeiro reengajamento, aos dois anos. Eu era tenente em Porto Alegre e o salário de motorista de ônibus era maior que o meu.
Dílson Bressan - Servi no CRESA por dois anos e, nessa época, faltavam quase cinco mil Soldados. Corríamos o Rio Grande, de ponta a ponta, tentando incluir gente e não conseguíamos. A disponibilidade de candidatos não era boa, por isso incluíamos pouco. No eixo Porto Alegre x Caxias, embora o recrutamento estivesse aberto permanentemente, não existia muitos candidatos e não conseguíamos incluir muita gente. A iniciativa privada pagava muito, mas muito mais, e não tinha mão de obra disponível para aceitar o que era pago. O policial civil Santana deu uma explicação estapafúrdia e desmerecedora contra os Soldados da Brigada. Aceitar a comparação eu aceito, nivelar por baixo não.
* Matéria indicada por Tarso Antônio Marcadella
6 de Junho às 23:05 ·
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