PROTESTOS E QUEBRA-QUEBRA
Polícia reage com violência em SP
Além de Porto Alegre, São Paulo, Rio, Manaus e Maceió registraram distúrbios relacionados a protestos contra a tarifa de ônibus. O caso mais grave foi o da capital paulista, onde a Polícia Militar endureceu a repressão contra manifestantes, agrediu jornalistas, deixou pedestres e motoristas encurralados por bombas de gás e tiros de borracha, na quarta manifestação em uma semana.
A série de bombas de efeito moral lançadas pela tropa apavorou pedestres e motoristas – que chegaram a abandonar carros. Pelo menos 55 pessoas, vítimas de confrontos entre PM e manifestantes, receberam atendimento médico. Outras 192 foram presas.
No Rio, o ato terminou com policiais militares e ativistas se enfrentando na Candelária, no Centro. Manifestantes atearam fogo a latas de lixo e quebraram vidraças. Policiais reagiram com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
Uma causa que une grupos
CARLOS ROLLSING
Porto Alegre inspirou protestos em São Paulo, Rio e outras capitais. Puxado por jovens militantes do PSOL, PSTU, movimentos sociais e anarquistas, o Bloco de Luta pelo Transporte Público alcançou vitória com a redução das tarifas. Em São Paulo, os protestos surgiram para repetir Porto Alegre. Mas os paulistas pegaram pesado na irracionalidade. O quadro se inverteu, e São Paulo inspirou Porto Alegre.
Blocos de lutas integrados por grupos de conexões nacionais marcaram protestos simultâneos para ontem à noite em capitais. E os porto-alegrenses, encorajados pelos companheiros paulistas, adotaram atos de violência de intensidade não vista antes, liderados por anarquistas com traços sociopatas.
Os protestos não vão parar. A causa do transporte público é a que mais unifica os grupos ideológicos. Eles pleiteiam nova redução para R$ 2,60. Mas há outras causas, como as árvores da Avenida Beira-Rio. Os movimentos representam um novo extrato da sociedade. Idealistas desencantados com a política sindical e partidária tradicional querem interferir no sistema por meio dos movimentos sociais. Isso leva aqueles que pertencem a partidos a se integrarem aos atos pelos coletivos. Uma adaptação. Uma nova forma de expressão – por vezes radical e agressiva – de emoções e utopias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário