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sexta-feira, 14 de junho de 2013

EX-COMANDANTES APONTAM FALHAS NA AÇÃO DA POLÍCIA DE SP

14 de junho de 2013 | 2h 02

Ex-comandantes apontam falhas na ação da polícia

CENÁRIO: Marcelo Godoy - O Estado de S.Paulo



O Estado consultou coronéis sobre a ação de ontem do Comando de Policiamento de Choque (CPChoq). Planejamento e controle da tropa explicam o sucesso ou o fracasso de uma operação. É com base nisso que dois ex-comandantes-gerais da PM apontaram falhas na ação.

"Se o objetivo era impedir que a manifestação chegasse à Paulista, a operação falhou. E a falha foi de planejamento ou de execução." 

Outro coronel criticou o fato de o trânsito da Rua da Consolação em direção ao centro não ter sido interrompido, o que fez com que motoristas fossem pegos em meio ao confronto entre manifestantes e policiais - a violência no protesto era previsível pelo histórico dos atos anteriores.

 "A área deveria ter sido mais bem isolada." Outra falha foi permitir que os manifestantes fossem da Praça Ramos de Azevedo até a Praça Roosevelt, pois ali a possibilidade de dispersão era maior. "E, quando ocorre dispersão, a baderna começa." 

Abre-se, de acordo com o coronel, o caminho para ações de PMs sem o controle do comando e de manifestantes violentos. Outro coronel, José Vicente da Silva, disse que a operação teve êxito em razão de seu risco e complexidade. Mas admitiu a hipótese de falhas de coordenação entre unidades e de policiais do patrulhamento das ruas sem o treinamento adequado para controlar distúrbios.

Comando da PM atribui confrontos a 'descumprimento' de acordo feito com manifestantes. Confusão começou, segundo coronel, quando os manifestantes anunciaram que subiriam a Rua da Consolação, que estaria fora do trajeto original

Artur Rodrigues - O Estado de S.


SÃO PAULO - O comando da Polícia Militar atribuiu os confrontos no protesto dessa quinta-feira, 13, contra o aumento da tarifa de transporte coletivo a um suposto descumprimento de um acordo feito com os manifestantes. O coronel responsável pela operação, Reinaldo Rossi, afirmou que o trajeto combinado começaria na Praça Ramos de Azevedo, passaria pela Praça da República e terminaria na Praça Roosevelt. A confusão começou quando os manifestantes anunciaram que subiriam a Rua da Consolação. "Em razão da ausência de liderança do movimento, houve início de arremesso de objetos contra os policiais", disse.

O comandante-geral da PM, coronel Benedito Meira, afirmou que, a partir desse momento, ele tomou a decisão de acionar a Tropa de Choque. "Na terça-feira, entendemos que o emprego da Tropa de Choque não foi necessária e houve vários policiais feridos. Ontem, eu decidi que era necessário o emprego da Tropa de Choque"."

Os oficiais afirmam que qualquer excesso da polícia será apurado. Questionados sobre agressões a jornalistas, eles se limitaram a justificar a ação que terminou com a repórter da TV Folha Giuliana Vallone atingida no olho. Segundo Meira, policiais da Tropa de Choque que estavam em um ônibus revidaram pedradas de manifestantes. "O projétil de elastano ricocheteou no chão e atingiu a jornalista que estava em um estacionamento."

Apesar das imagens que mostram os policiais tentando impedir a chegada de manifestante à Avenida Paulista, a PM afirma que não tentou restringir a marcha dos manifestantes. Eles afirmam que apenas precisavam de tempo para o rearranjo da tropa.


Associação de jornais condena ação da PM. Para entidade, ação policial 'extrapolou o rigor cabível' e 'inaceitável a prisão de repórteres'

SÃO PAULO - A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota nesta sexta-feira, 14, condenando a ação da Polícia Militar no conflito com manifestantes que pediam a redução do preço da tarifa de ônibus. Segundo a entidade, a ação policial "extrapolou o rigor cabível". Além disso, para o órgão, "é inaceitável a prisão de repórteres e a brutalidade empregada" pela PM contra jornalistas, mesmo depois de serem identificados como profissionais da imprensa.

Repórteres, fotógrafos e cinegrafistas foram alvo de ações questionáveis da Polícia Militar na noite de quinta-feira, 13, na região central de São Paulo. Os profissionais trabalhavam na cobertura do quarto grande protesto contra o aumento do preço das passagens, mas, mesmo assim, foram abordados com truculência pelos policiais.

Um deles, o repórter da revista "CartaCapital" Piero Locatelli, chegou a ser levado compulsoriamente para o 78.º Distrito Policial (Jardins), simplesmente por carregar vinagre, usado para amenizar os efeitos das bombas de gás lacrimogênio.

A repórter Giuliana Vallone, da "Folha de S.Paulo", foi atingida por um disparo de bala de borracha no rosto. O fotógrafo Fábio Braga, do mesmo jornal, foi acertado três vezes.

Leia na íntegra a nota da ANJ:

"A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condena a violência policial contra jornalistas que cobriam manifestação em São Paulo, nesta quinta-feira (13/6). De acordo com todas as evidências, inclusive imagens e depoimentos dignos de confiança, a ação policial extrapolou o rigor cabível em ações voltadas à manutenção da ordem. Em particular, é inaceitável a prisão de repórteres e a brutalidade empregada pelas forças policiais contra jornalistas, mesmo depois de identificados, que apenas cumpriam seu dever de apurar os fatos.

Diante do ocorrido, a ANJ espera que as autoridades investiguem o episódio, adotando as medidas cabíveis para que os responsáveis pelos excessos sejam punidos e para assegurar que o trabalho da imprensa seja respeitado e a integridade de seus profissionais preservada."

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