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ZERO HORA 9 de novembro de 2012 | N° 17248
Matança continua em SP, mas caem ataques a PMs. Violência do PCC contra agentes de lei dá sinais de enfraquecimento diante de ofensiva da polícia
HUMBERTO TREZZI | Enviado Especial/São Paulo
Distraído, o motoqueiro circula em alta velocidade pela favela de Vila Santa Inês (zona leste de São Paulo). Cumprimenta olheiros do tráfico numa esquina, acena para a mulata bonita que passa, mas esbarra no inesperado: uma sólida barreira de PMs estacionada numa das principais esquinas da vila. A blitz é composta por micro-ônibus, duas caminhonetes Blazer e várias motos, capazes de penetrar nas vielas. Os policiais não estão ali a brinquedo. Vasculham tudo, de documentos até drogas e armas. O rapaz tem de dar muita explicação, antes de ser liberado.
Éassim, dia e noite, que quatro grandes comunidades da periferia paulistana vivem desde o último fim de semana. Tropas de policiais civis e militares ocupam essas áreas, num sufoco programado pelo governo para estrangular as ramificações do Primeiro Comando da Capital (PCC), a organização criminosa que decidiu abrir guerra contra os agentes da lei. E a Vila Santa Inês, no distrito de São Miguel Paulista, é reduto de alguns líderes da facção. Foi lá que seis integrantes do PCC foram mortos este ano, numa reunião em que decidiam executar outro criminoso.
É por isso que os PMs andam a passos lentos, calculados, com armas à mostra. Sempre em grupo, como conferiu ZH na tarde de ontem. São Paulo está assim, blitze para todo lado e policiais com medo.
Os ataques do PCC continuam. Mas parecem diminuir de intensidade. Um PM e um guarda municipal foram feridos entre a noite de quarta e a madrugada de ontem, na região metropolitana. Houve nove mortes no período: três homens armados, que tombaram ao trocar tiros com a polícia e outras seis pessoas que perderam a vida em episódios isolados.
O primeiro tiroteio ocorreu por volta das 22h30min de quarta-feira. Um PM foi baleado no Córrego Taioca, limite entre os municípios de Santo André e São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. O policial estava numa radiopatrulha e teria trocado tiros com assaltantes. Os seus colegas não souberam informar em que circunstâncias o crime ocorreu. O PM foi atingido numa perna e no abdômen. Ele foi socorrido pela própria PM e levado para o Pronto-socorro Central de São Bernardo. Nenhum suspeito pelo crime foi preso.
No final da tarde de ontem, um bandido foi morto e outro ficou ferido em tiroteio com um PM à paisana na favela Brasilândia (zona leste), uma das áreas ocupadas pela polícia.
Ataque a filhos de ex-policial
Os policiais paulistas comemoram a prisão de dois suspeitos de atacar dois filhos de um ex-policial das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), a tropa de elite da PM paulista. O ataque foi na madrugada de terça-feira. Tiago e Diego de Souza Serrão, de 27 e 22 anos (filhos do PM), foram perseguidos pelas ruas da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista. Após alcançar o carro, um dos ocupantes do táxi desceu, atirou contra as vítimas e fugiu, acompanhado do taxista. Tiago morreu e o irmão dele foi transferido, em estado grave, para o Hospital do Mandaqui, onde segue internado.
Policiais civis prenderam, ontem, o dono do táxi. O veículo foi identificado por meio de imagens de câmeras de um edifício próximo ao local do ataque. Como o taxista havia sumido, foi procurado e detido. Ele acabou apontando o passageiro que teria atirado nos jovens. O atirador foi reconhecido pelo sobrevivente. Ainda não está clara a motivação dos crimes.
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