ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

OITO ANOS DEPOIS, PUNIÇÕES PARA MATADORES DE POLICIAL INTEGRO E DEDICADO AO DEVER



ZERO HORA 30 de maio de 2014 | N° 17812



JOSÉ LUIS COSTA



Punições, oito anos depois

TRAFICANTE FOI CONDENADO por ser um dos mandantes da morte do policial militar Iuri Martins, em 2006. Dois ex-PMs, colegas da vítima, foram punidos por fazerem parte de um grupo criminoso


Oito anos e quatro meses depois, três homens foram julgados em sessão da 1ª Vara do Júri da Capital por envolvimento na morte do soldado da Brigada Militar Iuri Merlini Martins. O crime abalou a corporação em 2006 (veja quadro), por ser contra um policial e ter suposta participação de outros PMs.

Acusado de ser um dos mandantes, o traficante Nilton Renato da Conceição, o Sabonete, 44 anos, foi sentenciado a 24 anos e um mês de prisão por homicídio qualificado, formação de quadrilha e associação para o tráfico de drogas. Recolhido ao Presídio Central desde 2011, ele agora soma 46 anos e nove meses de cadeia.

Além dele, dois ex-PMs, que fariam parte de um grupo criminoso e eram colegas de Iuri no 20º Batalhão de Polícia Militar, na zona norte de Porto Alegre, receberam sentença: Josevaldo João da Silva, 45 anos (cinco anos e seis meses de prisão por formação de quadrilha e associação para o tráfico) e Otto Gentil Barbosa Gesswein, 43 anos (dois anos de prisão por formação de quadrilha).

Conforme sustentou o promotor Eugênio Amorim, Sabonete seria o mandante, em parceria com Marcelo Camargo Machado (morto em 2007) e sob a conivência de PMs. Segundo a acusação, policiais teriam se unido ao traficante para cometer crimes de tráfico de drogas, roubo, receptação, apropriação indébita e corrupção.

O grupo usaria armas e equipamentos da BM para atuar no tráfico e se apropriar de bens recuperados em ações policiais. Os acusados teriam decidido matar Iuri porque ele era um PM íntegro, recordista em prisões de criminosos, teria capturado aliados de Sabonete e saberia do esquema.

Advogado do traficante, Rodrigo Grecellé Vares falou que recorrerá da decisão. A defensora pública Cristiane Pretto apelou da condenação de Silva, alegando falta de provas. Já o defensor Álvaro Antanavicius estuda entrar com recurso em favor de Gesswein.


EXECUÇÃO NO DIA DE FOLGA

Jovem policial foi morto a tiros na churrascaria da família, em Porto Alegre

-Na tarde de 28 de janeiro de 2006, três homens invadiram a churrascaria da família do soldado Iuri Merlini Martins, 26 anos, no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, e o executaram a tiros. Ele estava de folga e ajudava no estabelecimento.

-Investigações policiais apontaram que cinco colegas de Iuri estavam bebendo cerveja em um bar localizado na frente da churrascaria e nada fizeram para impedir o crime. O soldado foi morto porque teria prendido bandidos aliados a um grupo de PMs envolvido em crimes.

-Em outubro de 2006, a Polícia Civil indiciou 11 PMs por participação no crime, além de outros cinco homens. Três seriam os executores – dois deles estão entre os réus ainda não julgados. Dois meses depois, o Ministério Público denunciou o grupo à 1ª Vara do Júri.

-Um dos acusados de mandar matar Iuri, Marcelo Camargo Machado, o Coelho, foi preso em janeiro de 2007. Dois dias depois, foi encontrado enforcado na Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas, sob controle de PMs.

-Os 11 policiais suspeitos foram julgados pela Justiça Militar e absolvidos por unanimidade em abril de 2007. Não haveria provas de que cometeram crimes passíveis de punição pelo Tribunal Militar.

-Mesmo inocentados na esfera militar, sete PMs viraram réus com outros quatro criminosos na 1ª Vara do Júri. Dos policiais, apenas dois seguem na Brigada Militar, dois se aposentaram e três foram exonerados (por motivos diversos não informados pela BM, mas sem ligação com a morte de Iuri).

Banco dos réus

Cinco PMs e três homens serão julgados em separado pela morte do soldado Iuri. A data ainda não foi definida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário