FOLHA.COM 15/05/2014 11h37
'Vou manter a segurança, custe o que custar', diz governador de PE
CRISTINA CAMARGO
Em meio à paralisação dos policiais militares e de saques em diferentes pontos da Grande Recife, o governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSB), afirmou nesta quinta-feira (15) que vai manter a ordem no Estado "custe o que custar". A afirmação foi feita durante entrevista de 15 minutos à Rádio Jornal, do Recife.
A menos de um mês da Copa, Lyra enfrenta uma greve da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Homens da Força Nacional de Segurança já estão na capital, e tropas do Exército devem desembarcar a qualquer momento.
Lyra disse que as negociações com os PMs foram feitas e não houve recusa ao diálogo por parte do governo. Para ele, alguns dos líderes grevistas quebraram acordo que havia sido feito com o governo durante a negociação.
Ainda durante a entrevista, o governador disse que, enquanto a paralisação persistir, o Exército e a Força Nacional vão comandar a segurança no Estado. "Lamento profundamente que pseudos líderes façam com que Pernambuco passe por essa situação", disse Lyra.
Na quarta-feira (14), Lyra Neto manteve a decisão de reajustar os salários dos PMs e bombeiros militares em 14,55% a partir de junho. Ele diz ser impossível conceder os reajustes de 50% para praças e 30% para oficiais, como querem os grevistas. O governador argumenta que a legislação eleitoral não permite a concessão de benefícios no período de 180 dias antes da eleição.
Pelo mesmo motivo, ele disse também que não pode conceder o reajuste no vale-refeição. A categoria exige aumento de de R$ 154 para R$ 500 no benefício. Segundo o governo de Pernambuco, as administrações de São Paulo e Bahia também concederam os reajustes antes do prazo estabelecido pela lei.
O governo pernambucano se comprometeu a atender outros pontos reivindicados como melhorias no hospital da PM, incorporação da gratificação por "atividade de risco operacional" ao salário, quando militar for para reserva, e ajustes dos critérios de promoção por meio de uma comissão formada por membros indicados pelos militares, representantes do Legislativo e do Executivo até 30 de julho.
Editoria de Arte/Folhapress
"PEDIDO DE AJUDA"
O governador de Pernambuco telefonou na quarta-feira (14) para seus colegas de São Paulo e da Bahia para entender como eles fizeram para por fim a paralisações de PMs em seus Estados. Lyra consultou Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Jaques Wagner (PT-BA). O governador paulista enfrentou ameaça de greve em outubro do ano passado e ofereceu reajuste de 7% para a categoria.
Já o governador baiano enfrentou três dias de greve em abril deste ano. A paralisação só terminou depois que o governo concedeu aumento da Gratificação por Condições Especiais de Trabalho (CET) dos praças na proporção de 25% para as funções administrativas, 45% para as operacionais, 65% para os motoristas e Regime de Tempo Integral (RTI) para os oficiais, com atualização da lei.
Na região metropolitana do Recife, ao menos sete homicídios ocorreram entre a noite de ontem e a madrugada desta quinta-feira (15) em um intervalo de sete horas. De acordo com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da capital pernambucana, os assassinatos ocorreram entre 18h de quarta e 1h de hoje, em locais diversos.
No mesmo período, uma onda de saques realizada na região resultou na detenção de ao menos oito adultos e três adolescentes. Um dia após a onda de arrastões e saques a lojas e caminhões em Abreu e Lima, na Grande Recife, as agências bancárias do município decidiram não abrir as portas nesta quinta. Estão fechadas agências de Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú e Bradesco.
As agências bancárias ficam na BR-101 Norte, que cruza Abreu e Lima, a cerca de 500 metros do local onde ocorreu a maioria dos saques. A informação sobre o fechamento das agências foi dada à Folha pelos gerentes das agências. Nenhum deles, porém, quis dar entrevista.
Greve da PM em Pernambuco
Após saques na cidade, agências bancárias de Abreu e Lima (Grande Recife) fecharam as portas nesta quinta-feira (15), em meio à greve dos policiais militares do Estado
GREVE ILEGAL
A Justiça de Pernambuco já declarou ilegal a greve e estabeleceu multa diária de R$ 100 mil para associações e movimentos militares.
"O governo continua aberto ao diálogo. Agora, antes de tudo, tenho a decisão e vou manter, custe o que custar, a segurança do povo pernambucano. Essa é a minha obrigação e o desejo do povo de Pernambuco", afirmou Lyra.
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