ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

NNEM TODOS OS CRIMES TÊM PROVAS OU PRISÕES

 
ZERO HORA 23 de outubro de 2012 | N° 17231

ENTREVISTA. “Nem todos os crimes têm provas ou prisões”


Joseph Blozis, Detetive americano especializado em cena do crime



Joseph Blozis trabalhou por 29 anos no Departamento de Polícia de Nova York, onde investigou mais de 2,5 mil cenas de crime e ao menos mil homicídios. Já foi assediado pelos produtores do seriado CSI, ao qual prestou consultorias esporádicas. Confira trechos da entrevista com o detetive-sargento aposentado, durante almoço ontem na PUCRS:

Zero Hora – O programa de TV CSI o chamou para ser consultor da série. Como foi isso?

Joseph Blozis – Fiquei bem honrado, mas não estava pronto para sair da polícia. E com pesar tive de dizer: “Não, obrigado”. Mas tivemos encontros para discutir meu envolvimento posterior com o programa. Presto consultoria esporádica, sem contrato.

ZH – O programa é realístico?

Blozis – Os procedimentos são reais, mas os resultados não. No CSI, eles conseguem resolver quatro crimes em 40 minutos. Isso não acontece no mundo real. Eles conseguem o resultado de um exame toxicológico em uma hora. Na realidade, leva semanas.

ZH – É possível dizer que não existe crime perfeito?

Blozis – Você não vai ver isso no CSI, porque eles têm de resolver tudo. Mas nem todos os crimes têm provas ou prisões. Há crimes difíceis que continuam não solucionados, tanto aqui quanto em Nova York. É o que chamamos de cold cases.

ZH – Quais as diferenças entre o trabalho do perito aqui e nos EUA?

Blozis – O trabalho de um investigador forense está dentro da Polícia de Nova York, no departamento de detetives. Somos policiais, e quando há um homicídio os investigadores ficam no comando, e damos apoio a eles. Temos uma equipe especializada e a tecnologia adequada para prover o apoio. No Brasil, eu só conheci o trabalho da polícia de São Paulo. Fiquei positivamente surpreso com o que desenvolvem.

ZH – Você participou da investigação do atentado de 11 de Setembro? Qual foi o trabalho da perícia?

Blozis – O trabalho, não só no primeiro momento mas também nos dias seguintes, não foi forense. Entramos para salvar as pessoas. A investigação de fato começou dias depois.

ZH – E como foi esse trabalho?

Blozis – Quando constatamos que não conseguiríamos resgatar mais ninguém, concentramos esforços na retirada de restos mortais. Decidimos usar fotografias e localizações de GPS para documentar tudo. A maior parte das identificações foi feita a partir de DNA. Outra parte, por arcada dentária, tatuagens etc.

ZH – Há uma ideia do número de vítimas identificadas por DNA?

Blozis – Das quase 3 mil vítimas, um terço jamais será identificada. Esperamos que com o avanço da tecnologia de DNA possamos chegar a 70% de identificação. E essa tecnologia continua avançando todos os dias. Tanto que uma vítima foi identificada na semana passada.

ZH – Como amostras de DNA são armazenadas para testes?

Blozis – Precisamos de amostras conhecidas para fazer comparações. As famílias enviaram roupas, escovas de dente, pentes. Depois, analisamos o material para criar um perfil. As amostras desconhecidas foram armazenadas no laboratório. Havia no local 20 mil fragmentos humanos.

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