ZERO HORA 23 de outubro de 2012 | N° 17231
O HOMEM DA CENA DO CRIME
KAMILA ALMEIDA
Com formação no FBI e experiência de quase três décadas na Polícia de Nova York, detetive americano está em Porto Alegre para explicar como o trabalho da perícia e o isolamento adequado do local de um crime pode ajudar os investigadores a prender criminosos
Nem tão rápida como a solução de um crime no seriado CSI, nem tão arrastadas como as investigações criminais no Brasil. Este é o meio termo que a polícia busca alcançar. Para ajudar a entender como o trabalho de perícia pode ser mais veloz, o detetive-sargento aposentado do Departamento de Polícia de Nova York Joseph Blozis, 58 anos, foi convidado a palestrar em Porto Alegre.
Formado no FBI (a polícia federal dos EUA) Blozis comandou as investigações no 11 de Setembro e lembra o quanto foi importante o uso do DNA no trágico episódio. A partir do atentado, a técnica passou a ser usada para tentar elucidar até crimes contra o patrimônio.
– Hoje utilizamos DNA em quase todos os nossos casos. Em 2001, era usado apenas em crimes sexuais e violentos. A coleta de DNA é agora parte do nosso padrão na investigação da cena do crime – disse Blozis.
No Brasil, apesar de a polícia estar equipada com tecnologia para investigação de material biológico, o uso do banco de DNA ainda é limitado. Em maio, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que prevê a obrigatoriedade dos condenados por crime hediondo a fornecerem material biológico para abastecer o banco de dados. A medida deve começar a valer a partir do mês que vem.
A prática de comparação de material genético tornou-se familiar do público pela série americana CSI. Blozis conhece bem os bastidores do programa. Com suas credenciais, foi convidado a integrar o núcleo de consultores da produção. Preferiu seguir com a profissão de detetive. Mas ajuda esporadicamente os autores da série solucionando dúvidas.
Para Adilson Pereira, diretor do Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, órgão que impressionou Blozis, a perícia brasileira já tem o aparato tecnológico exibido na ficção, mas faltam instrumentos legais para levar as investigações adiante com maior rapidez.
– Nos EUA, eles abordam o conceito da prova pericial de maneira diferente. Se o juiz decretar que um suspeito tem que ceder material, mesmo que a força é retirado material dele. Aqui isso não acontece. Lá, a perícia criminal participa da investigação – afirmou Pereira.
Ontem, Blozis ministrou curso na Faculdade de Biociências das PUCRS pela manhã. À tarde, deu instruções de preservação de local de um assassinato, em Viamão. Na prática, os alunos entenderam de que forma a área isolada pode ser melhor explorada para garantir o sucesso da apuração de crime. O curso será repetido hoje, apenas para os peritos do Estado. Na quinta-feira, Blozis participará de um seminário promovido pelo Sindicato dos Peritos Oficiais da Área Criminal do Estado, que ocorre no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, de amanhã a sexta-feira.
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