A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
ALTA TENSÃO
28 de Outubro de 2012 07:36
Correio do Povo
Oscar Bessi Filho
Sobreviva a uma pressão destas. Em São Paulo, mais um Salve Geral decretado. E pode se espalhar pelo país, já que uma das poucas desorganizações organizadas que conhecemos é o PCC, com a eficiência dos que não dependem de burocracias e limites legais para proliferar. Igual vírus. Presos perdem mordomias, são transferidos de cadeia, morre um de seus parceiros de crime em confronto com a polícia, aí deu. Expedem ordens para que policiais sejam assassinados. Qualquer um. Civil ou PM. De folga ou de serviço. Pode ser na frente dos filhos, tanto faz. Tudo ficará por isto mesmo. Só se importará de verdade a família daquele cidadão, ou cidadã, que um dia fez concurso público, estudou, superou candidatos e decidiu dedicar sua vida à proteção das demais.
É só mais um ingrediente de alta voltagem na profissão policial. Quem vive esta rotina sabe o que digo. É preciso dormir com pelo menos um olho aberto. E andar de mãos dadas com a tensão, que o relaxamento pode custar caro. Amadorismo policial é suicídio. Onde está o inimigo das ruas? Quem é quem, antes que aconteça algo? É preciso estar com o desconfiômetro ligado e em plena carga. Eles, os bandidos? Sabem. E muito bem. Não fazem mais nada fora estudar seus alvos. E policiais honestos são alvo por serem honestos, pedras no sapato, já os desonestos pela lógica infalível de que se meter com o lado de lá é acabar mal. Sempre. Mais cedo ou mais tarde.
Dia desses, a Soldado Caroline Evangelista, formada em Enfermagem e hoje atuando no Hospital da BM, me enviou gentilmente seu trabalho de conclusão da faculdade. Li numa sentada. É um estudo sobre estresse e qualidade de vida dos PM. Deveria se tornar manual, guia de governos. Entender o cotidiano de profissionais que lidam diuturnamente com os extremos de serem taxados como heróis ou monstros, seja pela imprensa, população ou sua própria chefia, é fundamental. Policiais são executados. Policiais fazem bico para ter uma renda decente. E, sim, há corrupção das mais diversas formas. A realidade precisa ser considerada. A partir do estudo, porém, verifica-se a importância do bem-estar e a saúde do indivíduo no trabalho, já que é nele se passa a maior parte do tempo. A qualidade de vida está diretamente relacionada com as necessidades e expectativas humanas e com a respectiva satisfação desta. Perspectiva, autoestima, relações saudáveis e harmônicas. Isto requer investimento forte e interesse. Condições de trabalho. Amparo legal. É barato? Não. Mas estes profissionais estão sendo ameaçados a todo instante. Estão tensos, precisam de apoio. E são eles que protegem os nossos filhos. Que tal?
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