A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sábado, 6 de outubro de 2012
MAIS UMA RUSGA
ZERO HORA 06 de outubro de 2012 | N° 17214
Medida da BM causa novo mal-estar com Polícia Civil. Ordem de serviço orienta policiais militares a não conduzir vítimas de roubo ou furto a delegacias
FRANCISCO AMORIM
Uma ordem de serviço da Brigada Militar (BM) reacendeu o debate sobre os limites e as atribuições das polícias Militar e Civil. De agosto passado, o documento do 11º Batalhão de Polícia Militar orienta os PMs do policiamento ostensivo a não conduzir as vítimas de roubo e furto para as delegacias, incumbindo-os da função de registro da ocorrência. Para a Polícia Civil, a orientação prejudica a investigação dos crimes.
Oofício estabelece que fica “expressamente vedado o encaminhamento às delegacias nos casos em que o policial no local possa confeccionar a documentação pertinente à demanda”. Na prática, a vítima volta para casa sem uma cópia da ocorrência, apesar de o documento ter sido preenchido no local. Se desejar, terá de ir até o cartório do batalhão para solicitar uma via do registro.
– Podemos registrar todas as ocorrências, fazer o ciclo completo, exceto em questões envolvendo adolescentes e idosos ou flagrantes. Por enquanto. Não vou passar para outra polícia algo que posso fazer. Depois de o registro no local, o PM tem de avisar o quartel para que possa de imediato colocar as informações no sistema. Em caso de o batalhão não dispor do sistema, o PM tem de registrar na DP em caso de roubo de veículos, além do alerta no rádio – argumentou o comandante de Policiamento da Capital, coronel Alfeu Freitas.
A determinação aos PMs que estão nas ruas é vista com ressalvas pelo delegado Cleber Ferreira, diretor da Delegacia Regional da Polícia Federal de Porto Alegre. Segundo ele, as vítimas devem sempre ser encaminhadas aos distritos policiais e não aos batalhões. A ordem de serviço da Brigada, na visão dele, atrapalharia o trabalho de sua corporação.
– Depois de ocorrido o crime, a investigação é responsabilidade da Polícia Civil. Por isso é na delegacia que tem de ser registrada, o mais rápido possível, a ocorrência.
Se vítima preferir Polícia Civil, terá de dar uma justificativa
A mesma ordem de serviço determina ainda que, no caso de a vítima preferir registrar a ocorrência na Polícia Civil, ela terá de se justificar. Isso porque o PM que atender ao caso é obrigado a preencher um “Relatório de Recusa de Registro”, onde deve constar a assinatura da vítima, com sua justificativa. O procedimento causa, no mínimo, desconforto. De um lado o PM que tem de voltar para o quartel com o relatório assinado e, de outro, a vítima constrangida em ter de explicar por que prefere o registro na Polícia Civil.
– Ninguém é obrigado a assinar esse relatório. Não se incorre em crime, pois não há legislação que determine que alguém deva assinar um relatório interno da Brigada – esclareceu o delegado.
Conforme o coronel Freitas, o relatório tem como objetivo evitar que PMs deixem de registrar ocorrências. O oficial descartou a obrigatoriedade da assinatura e orientou o comando do batalhão a reformular a portaria, para que fique claro que a assinatura do relatório pela vítima é opcional:
– Essas ordens não podem deixar espaço para dúvidas sob o risco de mal-entendidos.
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