R7 NOTÍCIAS - 11/10/2012 às 11h51:
Série de ataques já matou 79 policiais militares neste ano e mudou rotina deles
Edu Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo
PM
à paisana foi morto dentro de um posto de gasolina em Taboão da Serra,
Grande São Paulo, no final da noite desta segunda-feira
A série
de ataques que já matou 79 policiais militares neste ano transformou a
rotina dos integrantes da corporação. PMs que moram na periferia de São
Paulo já fazem comboios para não serem pegos sozinhos pelos criminosos
na volta para casa. E há até quem fale em um "código vermelho", que
prevê a morte de dez bandidos para cada PM assassinado. Mudar de cidade é
outra alternativa que vem sendo cogitada por alguns.
O sargento Nelson José de Brito, de 49 anos, disse que a melhor opção hoje é andar em grupo.
— Policiais que moram nas zonas leste e sul se juntam e vão de moto ou mesmo de carro para se precaver.
Ele
trabalha na região do Jardim Ângela, na zona sul, no 37.° Batalhão da
PM — onde atuava o soldado Hélio Miguel Barros, de 36 anos, assassinado na segunda-feira em Taboão da Serra.
Com 29 anos de profissão, o sargento Brito toma precauções antes de voltar para casa, no Capão Redondo.
— Ligo para minha mulher para saber se há algum estranho rondando.
No entanto, ele se recusa a tirar a farda na volta do trabalho.
— Acho isso um constrangimento.
Outros na região, como um soldado de 30 anos —, porém, não veem o menor problema em guardar a farda na bolsa.
— Mesmo com as pessoas sabendo que sou policial, é bom evitar que fiquem me "ganhando" na volta para casa.
Ele
trabalha na zona sul e prefere pagar o ônibus — policiais têm o
benefício de usar o transporte público gratuitamente desde que estejam
uniformizados — a evitar exposição.
Alguns encontram saídas
mais radicais: um PM da região do Campo Limpo, na zona sul, planeja
deixar o Estado por causa da insegurança. E o medo também chegou aos
policiais civis. Um investigador de Taboão da Serra, na Grande São
Paulo, cidade que foi cenário de cinco mortes depois do assassinato do
soldado Hélio Barros, evita fazer os mesmos caminhos.
— Estou usando o carro da minha mulher. Os ladrões só estão matando quem fica vacilando.
Alerta
O
capitão Evanilson Souza, do 37º BPM, afirma que o soldado Hélio Miguel
Barros é o segundo morto por criminosos na região. Em julho, foi
assassinado no bairro o soldado Paulo César Lopes Carvalho.
— Isso não gera um revanchismo, mas uma sensação de alerta.
Nem
todos, porém, pensam assim. Um soldado da zona leste afirma que os
praças da PM estão em "código vermelho". Ele explica a principal regra
do código.
— Para cada PM morto, é para matar dez, fazer
chacina. Nosso ditado é que o Romão [Gomes, presídio da PM] tem duas
portas, uma de entrada e uma de saída. O caixão tem apenas de entrada.
Segundo ele, os policiais estão levantando endereços de criminosos ligados a facções criminosas em seus bairros.
— Se me matarem, já vão saber que é para zerar fulano, sicrano e beltrano.
Segundo ele, as mortes seriam uma maneira de "fazer os bandidos verem que não vale a pena matar PM".
Terror
Recém-eleito
vereador de São Paulo, o capitão da reserva Conte Lopes diz que os
policiais estão aterrorizados. Ele atuava na Rota.
—Eu peço
socorro ao governador... Não podemos estar nessa situação. Os caras
matando policial na frente dos filhos, da mulher, e está normal?
Nas redes sociais, PMs têm protestado pedindo segurança.
Uma das imagens divulgadas mostra o símbolo da corporação manchado de
sangue, com os dizeres: "Desde janeiro, policiais militares estão sendo
assassinados. Basta!" Outros protestos usam fotos do governador Geraldo
Alckmin (PSDB) e do secretário da Segurança Pública e cobram solução
para o problema. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
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