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terça-feira, 23 de outubro de 2012

EM 2011, CONSULTOR DO CSI ELOGIOU POLÍCIA BRASILEIRA

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Do UOL Notícias 04/07/2011 - 15:46

Consultor do C.S.I. elogia polícia brasileira e diz que DNA é melhor forma de não condenar inocentes 

Andréia Martins

O americano Joseph Blozis conhece, tanto na prática quando na ficção, os detalhes da investigação forense. Os anos dedicados à perícia com mais de 2,5 mil casos investigados lhe renderam além do cargo de diretor da área na polícia de Nova York, o posto de consultor – e até de ator -- da série norte-americana CSI (Crime Scene Investigation), que mostra o trabalho dos peritos na cena do crime.

Blozis está em São Paulo desde quinta-feira (30) onde ministrou um curso na Polícia Civil do Estado e participou, neste sábado (2), de um congresso de jornalismo investigativo. Em ambos defendeu o uso do DNA como evidência fundamental nas investigações, especialmente quando se trata de um crime sexual. “É a melhor forma de evitar a condenação de inocentes”, disse.

Para ele, o Brasil deve seguir o exemplo norte-americano de coletar o DNA dos condenados e organizá-los em um banco de dados, assim como ocorre com as impressões digitais.

Em entrevista ao UOL Notícias Blozis falou sobre suas impressões da polícia forense brasileira, das séries de TV e também sobre os atentados de 11 de setembro de 2001: “Nós nunca esqueceremos”.

Essa é a sua primeira visita ao Brasil. O que você conhecia da polícia científica brasileira?
Joe Blozis: Eu não conhecia muito sobre a polícia brasileira. Meus amigos que já estiveram aqui me disseram apenas que eu adoraria o país, as pessoas, o clima. E estou gostando muito.

Você está desde quinta-feira em São Paulo, onde ministrou um curso na polícia. Quais foram as suas impressões da polícia forense brasileira?

Na minha chegada fui apresentado a Celso Perioli (superintendente da polícia científica de São Paulo), que me mostrou o trabalho da polícia científica, os procedimentos das investigações. Achei os laboratórios fantásticos e fiquei muito impressionado. A principal diferença é que, nos EUA, recolhemos evidências de DNA em todos os locais de crime. Esperamos que isso se torne uma realidade também no Brasil.

Quais dicas você daria à polícia forense brasileira?

A primeira seria transformar o DNA em uma evidência valiosa. A segunda, não pressionar demais peritos, para que eles possam ter tempo de obter todas as pistas possíveis das cenas de um crime, e atentar para a preservação da cena. Em alguns casos, tudo o que você tem é um pedaço de um material genético, então, se a cena é comprometida por outras pessoas você pode perder todo o caso.

Quais são os crimes brasileiros mais famosos nos Estados Unidos?

Não poderia lembrar de todos. Mas o que mais me chamou atenção ultimamente é o caso da queda do avião [acidente com o vôo 447, da Air France, em 2009, que matou 228 pessoas]. Também tenho lido muito sobre as olimpíadas, mas isso não é um crime (risos).

Um levantamento do Ministério Público de São Paulo, reunindo casos entre 2002 e 2009, mostrou que 95% dos crimes ficam impunes. Qual a relevância do uso do DNA, por exemplo, para reverter esse número?

É fundamental. Acredito que você possa reduzir crimes, prevenir crimes e salvar vidas se ele [DNA] for usado de forma apropriada, o que significa coletar todas as provas forenses da cena, mas e depois? Só é eficiente se o seu banco de dados for eficiente. Aqui eu soube que os sistemas não são ligados entre os Estados... Com isso você pode impedir que crimes sejam cometidos por todo o país. O DNA permite três coisas poderosas: evitar a condenação de inocentes, chegar ao criminoso e ligar as cenas do crime.

Você chefiou a perícia no World Trade Center, em Nova York, após os atentados de 11 de setembro de 2001. Foi a pior cena do crime que você viu em toda a sua carreira?

Até hoje é como um pesadelo para mim. Trabalhei exaustivamente. Foi uma tragédia, a maior cena de crime do mundo. Foram três mil homicídios de uma vez.

Qual o trabalho da polícia forense em uma situação como essa? Por onde começar?

Nos primeiros dias não houve trabalho da perícia. O que fizemos foi realizar buscas. Queríamos resgatar o maior número possível de pessoas que foram soterradas e ainda estavam vivas. Poucas pessoas foram resgatadas. No oitavo dia iniciamos o isolamento da cena e começamos o trabalho. Primeiro, resgatamos pedaços de corpos e qualquer rastro das bombas ou armas usadas nos ataques.

Dez anos depois, qual a sensação de passar por aquele local?

A última vez que estive lá foi no dia 2 de maio, quando Osama Bin Laden foi morto. E lá, eu voltei no tempo. Ao longo dos anos, eu percebi que o local foi transformado em um circo pela mídia e em uma atração turística. Há dez anos era um lugar sagrado. Nós perdemos três mil americanos, 345 bombeiros, 60 policiais, desses, seis eram meus amigos. Não gosto de ver as pessoas vendendo souvenirs no local ou pessoas tirando fotos como turistas. Jornalistas entrevistam jovens que, na época, estavam aprendendo a andar. Ou seja, o que eles têm a dizer? Mas estou otimista com a reconstrução. Vamos mostrar ao mundo que nós estamos bem, mas não esqueceremos.

Qual foi o maior erro que as séries de TV sobre a investigação forense já cometeram?

Não assisto muito aos programas. Mas quando vejo, percebo que o vocabulário usado na TV é bem fiel à que usamos, assim como o procedimento. Mas nada é tão rápido como eles mostram. Eles têm resultados instantâneos. Um crime é resolvido em 40 minutos, ainda com intervalos comerciais.

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